Criticado, Papa foi um dos primeiros a alertar para rohingyas
DACA, 30 NOV (ANSA) - Por Giovanna Chirri - Criticado por não citar o termo "rohingya" em sua visita a Myanmar, o papa Francisco denunciava as perseguições contra a minoria muçulmana já em 2015, quando muitos sequer haviam ouvido seu nome.
Mas conseguiu não reduzir sua viagem a Myanmar - apesar de sua sensibilidade aos direitos das minorias - a uma questão semântica. Sua denúncia não perdeu qualquer força, e o presidente de Bangladesh, Abdul Hamid, homenageou sua "voz apaixonada contra a brutalidade", que obrigou a "comunidade internacional" a assumir a própria responsabilidade.
Com muita probabilidade, os rohingyas estiveram entre os assuntos da conversa do Papa com o general Min Aung Hlaing, chefe do Exército de Myanmar e que conseguiu falar com o Pontífice antes mesmo da líder e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
Por outro lado, não teve nenhuma foto ao lado de Francisco.
A ditadura militar, já antes de 2012 e com mais força a partir daquele ano, obrigou milhares de rohingyas a fugirem de suas terras, e o general criticou o relatório do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan sobre o estado de Rakhine, dizendo que havia "defeitos e carências" no documento.
A Constituição de 2008 não reconhece a cidadania dos rohingyas, que em Myanmar são chamados de "bengaleses" ou "muçulmanos de Rakhine". Nas semanas anteriores à visita do Papa, Suu Kyi visitara o estado, enquanto que na véspera da viagem, Myanmar e Bangladesh assinaram um acordo para o retorno dos rohingyas abrigados em solo bengalês, um pacto de implantação complexa, já que muitas dessas pessoas sequer possuem documentos.
No entanto, algo está avançando para os rohingyas, e o Papa não é estranho a esses desenvolvimentos. Em maio de 2015, ajudou a chamar atenção para a situação de cerca de 2,5 mil membros da etnia que, sem água nem comida, haviam sido rejeitados por Indonésia, Malásia e Tailândia e das 50 mil pessoas que desapareceram no mar.
Francisco continuou acompanhando a situação dessa minoria islâmica sem direitos, e durante uma celebração no Vaticano invocou a proteção da santa escrava Josefina Bakhita. O auge de seu discurso foi em 27 de agosto de 2017, quando denunciou as "perseguições religiosas contra nossos irmãos rohingyas", dois dias depois do agravamento da crise em Rakhine.
Em 25 de agosto, rebeldes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (Arsa, na sigla em inglês) realizaram ataques coordenados contra 30 postos militares em Myanmar, matando 12 oficiais. O poderoso Exército birmanês reagiu com uma dura ofensiva contra os "terroristas bengaleses", deslocando mais de 70 batalhões para "operações de desalojamento" para descobrir insurgentes entre a população civil.
Os analistas do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (Pime) consideram uma "estranha coincidência" o fato de as violências de agosto passado terem sido deflagradas no dia seguinte à apresentação, por Kofi Annan, de um relatório da comissão que investiga as perseguições contra a etnia.
Suu Kyi rejeitou as acusações de "limpeza étnica" e, na última terça (28), diante do Papa, reivindicou o compromisso de dar terras e justiça a todas as minorias. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Mas conseguiu não reduzir sua viagem a Myanmar - apesar de sua sensibilidade aos direitos das minorias - a uma questão semântica. Sua denúncia não perdeu qualquer força, e o presidente de Bangladesh, Abdul Hamid, homenageou sua "voz apaixonada contra a brutalidade", que obrigou a "comunidade internacional" a assumir a própria responsabilidade.
Com muita probabilidade, os rohingyas estiveram entre os assuntos da conversa do Papa com o general Min Aung Hlaing, chefe do Exército de Myanmar e que conseguiu falar com o Pontífice antes mesmo da líder e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
Por outro lado, não teve nenhuma foto ao lado de Francisco.
A ditadura militar, já antes de 2012 e com mais força a partir daquele ano, obrigou milhares de rohingyas a fugirem de suas terras, e o general criticou o relatório do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan sobre o estado de Rakhine, dizendo que havia "defeitos e carências" no documento.
A Constituição de 2008 não reconhece a cidadania dos rohingyas, que em Myanmar são chamados de "bengaleses" ou "muçulmanos de Rakhine". Nas semanas anteriores à visita do Papa, Suu Kyi visitara o estado, enquanto que na véspera da viagem, Myanmar e Bangladesh assinaram um acordo para o retorno dos rohingyas abrigados em solo bengalês, um pacto de implantação complexa, já que muitas dessas pessoas sequer possuem documentos.
No entanto, algo está avançando para os rohingyas, e o Papa não é estranho a esses desenvolvimentos. Em maio de 2015, ajudou a chamar atenção para a situação de cerca de 2,5 mil membros da etnia que, sem água nem comida, haviam sido rejeitados por Indonésia, Malásia e Tailândia e das 50 mil pessoas que desapareceram no mar.
Francisco continuou acompanhando a situação dessa minoria islâmica sem direitos, e durante uma celebração no Vaticano invocou a proteção da santa escrava Josefina Bakhita. O auge de seu discurso foi em 27 de agosto de 2017, quando denunciou as "perseguições religiosas contra nossos irmãos rohingyas", dois dias depois do agravamento da crise em Rakhine.
Em 25 de agosto, rebeldes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (Arsa, na sigla em inglês) realizaram ataques coordenados contra 30 postos militares em Myanmar, matando 12 oficiais. O poderoso Exército birmanês reagiu com uma dura ofensiva contra os "terroristas bengaleses", deslocando mais de 70 batalhões para "operações de desalojamento" para descobrir insurgentes entre a população civil.
Os analistas do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (Pime) consideram uma "estranha coincidência" o fato de as violências de agosto passado terem sido deflagradas no dia seguinte à apresentação, por Kofi Annan, de um relatório da comissão que investiga as perseguições contra a etnia.
Suu Kyi rejeitou as acusações de "limpeza étnica" e, na última terça (28), diante do Papa, reivindicou o compromisso de dar terras e justiça a todas as minorias. (ANSA)
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