Itália 'Alitalia será vendida ou liquidada', diz governo
ROMA, 25 ABR (ANSA) - O presidente da Alitalia, Luca Cordero di Montezemolo, comunicou nesta terça-feira (25) a Entidade Nacional para a Aviação Civil (Enac) da Itália sobre a decisão do conselho de administração de iniciar os procedimentos para a nomeação de um comissário do governo para administrar a empresa.
A medida foi tomada após quase 70% dos funcionários terem recusado, em um plebiscito realizado entre 20 e 24 de abril, um pré-acordo entre a diretoria e sindicatos para salvar a maior companhia aérea da Itália.
O pacto previa corte de salários e a demissão de 980 pessoas, em troca de um aumento de capital de 2 bilhões de euros financiado pelos sócios e credores do grupo. Como o pré-acordo foi rejeitado, a Alitalia corre o risco de entrar em falência.
"Dada a impossibilidade de recorrer à recapitalização, o CDA decidiu iniciar os procedimentos previstos pela lei e convocou uma assembleia de sócios para 27 de abril a fim de deliberar sobre os mesmos", diz um comunicado da empresa.
Na reunião, deverá ser formalizado o pedido para a intervenção do governo, que, na figura do Ministério do Desenvolvimento Econômico, nomeará de um a três comissários para administrar a crise. Em curto prazo, esses interventores terão de elaborar um plano industrial e submetê-lo ao governo e aos credores.
Esse documento poderá prever a cessão total da Alitalia a terceiros, que teriam de manter todos os 12,5 mil funcionários durante pelo menos dois anos, ou a manutenção da companhia em sua configuração atual, buscando novos financiamentos para devolver seu equilíbrio financeiro. Se nenhuma dessas opções se mostrar viável, o comissário não terá outra alternativa a não ser pedir a falência da companhia.
"A coisa mais plausível é que caminhemos rumo um breve período de administração extraordinária, que poderá ser concluída em seis meses com uma venda parcial ou total dos ativos da Alitalia ou então com sua liquidação", disse o ministro do Desenvolvimento Econômico Carlo Calenda.
Se a empresa fechar as portas, seus trabalhadores terão dois anos de seguro-desemprego. O governo já descartou nacionalizar a Alitalia, mas disse que negociará com a União Europeia - que restringe o salvamento de grupos privados pelo Estado - um empréstimo-ponte para tentar ganhar tempo. Entre possíveis compradores, fala-se na alemã Lufthansa, que já salvou a companhia aérea suíça Swiss em 2005. No entanto, o grupo de Frankfurt afirma que não comenta "especulações".
"O acordo preliminar com os sindicatos tinha o apoio dos líderes sindicais, dos administradores da Alitalia, do primeiro-ministro italiano [Paolo Gentiloni] e de três ministros do governo, que teriam ajudado a salvar o futuro da Alitalia", lamentou James Hogan, presidente e CEO da Etihad Airways, companhia árabe que detém 49% do grupo italiano.
Ao menos por enquanto, a Alitalia continuará operando normalmente, mas o jornal "la Repubblica" especula que a empresa tenha de faturar mais de 200 milhões de euros por mês com passagens para fazer seus aviões voarem: 55 milhões para pagar o combustível, 51 milhões para a folha salarial, 60 milhões para os direitos de tráfego e operações aeroportuárias, 35 milhões para leasings e 16 milhões para manutenção.
Crise - Ex-companhia aérea de bandeira, a Alitalia foi privatizada nas últimas décadas e é comandada atualmente pela holding Compagnia Aerea Italiana (CAI), que detém 51% de seu capital, e pela Etihad, dona dos 49% restantes.
A segunda principal acionista da CAI é a empresa pública de correios Poste Italiane, com quase 19,48% de participação na holding, atrás apenas do banco privado Intesa Sanpaolo (20,59%).
A estatal entrou na operação da Alitalia em 2014, como parte de uma operação de resgate. Uma eventual quebra poderia ter repercussões negativas sobre o governo italiano, que ainda luta para tirar o país da crise e para reduzir seus elevados índices de desemprego, principalmente entre os jovens.
Em 2008, a Alitalia esteve para ser vendida para o grupo franco-holandês Air France-KLM, mas a operação foi bloqueada pelo então primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que reuniu um pool de empresas italianas (a CAI) para comprá-la. Apesar disso, a CAI tinha como parceira a própria Air France, que controlava 25% da Alitalia. Contudo, nos anos seguintes, as firmas em questão não foram capazes de realizar os investimentos para levantar a companhia aérea.
Entre 2013 e 2014, a Alitalia ficou à beira da falência, porém foi salva por uma injeção de capital da Etihad, que passou a ter 49% de suas ações e prometeu recuperá-la. No entanto, a empresa italiana sofreu prejuízo de 400 milhões de euros em 2016, um resultado que é fruto de sua estratégia de apostar nas rotas de curta e média distância - menos lucrativas -, deixando de lado os trechos longos.
