Vereador é indiciado por fazer som de macaco em discussão com colega na Câmara
Em São Paulo
15/01/2024 18h16Atualizada em 15/01/2024 18h37
O vereador Lincon Albuquerque (Cidadania) foi indiciado pela Polícia Civil de Goiás por injúria racial contra um colega negro.
A decisão é do delegado responsável José Antonio Sena e foi confirmada ao Estadão pela corporação, que informou que o inquérito foi remetido ao fórum na última sexta-feira (12).
Cabe agora ao Ministério Público de Goiás (MPGO) decidir se denuncia o vereador ou pede que o caso seja arquivado.
O crime de injúria racial é previsto na Constituição e tem pena prevista de dois a cinco anos de reclusão e multa. O parlamentar nega o crime e diz que se defenderá na Justiça.
O caso ocorreu em novembro de 2023, durante sessão plenária na Câmara Municipal de Planaltina (GO), a 259 quilômetros da capital goiana e a uma hora do Distrito Federal. Albuquerque fez sons de macaco ao discutir com o colega Carlim Imperador (PROS). O vereador nega que a intenção tenha sido imitar o animal.
No relatório, de acordo com o portal Metrópoles, o delegado da 11ª Delegacia Regional de Polícia descreve que o vereador "gesticula com as mãos próximas ao ouvido, fazendo sinais de abrir e fechar os dedos, o presidente se manifesta pedindo para que os dois se acalmem e, logo após, Lincon profere guinchos com a boca, reproduzindo sons que imitam um macaco".
Procurado pelo Estadão, o vereador Lincon Albuquerque disse que já esperava o indiciamento, mas que acredita que a investigação e o devido processo legal são importantes para que ele possa se defender. Nem ele, nem o advogado, já foram notificados sobre o resultado da investigação.
"No meu entendimento, tenho que fazer minha defesa. O delegado agiu corretamente, esse é um tema que precisa ser tratado com muito carinho", disse, referindo-se a acusação de injúria racial.
O Estadão procurou a Câmara Municipal de Planaltina e Carlim Imperador, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
Relembre o caso
Os vereadores Professor Lincon (Cidadania) e Carlim Imperador (Pros) se envolveram em uma discussão durante a votação de uma proposta para implantar uma loteria na Prefeitura de Planaltina.
Outro vereador tenta acalmar a briga, mas Carlim, que é negro, continua discutindo. Lincon permanece em silêncio por alguns segundos, fazendo gestos com a mão indicando que o colega estaria falando demais.
De repente, professor Lincon começa a emitir sons similares aos de um macaco. Depois, a votação continuou normalmente.
O vereador disse em vídeo publicado em rede social que está extremamente constrangido e ofendido. "É inconcebível que parta de um parlamentar, um professor, esse tipo de ofensa. Ele não pode em hipótese alguma fazer uma barbaridade como essa", declarou.
O partido do professor Lincon, Cidadania, afirmou em nota que repudia a atitude do vereador e pede que a direção municipal se posicione a respeito. "Nunca aceitaremos que ataques raciais sejam promovidos por membros de nossa legenda, seja por que motivo for", finaliza.