Deputados pedem processo criminal contra Salles por exaltação à tentativa de golpe na Bolívia

Após elogiar a tentativa de golpe militar na Bolívia, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), virou alvo de uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR).

O ofício é assinado por Fernanda Melchionna, Sâmia Bomfim e Glauber Braga, da bancada do PSOL na Câmara, e pede a abertura de um inquérito criminal contra o ex-ministro, além do afastamento do mandato de deputado federal.

Na quarta-feira, 26, uma tentativa de golpe de Estado fracassou na Bolívia. Militares invadiram a sede do governo do país vizinho, mas a conspiração foi desmobilizada. Em seu perfil no X (antigo Twitter), Salles fez uma publicação elogiosa ao movimento golpista. "En Bolívia las 'melancias' tienen cojones", escreveu o deputado federal, simulando uma grafia em espanhol que, em tradução literal, significa: "Na Bolívia, as 'melancias' tem culhões".

A grafia do ex-ministro está incorreta, pois "melancia", em espanhol, se traduz como "sandía". De qualquer forma, "melancia" é um termo jocoso para se referir a militares que, sob a farda verde, são "vermelhos" por dentro, ou seja, afeitos a ideias de esquerda.

Na representação da PGR, os parlamentares do PSOL afirmam que Salles cometeu "incitação ao crime". "Exaltando o rompimento da ordem constitucional democrática", diz o pedido, "o representado (Ricardo Salles) atenta gravemente contra princípios fundamentais ao Estado de Direito, atentando contra o próprio regime democrático".

Nota-se claramente que o parlamentar (Ricardo Salles) comemora a tentativa de golpe de Estado ocorrida no país vizinho, além de demonstrar claramente sua frustração com o fato de o Exército brasileiro não ter feito o mesmo no Brasil.

Representação do PSOL à PGR

Em paralelo, Glauber Braga afirmou, no X, que protocolará um pedido de cassação contra Salles no Conselho de Ética da Câmara. "Até quando deputados golpistas não serão responsabilizados?", escreveu Braga.