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Suplente de Juscelino Filho exonera da Câmara piloto de avião e amigo do ministro

O parlamentar demitiu Leumas Rendder Campos Figueiredo, piloto do avião de Juscelino que recebia R$ 15 mil mensais da Câmara, e Juvaldi Bastos Júnior, amigo do ministro das Comunicações, com salário de R$ 1,4 mil. - Isac Nóbrega / MCom
O parlamentar demitiu Leumas Rendder Campos Figueiredo, piloto do avião de Juscelino que recebia R$ 15 mil mensais da Câmara, e Juvaldi Bastos Júnior, amigo do ministro das Comunicações, com salário de R$ 1,4 mil. Imagem: Isac Nóbrega / MCom

Tácio Lorran, Julia Affonso, Vinícius Valfré e Daniel Weterman

Em Brasília

28/04/2023 12h30

O deputado federal Dr. Benjamin (União-MA) exonerou de seu gabinete na Câmara dos Deputados duas pessoas ligadas ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), após o Estadão revelar indícios de mau uso do dinheiro público.

O parlamentar demitiu Leumas Rendder Campos Figueiredo, piloto do avião de Juscelino que recebia R$ 15 mil mensais da Câmara, e Juvaldi Bastos Júnior, amigo do ministro das Comunicações, com salário de R$ 1,4 mil. As decisões foram publicadas no Diário Oficial da União nos últimos dias 17 e 24 de abril.

Benjamin foi eleito em 2022 como suplente de deputado federal e assumiu logo em fevereiro deste ano a vaga deixada por Juscelino, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da SIlva para chefiar o Ministério das Comunicações. Mais da metade do gabinete do suplente é formada por ex-assessores e ex-secretários de Juscelino. Apesar de ter exonerado Leumas e Juvaldi, Benjamin mantém como funcionários Klennyo Jonnes Barbosa Ribeiro, gerente do haras do ministro das Comunicações, e Vanuza Silva Mendes, apontada como secretária do ex-senador Roberth Bringel, tio de Juscelino.

Procurado, o deputado maranhense não se manifestou.

Conforme mostrou o Estadão, Leumas foi contrato como secretário parlamentar de Juscelino em novembro de 2018, após prestar serviço para ele na campanha daquele ano. Ele seguiu contratado no gabinete do suplente. Documentos mostram que o funcionário pilota a aeronave do atual ministro das Comunicações, que é dono de um bimotor Piper PA-34-220T Seneca V. Em suas redes sociais, ele se define como "pilot", que é piloto em inglês. Não há qualquer referência ao trabalho como assessor parlamentar. "Eu não devo satisfação da minha vida para ninguém", disse Leumas ao Estadão, após ser instado a detalhar seu trabalho no gabinete do dr Benjamin.

Depois da reportagem, a Câmara dos Deputados abriu uma investigação para apurar possível fraude na nomeação de Leumas. Além das suspeitas de ele ser pago com dinheiro público para fins privados, o piloto é sócio-administrador de duas empresas sediadas em São Luís no ramo de escola de aviação e transporte de malotes, o que é proibido pelo regramento do Legislativo.

Já Juvaldi é amigo de Juscelino há mais de dez anos. O funcionário acumula fotos em suas redes sociais com o ministro das Comunicações. "Parabéns, você merece muito esse diploma. Tenho certeza que honrará os 84.000 votos. Deus te ilumine, meu amigo", escreveu Juvaldi, em dezembro de 2014, após Juscelino ser eleito pela primeira vez como deputado federal.

'Faz-tudo' do tio

O Estadão revelou ainda que Juscelino contratou com dinheiro público o "faz-tudo" de fazendas de sua família, no interior do Maranhão. O motorista Waldênor Alves Catarino trabalhou por quase uma década com o ex-senador Roberth Bringel, tio do ministro, sendo pago pela Câmara dos Deputados. O funcionário estava nomeado como assessor parlamentar de Juscelino, mas sequer falava com ele.

Em entrevista exclusiva à reportagem, Waldênor detalhou o esquema. "Era assim, ó: eu era lotado aí na Câmara Federal e trabalhava aqui para o tio dele na fazenda", afirmou. "Eu fazia tudo, trabalhava num caminhão. Levava óleo para trator, instalando estaca na fazenda, fazia tudo…", acrescentou.

Waldênor foi nomeado como secretário parlamentar de Juscelino em outubro de 2015. A contratação irregular chegou ao fim somente em maio de 2022. Por todo esse período, ele recebeu mais de R$ 170 mil. Juscelino foi procurado para explicar a situação de Waldênor, mas nunca respondeu.