Estimativa preliminar da CNA é de queda de 1% a 1,3% em 2024 para PIB Agro

Brasília, 3 - A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê queda de 1% a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária neste ano, ante crescimento de 15,1% em 2023. A estimativa da entidade é preliminar e deve ser revisada após os resultados trimestrais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira. "No início do ano, o mercado esperava um PIB agro neutro e agora espera queda de 1,5%, segundo boletim Focus do Banco Central. Nossa projeção era de retração de 1%, mas devemos ter alteração marginal para queda de 1,2% a 1,3%, no máximo", disse o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon. "O recuo será muito em virtude da produção menor de grãos 2023/24, sobretudo de soja e de milho". Os grãos representam a maior fatia do desempenho da agropecuária e, portanto, variações na produção afetam o resultado geral do setor.Já para o PIB nacional, a CNA projeta, em estimativa preliminar, crescimento de 2,5% neste ano com viés de alta, número que também será revisado posteriormente. "Prevemos que o PIB Brasil do terceiro trimestre deve cair porque os impulsos que puxaram o crescimento no 1º semestre deste ano, como aumento do salário mínimo, pagamento dos precatórios e aumento de benefícios sociais, devem perder fôlego. Mas, mesmo assim, o País tende a crescer pelo menos 2,5%", projetou Conchon. Para ele, o resultado econômico anual será puxado sobretudo pela demanda, em especial pelo consumo das famílias e dos gastos do governo. "Isso vai continuar, com desemprego baixo, aumento do salário mínimo, mas com menor força", ponderou. Do lado da oferta, no acumulado do ano, indústria e comércio devem apresentar resultados superiores ao da agropecuária.Em relação à queda de 2,9% do PIB da agropecuária no segundo trimestre deste ano na comparação com igual período do ano anterior, Conchon avalia que o resultado veio dentro do esperado por sazonalmente ser um trimestre mais fraco e pela menor colheita de grãos. A maior parte da safra 2023/24 de grãos entrou no mercado de abril a junho deste ano. "O ano passado foi um ano atípico e de produção recorde. Neste ano, isso não aconteceu, com atraso no plantio da safra, El Niño e enchentes no Rio Grande do Sul. Foi um resultado trimestral muito bom, mas prejudicado pelo clima adverso e aquém de 2023", observou.Em contrapartida, as maiores produções de café, algodão e feijão contribuíram para limitar as perdas no desempenho trimestral do setor. "O feijão, que é um produto importante na mesa do brasileiro e na composição do valor bruto da produção, registrou incremento de 7% considerando a safra total, o que figura um resultado muito bom", ressaltou Conchon.Para o terceiro trimestre deste ano, o café deve continuar como destaque positivo para o PIB da agropecuária, com colheita remanescente, enquanto a retração da safra de laranja deve pressionar o resultado. "A grande incógnita é a produção de trigo. Temos de acompanhar o desenrolar da safra de trigo para avaliarmos os resultados previstos para o terceiro trimestre deste ano", ponderou.Participação - Neste ano, com a previsão de queda do PIB agro diante do avanço do PIB nacional, o setor deve diminuir levemente sua participação no PIB do País. A estimativa preliminar da confederação é de que a participação do setor fique em torno de 7% ante 7,2% de 2023. "A participação do setor no PIB do País recuou de 7,1% no primeiro trimestre para 6,9% no segundo trimestre, mas ainda se mantém em níveis elevados e acima do histórico de 5% a 5,5%", comentou Conchon.

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