Especial/ 2018, O ano de ?Trump contra todos?
SÃO PAULO, 20 DEZ (ANSA) - Por Fernando Otto - Em 2018, os Estados Unidos viveram o segundo ano da "era Trump", mas esteve longe de ser um período tranquilo. Mais do que acordos, o magnata republicano colecionou confrontos no cenário internacional. Guerra comercial com a China, saída do acordo nuclear com o Irã, crise diplomática com a Turquia, ameaças à Coreia do Norte, renegociação às pressas do Nafta, saída do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e crise com países árabes contrários ao reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, entre outras polêmicas. "Dentro de casa", Trump ainda enfrenta investigações sobre a interferência dos russos nas eleições de 2016, além das duras eleições de meio de mandato e dos já tradicionais confrontos com a imprensa, que culminaram na suspensão da credencial do repórter da CNN Jim Acosta para cobrir o dia-a-dia da Casa Branca.
Coreia do Norte - Enquanto, em 2017, Trump chamava o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em comícios e fóruns internacionais de "Rocket man" (homem-foguete, em inglês), o ano de 2018 serviu para acalmar a relação. Em junho, os dois presidentes realizaram uma cúpula em Singapura, na qual Kim aceitou reduzir gradativamente o programa nuclear do país. Em agosto, no entanto, a Organização das Nações Unidas (ONU) acusou o presidente do país asiático de seguir desenvolvendo armamentos. Mesmo assim, em setembro, Trump disse que ele e Kim estariam "apaixonados" e se davam muito bem.
"Trump é uma figura peculiar: uma hora gosta, em outra detesta.
Se adotasse a postura que propalou, de que iria atacar a Coreia, ele causaria uma guerra que traria maiores custos aos norte-coreanos, mas também prejudicaria os norte-americanos internacionalmente porque eles seriam condenados moralmente", diz Joaquim Carlos Racy, professor de Relações Internacionais da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Guerra comercial com China - Desde a metade do ano, Trump está em atrito com a China e já impôs sobretaxas a US$ 250 bilhões em importações de produtos do país asiático, alegando que Pequim quebra patentes e não cumpre compromissos de abertura de mercado. "O Trump adota um estilo de negociação que é duro, militante. Ele deixa a corda esticar para depois relaxá-la. Não acredito que ele tenha interesse em uma ruptura, mas ele usa essa tática como instrumento de barganha", explica Matias Spektor, coordenador da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
No mais recente capítulo da crise, a polícia canadense prendeu a diretora financeira da companhia chinesa de tecnologia Huawei, Meng Whanzou, a pedido dos Estado Unidos, que alegam que a companhia estaria violando as sanções comerciais do país contra o Irã. Acordo nuclear com Irã - Uma das decisões mais contestadas internacionalmente do presidente norte-americano foi a saída do acordo nuclear com Irã, firmado por Barack Obama em 2015 com o apoio de França, Rússia, Alemanha e Reino Unido.
Trump abandonou o tratado unilateralmente em maio, chamando-o de "desastroso" e causando uma crise diplomática até mesmo entre seus aliados. Assassinato de Jamal Khashoggi - O assassinato do jornalista do "The Washington Post", Jamal Khashoggi, que era crítico do governo da Arábia Saudita e morreu no último dia 2 de outubro após entrar no consulado saudita em Istambul, na Turquia, também causou turbulência nas relações internacionais de Donald Trump.
O serviço de inteligência dos Estados Unidos acusa o filho do monarca e líder "de facto" do reino árabe, o príncipe herdeiro Mohammad Bin Salman, de estar por trás do crime, mas Trump reluta em admitir a culpa do aliado. Embaixada em Jerusalém - A relação com os países árabes, que nunca foi das mais amistosas com os EUA, piorou significativamente após a decisão de Trump de mudar a embaixada norte-americana em Israel, que ficava em Tel Aviv, para Jerusalém. O território é considerado sagrado por islamismo, cristianismo e judaísmo, sendo que os dois últimos grupos religiosos disputam há séculos o domínio da cidade. "Trump busca reforçar essa posição de que nossos aliados são nosso aliados: Arábia Saudita e Israel e nós os defenderemos contra os 'bandidos' todos, que são Irã, a Rússia, a China...
Essa é uma mudança importante no padrão de política externa norte-americano que precisa ser sustentada de alguma forma. Ele joga com elementos vulgares mas isso tem por trás todo um pensamento que está sendo debatido pela sociedade norte-americana", explica Joaquim Racy.
Eleições e interferência russa - O ano de 2018 também foi marcado por uma derrota importante para Donald Trump. O partido republicano, do qual o magnata faz parte, perdeu a maioria que tinha no Congresso, apesar de ter ampliado sua bancada no Senado, nas eleições de meio de mandato realizadas em novembro.
O resultado teve influência das investigações conduzidas pelo procurador-especial Robert Mueller, que apuram uma possível interferência de hackers russos a serviço do governo de Vladimir Putin para favorecer a campanha de Trump à Casa Branca nas eleições de 2016.
