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Enviado do Vaticano ouve depoimentos sobre abusos no Chile

20/02/2018 21h02

CIDADE DO VATICANO, 20 FEV (ANSA) - Diversas vítimas de abuso sexual na Igreja Católica prestaram depoimento nesta terça-feira (20) no Chile diante de um representante do Vaticano que investiga denúncias, na qual o bispo Juan Barros teria acobertado os casos.   

Charles Scicluna, arcebispo de Malta, viajou a Santiago para se reunir com as vítimas que acusam Barros de encobrir os abusos do sacerdote Fernando Karadima e com os leigos que se opõem a sua designação como bispo da cidade de Osorno.   

O arcebispo é responsável por averiguar os crimes que a Igreja considera mais graves como os abusos sexuais realizados pelo clero a menores de idade. "Vim ao Chile enviado pelo papa Francisco para recolher informações úteis sobre o monsenhor Juan Barros Madrid, bispo de Osorno", disse Scicluna em uma breve declaração à imprensa.   

"Quero manifestar meu agradecimento às pessoas que se declararam disponíveis para se encontrarem comigo durante os próximos dias", acrescentou o arcebispo.   

Os depoimentos serão recolhidos durante quatro dias. Logo depois, Scicluna entregará suas conclusões diretamente ao Papa, que vai decidir se abrirá uma investigação canônica contra Barros.   

"Isso é um processo de escuta, não é um tribunal, não é um auditório", esclareceu o porta-voz do Arcebispado, Jaime Coiro, acrescentando que não há um prazo para entregar as conclusões.   

O número de pessoas que vão prestar depoimento não foi revelado.   

No entanto, José Andrés Murillo e James Hamilton, dois dos quatro denunciantes de Karadima, se encontraram nesta tarde com o arcebispo.   

Os dois acusam Barros de encobrir abusos sexuais cometidos por Karadima na década de 1980, enquanto frequentavam a capela de El Bosque. "Acho que é o momento de começar a esclarecer e tirar toda a sujeira debaixo do tapete", manifestou Hamilton, após testemunhar.   

Karadima foi condenado por pedofilia em 2011 pelo Vaticano. No entanto, a Justiça do Chile disse que as acusações contra ele já haviam prescrito. (ANSA)
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