Gentiloni x Tajani, a disputa não declarada pelo governo
SÃO PAULO, 28 FEV (ANSA) - Paolo Gentiloni, 63 anos. Antonio Tajani, 64. Romanos, jornalistas, "nobres" e candidatos não declarados a primeiro-ministro da Itália. Com trajetórias cheias de semelhanças, os dois são os mais cotados para governar o país após as eleições de 4 de março, que podem revelar um cenário de fragmentação e incertezas devido à falta de uma maioria clara no Parlamento.
Gentiloni já é premier desde o fim de 2016 e disputa um assento na Câmara dos Deputados pelo centro-esquerdista Partido Democrático (PD). Tajani, por sua vez, nem candidato é. Ele ocupa desde o ano passado a Presidência do Parlamento Europeu e milita em Bruxelas há mais de duas décadas.
Embora rivais, ambos possuem muitos pontos em comum em suas histórias, começando na adolescência, quando Tajani liderava estudantes de direita, e Gentiloni, de esquerda, no tradicional colégio Torquato Tasso, em Roma.
Os dois também trabalharam como porta-vozes de políticos importantes da Itália: o mais velho, de Silvio Berlusconi, no ano de sua "descida a campo", em 1994; o mais jovem, do então prefeito de Roma, Francesco Rutelli, que governou a "cidade eterna" entre 1993 e 2001.
Tanto Tajani quanto Gentiloni também tentaram assumir o comando da capital da Itália, sendo que o primeiro chegou mais perto, ao perder para Walter Veltroni por 52% a 48% em 2011 - Gentiloni não passou das primárias do PD em 2013.
Embora não tenha "sangue azul", Tajani foi militante da Frente Monárquica Juvenil, enquanto o primeiro-ministro é membro de uma família de nobres italianos, os condes Gentiloni Silveri, que possuíam amplos domínios na região de Marcas.
Ambos deixaram a aristocracia de lado para se lançar na carreira jornalística, sem romper com a veia política que os acompanhava desde a juventude. Gentiloni escreveu para jornais de esquerda e para uma revista ambientalista chamada "Nuova Ecologia", enquanto Tajani contribuiu para o periódico conservador "Settimanale".
Outra semelhança entre eles está no futebol: apesar de nascidos em Roma, eles torcem para a Juventus, embora Gentiloni seja um "tifoso" um pouco mais discreto.
Coalizões - De fato, tanto um quanto outro são vistos como moderados e conciliadores, com poucos inimigos na vida pública.
Gentiloni passou a ser cogitado para continuar no cargo devido ao perfil polarizador do atual líder do PD, o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.
Em uma situação de fragmentação no Parlamento, o chefe de governo seria uma figura mais palatável e capaz de atrair apoio entre forças de oposição, como o próprio Força Itália (FI), partido de Tajani e presidido por Silvio Berlusconi. "Quem foi presidente do Conselho dos Ministros, como Gentiloni, poderá jogar suas cartas no futuro", admitiu Renzi recentemente.
Já o FI é o principal pilar da coalizão conservadora que lidera as pesquisas de intenção de voto, mas Berlusconi, inelegível até 2019, não pode exercer cargos públicos e teria de escolher um de seus pupilos. Ele ainda não bateu o martelo, mas vem fazendo muitos elogios a Tajani.
"Ele é o homem certo, e gostaria que fosse o premier. Mas assumi o compromisso de que ele dirá se está disponível", afirmou Berlusconi nesta semana. O presidente do Parlamento Europeu terá de pesar na balança a estabilidade de seu posto atual e a instabilidade inerente à chefia do governo italiano, ainda mais com um Berlusconi que pode pleitear sua poltrona a partir de 2019, quando cairá sua inelegibilidade.
Um indício de que o olhar de Tajani pode estar mais voltado para Roma do que para Bruxelas é sua recente intervenção junto ao Ministério da Indústria do Brasil para tentar solucionar a crise envolvendo a Embraco, empresa que demitirá quase 500 pessoas na Itália e que virou tema da campanha eleitoral.
