No Brasil, Obama defende política da esperança contra nacionalismo e xenofobia
O ex-presidente dos EUA Barack Obama realizou nesta quinta-feira (6) sua palestra em São Paulo para representantes do mundo empresarial brasileiro e destacou pontos como aquecimento global, crise com a Coreia do Norte, imigração, além da importância da diplomacia na resolução de conflitos internacionais e da igualdade social.
O ex-chefe de Estado norte-americano destacou a importância do engajamento na defesa da democracia e defendeu que cada país dê a seus jovens a educação de que precisam. Para Obama, as nações precisam desenvolver sistemas tributários justos. "Eles têm de reinvestir e dar a outras pessoas as oportunidades de que elas merecem".
"É preciso empoderar as pessoas para que elas possam tomar riscos. Conforme trabalhamos para reduzir a desigualdade, precisamos trabalhar para fechar a distância entre ricos e pobres", destacou.
"Hoje, o mundo vê a volta do nacionalismo e a xenofobia. Será que nós podemos convencer pessoas de que não vale a pena voltar a esses movimentos? Será que podemos fazer políticas que inspirem pessoas a substituir o medo pela esperança? Devemos mostrar a todos a importância do pluralismo, da diversidade e do império da lei", acrescentou Obama.
Durante seu discurso, o ex-líder dos EUA também ressaltou que "o mundo está mais conectado do que jamais esteve, mas mesmo que a internet tenha total capacidade de espalhar conhecimento, ela empodera quem só quer espalhar terror e medo".
Obama ainda disse que a "internet contribui com a tribalização da política na era da informação instantânea. É natural que os arranjos sociais sejam afetados com toda essa disfunção tecnológica".
A tensão entre o governo norte-americano e o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un foi abordada por Obama com preocupação. Para o líder, "não é possível resolver problemas apenas com tanques e aviões de guerra".
A questão dos refugiados, por sua vez, rendeu comparações por parte do ex-presidente entre EUA e Brasil. Segundo Obama, é imprescindível reconhecer o fluxo de novas ideias e o dinamismo econômico trazido por refugiados para cada país. "Nós devemos ter um senso renovado de abertura para as pessoas de diferentes culturas que não se parecem conosco. Sociedade e história multirracial são fatores em comum entre EUA e Brasil. A minha esperança é de as pessoas vejam isso como fonte de força e não de separação", disse.
Em discurso no Fórum Cidadão Global, realizado pelo jornal Valor Econômico, em parceria com o Banco Santander e a Aadvantage, o democrata ainda afirmou que é preciso garantir que a nova economia funcione para todas as pessoas.
"Em um mundo em que só 1% controla a riqueza, não haverá estabilidade política", disse Obama, ressaltando que, historicamente, as economias não crescem quando a riqueza é muito concentrada.
Segundo ele, a sociedade não funciona muito bem quando as pessoas sentem que só "insiders" são beneficiadas. "Concentração de riqueza é a receita para polarização [política]", acrescentou.
Esta é a primeira visita de Obama ao Brasil desde que deixou a Casa Branca - como presidente, ele veio ao país uma vez, em março de 2011.
Nos últimos meses, o democrata já discursou e palestrou em nações como Alemanha, Itália e Indonésia. Sua agenda ainda inclui a Argentina, onde estará no próximo dia 6.
Barack Obama tem sido um líder global no avanço do engajamento cívico e tem incentivado os cidadãos a se envolverem em sua comunidade. Além do norte-americano, o evento em São Paulo contou com palestras de Martin Wolf, editor e comentarista do Financial Times, e de Robert Salomon, professor da Stern School of Business da New York University. José Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo, e Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil, também falarão no evento.
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