Além disso, a Alitalia não possui alianças com nenhuma outra grande companhia aérea europeia, o que dificulta a competição internacional contra grupos como Air France-KLM e Lufthansa.
(ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
A medida foi tomada após quase 70% dos funcionários terem recusado, em um plebiscito realizado entre 20 e 24 de abril, um pré-acordo entre a diretoria e sindicatos para salvar a maior companhia aérea da Itália.
O pacto previa corte de salários e a demissão de 980 pessoas, em troca de um aumento de capital de 2 bilhões de euros financiado pelos sócios e credores do grupo. Como o pré-acordo foi rejeitado, a Alitalia corre o risco de entrar em falência.
"Dada a impossibilidade de recorrer à recapitalização, o CDA decidiu iniciar os procedimentos previstos pela lei e convocou uma assembleia de sócios para 27 de abril a fim de deliberar sobre os mesmos", diz um comunicado da empresa.
Na reunião, deverá ser formalizado o pedido para a intervenção do governo, que, na figura do Ministério do Desenvolvimento Econômico, nomeará de um a três comissários para administrar a crise. Em curto prazo, esses interventores terão de elaborar um plano industrial e submetê-lo ao governo e aos credores.
Esse documento poderá prever a cessão total da Alitalia a terceiros, que teriam de manter todos os 12,5 mil funcionários durante pelo menos dois anos, ou a manutenção da companhia em sua configuração atual, buscando novos financiamentos para devolver seu equilíbrio financeiro. Se nenhuma dessas opções se mostrar viável, o comissário não terá outra alternativa a não ser pedir a falência da companhia.
"A coisa mais plausível é que caminhemos rumo um breve período de administração extraordinária, que poderá ser concluída em seis meses com uma venda parcial ou total dos ativos da Alitalia ou então com sua liquidação", disse o ministro do Desenvolvimento Econômico Carlo Calenda.
Se a empresa fechar as portas, seus trabalhadores terão dois anos de seguro-desemprego. O governo já descartou nacionalizar a Alitalia, mas disse que negociará com a União Europeia - que restringe o salvamento de grupos privados pelo Estado - um empréstimo-ponte para tentar ganhar tempo. Entre possíveis compradores, fala-se na alemã Lufthansa, que já salvou a companhia aérea suíça Swiss em 2005. No entanto, o grupo de Frankfurt afirma que não comenta "especulações".
"O acordo preliminar com os sindicatos tinha o apoio dos líderes sindicais, dos administradores da Alitalia, do primeiro-ministro italiano [Paolo Gentiloni] e de três ministros do governo, que teriam ajudado a salvar o futuro da Alitalia", lamentou James Hogan, presidente e CEO da Etihad Airways, companhia árabe que detém 49% do grupo italiano.
Ao menos por enquanto, a Alitalia continuará operando normalmente, mas o jornal "la Repubblica" especula que a empresa tenha de faturar mais de 200 milhões de euros por mês com passagens para fazer seus aviões voarem: 55 milhões para pagar o combustível, 51 milhões para a folha salarial, 60 milhões para os direitos de tráfego e operações aeroportuárias, 35 milhões para leasings e 16 milhões para manutenção.
Crise - Ex-companhia aérea de bandeira, a Alitalia foi privatizada nas últimas décadas e é comandada atualmente pela holding Compagnia Aerea Italiana (CAI), que detém 51% de seu capital, e pela Etihad, dona dos 49% restantes.
A segunda principal acionista da CAI é a empresa pública de correios Poste Italiane, com quase 19,48% de participação na holding, atrás apenas do banco privado Intesa Sanpaolo (20,59%).
A estatal entrou na operação da Alitalia em 2014, como parte de uma operação de resgate. Uma eventual quebra poderia ter repercussões negativas sobre o governo italiano, que ainda luta para tirar o país da crise e para reduzir seus elevados índices de desemprego, principalmente entre os jovens.
Em 2008, a Alitalia esteve para ser vendida para o grupo franco-holandês Air France-KLM, mas a operação foi bloqueada pelo então primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que reuniu um pool de empresas italianas (a CAI) para comprá-la. Apesar disso, a CAI tinha como parceira a própria Air France, que controlava 25% da Alitalia. Contudo, nos anos seguintes, as firmas em questão não foram capazes de realizar os investimentos para levantar a companhia aérea.
Entre 2013 e 2014, a Alitalia ficou à beira da falência, porém foi salva por uma injeção de capital da Etihad, que passou a ter 49% de suas ações e prometeu recuperá-la. No entanto, a empresa italiana sofreu prejuízo de 400 milhões de euros em 2016, um resultado que é fruto de sua estratégia de apostar nas rotas de curta e média distância - menos lucrativas -, deixando de lado os trechos longos.
Além disso, a Alitalia não possui alianças com nenhuma outra grande companhia aérea europeia, o que dificulta a competição internacional contra grupos como Air France-KLM e Lufthansa.
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