Carlos Bolsonaro critica Marçal por 'passar pano' para áudios vazados do gabinete de Moraes

O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL) criticou o ex-coach Pablo Marçal, candidato do PRTB a prefeito de São Paulo, por "passar pano" ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta quarta-feira, 14. Pela madrugada, Marçal criticou a repercussão de conversas entre um juiz auxiliar de Moraes e um funcionário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que evidenciou o uso da Corte Eleitoral, fora do rito, para embasar investigações contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Antes de mais nada, votem em quem quiser. Por fim, é sério que o mais novo direitista está parecendo dar aquela passada de pano pro ministro depois de tudo que esse senhor fez e continua fazendo, mesmo agora diante de fatos expostos? Pegaram esse código?", afirmou Carlos Bolsonaro em um story no Instagram.

De acordo com o candidato do PRTB à Prefeitura, a repercussão das conversas entre o auxiliar de Moraes e um perito do TSE, reveladas pelo jornal Folha de S.Paulo, o "deixaram com um pé atrás". Sem apresentar provas, Marçal afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer trocar Moraes, que foi indicado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) em 2017, por um novo magistrado.

"Observando a arquitetura da ação massiva contra Moraes, a denúncia da Foice de São Paulo (sic), a explosão pela Globo e um impeachment pelo Senado vindo daqui algumas horas. O que resta pensar? Lula está trocando o indicado de Temer e colocando um novo nome no STF e ninguém tá percebendo! A situação tá ruim de qualquer jeito, mas o apoio da mídia me deixa um pouco com o pé atrás. Pegaram esse código?", afirmou Marçal.

Moraes pediu relatórios e ajustes para embasar decisões contra bolsonaristas

Nesta terça-feira, 13, a Folha mostrou que a equipe de Moraes pediu constantemente a um setor responsável pela investigação de desinformações do TSE a produção de relatórios para embasar relatórios contra bolsonaristas que estão sendo investigados no inquérito das fake news e no das milícias digitais. Há um fluxo fora do rito, com a Corte Eleitoral sendo utilizada para nutrir o STF.

Em áudios trocados por Airton Vieira, juiz instrutor de Moraes, e Eduardo Tagliaferro, que comandava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE, Vieira pede que os relatórios tenham como origem a Corte Eleitoral e não o STF, mesmo com os pedidos de Moraes via WhatsApp.

As redes sociais em questão eram a do blogueiro Paulo Figueiredo Filho e o comentarista político Rodrigo Constantino. Os dois são conhecidos por apoiarem o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na troca de mensagens, Tagliaferro envia para Vieira uma primeira versão de relatório. O juiz instrutor responde o perito com outras publicações e explica que o pedido de incrementação partiu do próprio ministro do STF.

Um servidor do TSE respondeu Vieira declarando que o conteúdo do primeiro relatório já era suficiente, mas que as alterações solicitadas por Moraes seriam feitas.

De acordo com o jornal, o relatório da AEED originou duas decisões de Moraes contra Figueiredo Filho e Rodrigo Constantino. O magistrado ordenou a quebra de sigilo bancário, bloqueio de redes sociais e intimações para depoimento na Polícia Federal (PF).

Em nota, o gabinete de Moraes afirmou que, no curso dos inquéritos, fez solicitações a inúmeros órgãos, incluindo o TSE. Segundo o magistrado, todas as ações foram feitas seguindo os termos regimentais.

"Todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral da República", afirmou.