"Se realmente ficar comprovado que houve uma intervenção por parte dos russos, com certeza isso vai prejudicar não só o Trump como também os republicanos. A eleição do Partido Democrata foi uma amostra disso", explica Joaquim Racy. "Se não forem confirmadas as suspeitas de interferência russa, as posições do Trump ficam legitimadas", acrescenta o professor.(ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Coreia do Norte - Enquanto, em 2017, Trump chamava o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em comícios e fóruns internacionais de "Rocket man" (homem-foguete, em inglês), o ano de 2018 serviu para acalmar a relação. Em junho, os dois presidentes realizaram uma cúpula em Singapura, na qual Kim aceitou reduzir gradativamente o programa nuclear do país. Em agosto, no entanto, a Organização das Nações Unidas (ONU) acusou o presidente do país asiático de seguir desenvolvendo armamentos. Mesmo assim, em setembro, Trump disse que ele e Kim estariam "apaixonados" e se davam muito bem.
"Trump é uma figura peculiar: uma hora gosta, em outra detesta.
Se adotasse a postura que propalou, de que iria atacar a Coreia, ele causaria uma guerra que traria maiores custos aos norte-coreanos, mas também prejudicaria os norte-americanos internacionalmente porque eles seriam condenados moralmente", diz Joaquim Carlos Racy, professor de Relações Internacionais da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Guerra comercial com China - Desde a metade do ano, Trump está em atrito com a China e já impôs sobretaxas a US$ 250 bilhões em importações de produtos do país asiático, alegando que Pequim quebra patentes e não cumpre compromissos de abertura de mercado. "O Trump adota um estilo de negociação que é duro, militante. Ele deixa a corda esticar para depois relaxá-la. Não acredito que ele tenha interesse em uma ruptura, mas ele usa essa tática como instrumento de barganha", explica Matias Spektor, coordenador da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
No mais recente capítulo da crise, a polícia canadense prendeu a diretora financeira da companhia chinesa de tecnologia Huawei, Meng Whanzou, a pedido dos Estado Unidos, que alegam que a companhia estaria violando as sanções comerciais do país contra o Irã. Acordo nuclear com Irã - Uma das decisões mais contestadas internacionalmente do presidente norte-americano foi a saída do acordo nuclear com Irã, firmado por Barack Obama em 2015 com o apoio de França, Rússia, Alemanha e Reino Unido.
Trump abandonou o tratado unilateralmente em maio, chamando-o de "desastroso" e causando uma crise diplomática até mesmo entre seus aliados. Assassinato de Jamal Khashoggi - O assassinato do jornalista do "The Washington Post", Jamal Khashoggi, que era crítico do governo da Arábia Saudita e morreu no último dia 2 de outubro após entrar no consulado saudita em Istambul, na Turquia, também causou turbulência nas relações internacionais de Donald Trump.
O serviço de inteligência dos Estados Unidos acusa o filho do monarca e líder "de facto" do reino árabe, o príncipe herdeiro Mohammad Bin Salman, de estar por trás do crime, mas Trump reluta em admitir a culpa do aliado. Embaixada em Jerusalém - A relação com os países árabes, que nunca foi das mais amistosas com os EUA, piorou significativamente após a decisão de Trump de mudar a embaixada norte-americana em Israel, que ficava em Tel Aviv, para Jerusalém. O território é considerado sagrado por islamismo, cristianismo e judaísmo, sendo que os dois últimos grupos religiosos disputam há séculos o domínio da cidade. "Trump busca reforçar essa posição de que nossos aliados são nosso aliados: Arábia Saudita e Israel e nós os defenderemos contra os 'bandidos' todos, que são Irã, a Rússia, a China...
Essa é uma mudança importante no padrão de política externa norte-americano que precisa ser sustentada de alguma forma. Ele joga com elementos vulgares mas isso tem por trás todo um pensamento que está sendo debatido pela sociedade norte-americana", explica Joaquim Racy.
Eleições e interferência russa - O ano de 2018 também foi marcado por uma derrota importante para Donald Trump. O partido republicano, do qual o magnata faz parte, perdeu a maioria que tinha no Congresso, apesar de ter ampliado sua bancada no Senado, nas eleições de meio de mandato realizadas em novembro.
O resultado teve influência das investigações conduzidas pelo procurador-especial Robert Mueller, que apuram uma possível interferência de hackers russos a serviço do governo de Vladimir Putin para favorecer a campanha de Trump à Casa Branca nas eleições de 2016.
"Se realmente ficar comprovado que houve uma intervenção por parte dos russos, com certeza isso vai prejudicar não só o Trump como também os republicanos. A eleição do Partido Democrata foi uma amostra disso", explica Joaquim Racy. "Se não forem confirmadas as suspeitas de interferência russa, as posições do Trump ficam legitimadas", acrescenta o professor.(ANSA)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.