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Kerry denuncia risco de 'ocupação perpétua' na Palestina

28/12/2016 17h33

NOVA YORK, 28 DEZ (ANSA) - Já em reta final, o governo de Barack Obama parece decidido a marcar posição nas discussões sobre o conflito árabe-israelense. Nesta quarta-feira (28), o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, fez um duro discurso contra as colônias em Jerusalém e na Cisjordânia e disse que Israel arrisca promover uma "ocupação perpétua" na Palestina.   

A declaração chega menos de uma semana depois da abstenção dos Estados Unidos na votação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que condena a política de construção de assentamentos pelo governo israelense. A medida provocou a ira do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e do presidente eleito dos EUA, Donald Trump.   

Segundo Kerry, a situação no Oriente Médio está caminhando para uma solução "de um Estado", que muitos não querem. "A saída dos dois Estados está em perigo. O status quo ruma para apenas um Estado, uma ocupação perpétua", afirmou.   

Além disso, o secretário disse que a "agenda dos colonos" está definindo o futuro de Israel e que a coalizão liderada por Netanyahu tem uma política definida pelos "elementos mais extremistas". Ainda assim, ele negou que Washington tenha "abandonado" Tel Aviv e reiterou que o único caminho para a "paz duradoura" é a solução dos dois Estados.   

A histórica decisão dos EUA de não vetar uma resolução que condena os assentamentos israelenses na Cisjordânia ocorreu em meio à expectativa de que Trump mude a embaixada norte-americana no país de Tel Aviv para Jerusalém, que não é reconhecida pela maior parte da comunidade internacional como capital de Israel.   

Para Kerry, a cidade não deve ser dividida, mas sim ser considerada como a capital de Israel e Palestina. Além disso, foi revelado que o republicano doou, em 2003, US$ 10 mil a uma instituição que apoia as colônias. "Não podemos continuar fazendo com que Israel seja tratado com desprezo e falta de respeito", escreveu Trump no Twitter.   

Nos últimos anos, Obama e Netanyahu mantiveram um relacionamento frio - e por vezes até hostil -, que piorou com o acordo nuclear entre EUA e Irã. "Kerry fez um discurso tendencioso contra Israel. Por mais de uma hora, pareceu obcecado pelas colônias e não tocou no problema real: a resistência palestina a um Estado judeu em qualquer forma", declarou por meio de uma nota o Ministério das Relações Exteriores de Israel. Já o premier disse ter ficado "decepcionado" com o discurso do secretário norte-americano.   

Também nesta quarta, a Prefeitura de Jerusalém autorizou a construção de um edifício de três andares em um bairro de maioria árabe na parte leste da cidade. O projeto pertence a uma organização judaica e tem como objetivo aumentar a presença israelense nessa área do município. (ANSA)
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