'Fingi estar morta', conta mulher que sobreviveu a tentativa de feminicídio
Caroline Cristina Galhardo, 34, relata os momentos de desespero que viveu nas mãos do ex-namorado Alef de Souza Braga, 29.
A jornalista foi atingida com 20 facadas após ter seu apartamento invadido pelo rapaz, que não aceitava o fim do relacionamento.
Alef foi preso em flagrante na noite do crime, em 3 de abril de 2024, na zona norte de São Paulo.
O réu segue no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos II e aguarda julgamento por tentativa de homicídio. A expectativa é que o júri aconteça ainda este ano.
Eu entrei em um estado tão grande de choque que naquele momento eu só tentava diminuir as facadas. Eu fingi que tinha morrido. O que eu queria era tentar sobreviver pelo menos um pouco. Sair dali para falar com meu irmão e meus sobrinhos uma última vez na minha vida.
Caroline Cristina Galhardo
Na última quarta-feira (11), a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 4266/23, do Senado, que aumenta a pena de feminicídio e inclui outras situações agravantes. O projeto agora segue para sanção do presidente Lula.
Segundo o PL, o crime passaria a figurar em um artigo específico, e não como um tipo de homicídio qualificado, como é atualmente. A pena de 12 a 30 anos de reclusão aumentará para 20 a 40 anos se o projeto for aprovado.
Dados do "Monitor de Feminicídios no Brasil" mostram que 1.061 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil entre janeiro e julho de 2024. As sobreviventes de tentativa de feminicídio somam 1.034.
Considerando os dados de 2023, por dia, sete mulheres são vítimas de feminicídio ou tentativa de feminicídio no Brasil. Ou seja, uma vítima a cada 3,5 horas.
O "Monitor de Feminicídios no Brasil" é uma iniciativa do Laboratório de Estudos de Feminicídios (Lesfem), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Quem pratica violência doméstica é, na maioria das vezes, parceiro ou ex-companheiro da mulher, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
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