Se encontrar uma saída favorável aos italianos, Tajani talvez prejudique a Eslováquia, país para onde a companhia pretende levar sua produção e que também pertence à UE. Na cadeira de primeiro-ministro, no entanto, ele não terá de dar satisfações a Bratislava. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Gentiloni já é premier desde o fim de 2016 e disputa um assento na Câmara dos Deputados pelo centro-esquerdista Partido Democrático (PD). Tajani, por sua vez, nem candidato é. Ele ocupa desde o ano passado a Presidência do Parlamento Europeu e milita em Bruxelas há mais de duas décadas.
Embora rivais, ambos possuem muitos pontos em comum em suas histórias, começando na adolescência, quando Tajani liderava estudantes de direita, e Gentiloni, de esquerda, no tradicional colégio Torquato Tasso, em Roma.
Os dois também trabalharam como porta-vozes de políticos importantes da Itália: o mais velho, de Silvio Berlusconi, no ano de sua "descida a campo", em 1994; o mais jovem, do então prefeito de Roma, Francesco Rutelli, que governou a "cidade eterna" entre 1993 e 2001.
Tanto Tajani quanto Gentiloni também tentaram assumir o comando da capital da Itália, sendo que o primeiro chegou mais perto, ao perder para Walter Veltroni por 52% a 48% em 2011 - Gentiloni não passou das primárias do PD em 2013.
Embora não tenha "sangue azul", Tajani foi militante da Frente Monárquica Juvenil, enquanto o primeiro-ministro é membro de uma família de nobres italianos, os condes Gentiloni Silveri, que possuíam amplos domínios na região de Marcas.
Ambos deixaram a aristocracia de lado para se lançar na carreira jornalística, sem romper com a veia política que os acompanhava desde a juventude. Gentiloni escreveu para jornais de esquerda e para uma revista ambientalista chamada "Nuova Ecologia", enquanto Tajani contribuiu para o periódico conservador "Settimanale".
Outra semelhança entre eles está no futebol: apesar de nascidos em Roma, eles torcem para a Juventus, embora Gentiloni seja um "tifoso" um pouco mais discreto.
Coalizões - De fato, tanto um quanto outro são vistos como moderados e conciliadores, com poucos inimigos na vida pública.
Gentiloni passou a ser cogitado para continuar no cargo devido ao perfil polarizador do atual líder do PD, o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.
Em uma situação de fragmentação no Parlamento, o chefe de governo seria uma figura mais palatável e capaz de atrair apoio entre forças de oposição, como o próprio Força Itália (FI), partido de Tajani e presidido por Silvio Berlusconi. "Quem foi presidente do Conselho dos Ministros, como Gentiloni, poderá jogar suas cartas no futuro", admitiu Renzi recentemente.
Já o FI é o principal pilar da coalizão conservadora que lidera as pesquisas de intenção de voto, mas Berlusconi, inelegível até 2019, não pode exercer cargos públicos e teria de escolher um de seus pupilos. Ele ainda não bateu o martelo, mas vem fazendo muitos elogios a Tajani.
"Ele é o homem certo, e gostaria que fosse o premier. Mas assumi o compromisso de que ele dirá se está disponível", afirmou Berlusconi nesta semana. O presidente do Parlamento Europeu terá de pesar na balança a estabilidade de seu posto atual e a instabilidade inerente à chefia do governo italiano, ainda mais com um Berlusconi que pode pleitear sua poltrona a partir de 2019, quando cairá sua inelegibilidade.
Um indício de que o olhar de Tajani pode estar mais voltado para Roma do que para Bruxelas é sua recente intervenção junto ao Ministério da Indústria do Brasil para tentar solucionar a crise envolvendo a Embraco, empresa que demitirá quase 500 pessoas na Itália e que virou tema da campanha eleitoral.
Se encontrar uma saída favorável aos italianos, Tajani talvez prejudique a Eslováquia, país para onde a companhia pretende levar sua produção e que também pertence à UE. Na cadeira de primeiro-ministro, no entanto, ele não terá de dar satisfações a Bratislava. (ANSA)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.