Na véspera de votação, pesquisas mantêm empate triplo em SP

Os candidatos à Prefeitura de São Paulo percorreram diferentes pontos da cidade neste sábado, 5, no último dia de compromisso de campanha antes do primeiro turno. Os eventos foram marcados pela repercussão do laudo fake publicado por Pablo Marçal (PRTB) contra Guilherme Boulos (PSOL), na noite de sexta-feira. Os candidatos repudiaram a divulgação do receituário médico falso, classificando o documento de "criminoso" e pediram agilidade da Justiça no caso.

Guilherme Boulos fez carreata pela Avenida Paulista e pela Rua Augusta, na região central da capital paulista, ao lado do presidente Lula e da candidata a vice, Marta Suplicy. A primeira-dama Janja da Silva, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a deputada federal Luiza Erundina (PSOL) também participaram do evento. Segundo a campanha, 20 mil pessoas acompanharam o ato.

Marçal, por sua vez, decidiu correr por São Paulo como último compromisso antes da votação. O ato, chamado de "corrida pelo povo", começou na madrugada de ontem e, segundo a campanha do ex-coach, só deve terminar na manhã de hoje, na frente do colégio onde Marçal vota, em Moema, na zona sul da capital paulista. O percurso foi iniciado na Marginal do Tietê e, de acordo com a equipe, seria definido "em tempo real" pelo próprio candidato. A intenção seria completar 128 quilômetros. Questionado sobre a publicação do laudo falso, o ex-coach disse "não ver delito" no caso e afirmou que a responsabilidade da contraprova é de Guilherme Boulos.

Ricardo Nunes (MDB) participou de carreata na região de Sapopemba, na zona leste da capital paulista, ao lado de Tomás Covas, filho de Bruno Covas, morto em 2021. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), acompanhou o prefeito durante caminhada em São Miguel Paulista, também na zona leste.

Nunes disse se sentir "fortalecido" com a presença do governador no ato. Tarcísio tem sido o principal cabo eleitoral dele, diante do apoio tímido por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao candidato do MDB.

Tabata Amaral (PSB) cumpriu agenda pública com apoiadores na região da Rua 25 de Março, no centro da capital, e depois também seguiu para a zona leste da cidade, onde foi acompanhada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

José Luiz Datena (PSDB) não cumpriu agenda ontem. Marina Helena (Novo) teve programada caminhada pela zona oeste.

DATAFOLHA

Ontem também foram divulgadas as últimas pesquisas de intenção de voto antes do primeiro turno em São Paulo. Pesquisa Datafolha mostra Boulos com 29% dos votos válidos, seguido por Ricardo Nunes e por Pablo Marçal, ambos com 26%. Os índices apontam para empate técnico triplo dentro da margem de erro, que é de dois pontos porcentuais.

Os números dos três candidatos se mantêm os mesmos do levantamento anterior, divulgado pelo Datafolha na quinta-feira, dia 3.

Tabata Amaral aparece com 11%, Datena soma 4% e Marina Helena tem 2% dos votos válidos, que excluem os votos brancos e nulos. Bebeto Haddad (DC), Ricardo Senese (UP), Altino (PSTU) e Pimenta (PCO) não pontuaram no levantamento do Datafolha.

Foram ouvidas 2.052 pessoas na capital paulista entre sexta-feira e ontem. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo SP-05101/2024.

VOTOS TOTAIS

Nos votos totais, Boulos tem 27% e é seguido por Ricardo Nunes e Pablo Marçal, com 24% cada. O candidato do PSOL oscilou um ponto porcentual para baixo em relação à última pesquisa, enquanto Nunes e Marçal se mantiveram no mesmo patamar.

Há, ainda, 3% de indecisos, mesmo número do último Datafolha, e 5% dos eleitores dizem que votarão em branco ou nulo.

Na pesquisa espontânea, quando o entrevistado responde sobre a sua preferência de voto sem ter acesso a uma lista com o nome dos candidatos, Guilherme Boulos é citado por 24% dos eleitores ouvidos pelos pesquisadores. Marçal vem em seguida, com 19% da preferência do eleitor, e Nunes tem 18%. Tabata Amaral, por sua vez, soma 7% das intenções de voto. O porcentual de indecisos na pesquisa espontânea é de 19%.

REJEIÇÃO

A um dia da votação, Pablo Marçal manteve índice de rejeição elevado: 53% dos eleitores ouvidos pelo Datafolha disseram que não votariam nele de jeito nenhum. É o mesmo porcentual apontado no levantamento anterior do instituto.

A rejeição a Guilherme Boulos também não mudou e segue em 38% dos eleitores ouvidos pelo Datafolha. A de Ricardo Nunes oscilou dois pontos porcentuais para cima e agora está em 25%.

