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Relatório acusa Blair de série de erros em guerra do Iraque

06/07/2016 10h01

LONDRES, 6 JUL (ANSA) - Após ser sacudido pelo "Brexit", o Reino Unido voltou a estremecer nesta quarta-feira (6) com a publicação de um relatório oficial sobre a participação do país na guerra do Iraque (2003-2011). O estudo, que demorou sete anos para ser concluído, fez uma série de acusações contra o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair de equívocos e omissões no conflito, o qual provocou a morte de 179 soldados do país. "Em março de 2013, não havia nenhuma uma ameaça iminente de Saddam Hussein [contra o Ocidente]", afirmou o relatório, assinado pelo diplomata John Chicot. "A ação militar contra Saddam Hussein não era a última opção" e "os Estados Unidos e o Reino Unido minaram a autoridade das Nações Unidas", acusou o texto, dando a entender que ambos os países não esgotaram as possibilidades de resoluções pacíficas antes de declararem guerra ao ditador, posteriormente captura e enforcado.   

De acordo com o estudo, Londres e Washington não tinham provas reais de que o governo de Saddam Hussein produzia armas de destruição de massa no Iraque, justificativa usava para invadir o país.   

"A guerra foi baseada em dados imperfeitos da inteligência e levada adiante de maneira totalmente inadequada", disse o texto, que já foi entregue ao atual premier britânico, David Cameron. Chicot também afirmou que as circunstâncias com as quais foi estabelecida a guerra eram "longes de serem satisfatórias".   

A publicação do documento gerou várias repercussões no Reino Unido. Em reposta ao relatório, Blair disse que decidiu entrar na guerra com "boa fé", por acreditar que era "o melhor a ser feito pelo interesse do país". O ex-premier também afirmou que assumirá a plena responsabilidade por cada erro cometido, "sem exceção ou desculpas". Um porta-voz das famílias de 179 militares britânicos mortos na guerra do Iraque entre 2003 e 2009 também comentou sobre as conclusões do relatório e pediu que o país "não entre mais" em conflitos como aquele. Anunciado em 15 de junho de 2009 pelo então premier Gordon Brown, o estudo assinado por Chilcot tem como objetivo esclarecer o papel do Reino Unido na guerra do Iraque, assim como as ações militares do país no período. O relatório demorou sete anos para ser concluído e custou 10 milhões de libras esterlinas. Em 2001, após os atentados contra as Torres Gêmeras, cometido pela Al-Qaeda em Nova York, Blair prometeu ao governo norte-americano, liderado pelo então presidente George W. Bush, apoio total na luta contra o terrorismo.   

Bush queria invadir o Iraque rapidamente, mas Blair conseguiu convencer o mandatário a tentar um aval das Nações Unidas.   

Um dossiê britânico, então, foi apresentado acusando o regime de Saddam Hussein de ter capacidade para produzir armas biológicas e químicas de destruição em massa. O então secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, também disse que "não tinha dúvidas" que de o Iraque possuía um arsenal.   

Mas peritos enviados pelas Nações Unidas não encontraram sinais de armas nucleares, biológicas ou químicas no Iraque.   

Ignorando a posição da ONU, o procurador-geral Lord Goldsmith, disse para Blair que um ataque ao Iraque poderia ocorrer legalmente, mesmo sem o aval do organismo internacional. Milhares de pessoas marcharam pelas ruas de Londres para protestar contra a iminente participação do Reino Unido em ações militares no Iraque.   

Em março de 2003, Blair decidiu seguir adiante e logo foram iniciados bombardeios de uma coalizão internacional liderada pelos EUA, com o apoio de Londres, na "Operation Iraqi Freedom" ("Operação Liderdade do Iraque", na tradução).   

A guerra provocu a morte de 25 mil pessoas, sendo 4,8 soldados mil norte-americanos, 179 britânicos e 139 de outros países. Até hoje, o país sofre com a divisão entre sunitas e xiitas, a qual acabou influenciando a criação de grupos extremistas, como o Estado Islâmico (EI, ex-Isis). As armas de destruição em massa no Iraque nunca foram encontradas e hoje o Reino Unido é frequentemente alvo de atentados terroristas. (ANSA)
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