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Polêmica campanha para promover abstinência sexual é lançada

03/02/2020 19h34

SÃO PAULO, 3 JAN (ANSA) - A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, lançaram nesta segunda-feira (3) o polêmico programa nacional que pretende incentivar o adiamento do início da vida sexual como forma de evitar uma gravidez. A Campanha de Prevenção da Gravidez na Adolescência marca o início da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, criada pelo presidente Jair Bolsonaro em janeiro de 2019.   


Mais cedo, a ministra publicou no seu Twitter a foto de um outdoor da campanha instalado nos corredores da Câmara dos Deputados e pediu a participação e o apoio das pessoas com o uso da hashtag #TudoTemSeuTempo nas redes sociais. "Estamos construindo um plano nacional de prevenção do sexo precoce. Essa ação é só o começo. Existem consequências graves, físicas e emocionais para o sexo antes da hora. Vamos fazer cartilhas, vamos para as escolas mostrar arte, música. Vamos cuidar das 'novinhas', e não apenas chamá-las para o sexo", afirmou Damares.   


Mandetta, por sua vez, destacou a relevância da ação. "Isso é elemento de discussão, sim. Nós precisamos olhar os números e saber as consequências. É papel de todos que têm uma responsabilidade com os jovens e adolescentes criar uma consciência. Estamos diminuindo os números [de gravidez indesejada] de 15 a 19 anos em 40%. Mas na faixa etária abaixo de 15 anos, de 2000 a 2016, o número da gravidez infantil permaneceu no mesmo patamar. Nada mudou", argumentou. A proposta, no entanto, foi alvo de críticas por parte de médicos, outros profissionais, além de entidades como a Sociedade Brasileira de Pediatria. Em reação, a Defensoria Pública da União, por sua vez, chegou a oficializar uma recomendação ao Ministério da Saúde para que a campanha não fosse lançada. De acordo com o pedido, não há evidências para comprovar a efetividade da abstinência sexual como maneira de prevenir a gestação entre adolescentes. "A conclusão de tais pesquisas é que as políticas de abstinência sexual não promoveram mudanças positivas na iniciação sexual e na vida sexual dos jovens, de modo que não impedem nem a gravidez na adolescência nem a propagação de infecções sexualmente transmissíveis entre os jovens", diz o documento.   


A ministra Damares Alves, no entanto, diz que a campanha é baseada em análises alcançadas por estratégias parecidas em vigor em países como Estados Unidos e Chile. "Não é loucura de uma ministra. Nossa proposta tem base em sérios estudos e pesquisas científicas", concluiu.   


O objetivo da campanha é estimular o adiamento de relações sexuais e orientar jovens a dialogar com a família e a procurar unidades de saúde antes de iniciar uma vida sexual ativa. (ANSA - Com informações da Agência Brasil)
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