SEGUNDO TURNO

Em um eventual segundo turno entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, o atual prefeito venceria com 52% dos votos, contra 37% do psolista, mesmo patamar apontado na pesquisa anterior feita pelo Datafolha.

Nunes também levaria a melhor contra Pablo Marçal, com 55% dos votos, contra 29% do ex-coach, segundo a pesquisa Datafolha. Já em uma eventual disputa entre Boulos e Marçal, o psolista marca 48%, contra 38% do candidato do PRTB (na última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta, dia 3, eram 48% contra 36%).

ELEITORES BOLSONARISTAS

A vantagem de Pablo Marçal sobre o prefeito Ricardo Nunes entre o eleitorado bolsonarista diminuiu, de acordo com o Datafolha: foi de 25 para 17 pontos porcentuais.

O ex-coach agora tem 51% entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto Nunes aparece com 34%. No levantamento anterior do instituto, divulgado na última quinta, 3, Marçal marcava 55% contra 30% do emedebista entre esse eleitorado.

A margem de erro para este recorte é de quatro pontos porcentuais, o que significa que os dois apresentaram oscilação no limite da margem de erro.

A tendência de recuperação de Ricardo Nunes no eleitorado bolsonarista acontece depois de o ex-presidente vir a público para reforçar seu apoio ao prefeito. Em transmissão ao vivo na sexta-feira, Jair Bolsonaro sugeriu que Pablo Marçal é "amor de verão" do eleitorado de direita em São Paulo, que, na visão dele, está "iludido" com o ex-coach. Ele disse ainda que as eleições na capital paulista estão sendo marcadas por candidatos "oportunistas", sem citar o ex-coach diretamente.

Integrantes da campanha do emedebista avaliam que as declarações do ex-presidente contribuíram para cristalizar os votos de bolsonaristas indecisos que cogitavam votar em Marçal.

Além disso, a expectativa é de que a divulgação do laudo falso de Marçal contra Boulos na reta final do primeiro turno poderia trazer para Ricardo Nunes os votos dos eleitores indecisos que preferem se afastar de candidatos envolvidos em polêmicas.

Apesar de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ser o grande articulador da candidatura de Ricardo Nunes, é Marçal quem lidera numericamente entre seus eleitores, com 45% contra 36% do prefeito, de acordo com o levantamento feito pelo Datafolha.

Já entre o eleitorado petista, 57% preferem Guilherme Boulos, 17% optam por Nunes e 10%, por Tabata Amaral. José Luiz Datena, que chegou a ser opção de 13% dos petistas, agora pontua 4% entre esse público.

PESQUISA QUAEST

Também divulgada na tarde de ontem, pesquisa Quaest mostra Guilherme Boulos com 29% dos votos válidos, seguido por Ricardo Nunes, com 28%, e por Pablo Marçal, com 27%. Os números apontam para empate técnico triplo dentro da margem de erro, de dois pontos porcentuais.

Tabata Amaral tem 10% dos votos, José Luiz Datena vem na sequência, com 4%, e Marina Helena marca 2% dos votos na Quaest. Os demais candidatos, Bebeto Haddad (DC), João Pimenta (PCO), Ricardo Senese (UP) e Altino Prazeres (PSTU), não pontuaram na pesquisa.

O levantamento da Quaest foi feito presencialmente, entre sexta-feira, dia 4, e ontem. Foram ouvidos 2.400 eleitores e a margem de confiança é de 95%. Contratado pela TV Globo, o levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o número SP-01150/2024.

A pesquisa Quaest também mostrou a intenção de votos totais, incluindo brancos, nulos e indecisos. Nesse cenário, Boulos registrou 25%, seguido por Nunes, com 24%, e Marçal, com 23%. Tabata Amaral aparece com 9%, José Luiz Datena, com 3%, enquanto Marina Helena registrou 2%.

A pesquisa Quaest também investigou a intenção de voto espontânea. Nesse formato, Guilherme Boulos aparece com 21%, Ricardo Nunes tem 18%, mesmo número de Pablo Marçal. Tabata registra 5%. Outros candidatos somam 2%, enquanto 6% declararam voto em branco, nulo ou ausência. O número de indecisos ficou em 30% na sondagem espontânea.

SEGUNDO TURNO

Em um possível segundo turno entre Nunes e Boulos, o atual prefeito venceria o candidato apoiado pelo presidente Lula com 51% dos votos, contra 33% de Boulos. Nesse cenário, 14% dos eleitores anulariam o voto.

Nunes também sairia vitorioso em uma disputa contra Marçal, com 54% dos votos, enquanto o ex-coach ficaria com 28%. Em um confronto direto entre Boulos e Marçal, o candidato do PSOL venceria com 45% dos votos, contra 37% de Marçal.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.