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Bérgamo, na Itália, enfrenta escassez de caixões

Caminhões do exército italiano estacionados do lado de fora do cemitério Monumental de Bérgamo - ANSA/AFP
Caminhões do exército italiano estacionados do lado de fora do cemitério Monumental de Bérgamo Imagem: ANSA/AFP

Da Ansa, em Milão

24/03/2020 09h11Atualizada em 25/03/2020 15h03

A província de Bérgamo, mais atingida pela pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) na Itália, tem convivido com a escassez de caixões por causa do grande número de mortos na emergência sanitária.

O funcionário de uma funerária da província contou ao jornal Eco di Bergamo que está trabalhando "de 12 a 14 horas por dia, sem parar nem mesmo para comer".

"Não é fácil encontrar caixões. Nos últimos dias, encomendamos uma quantidade, mas a empresa veneziana não conseguiu entregá-los. Então fomos buscá-los com uma van. Dos 60 caixões pedidos, nos deram apenas 30. Estamos em colapso", disse.

Segundo o funcionário, uma família chegou a esperar a funerária por 14 horas. "Quando a morte acontece no hospital, os corpos são colocados em sacos pretos e ficam ali uns dois dias antes que possamos pegá-los", contou.

Funerárias vão parar

O presidente de uma associação que reúne funerárias de Bérgamo, Antonio Ricciardi, disse que as empresas já estão se preparando para suspender as atividades. "Após terem resistido por mais de 20 dias e após terem começado a contar os próprios caídos, as empresas foram forçadas a ter escolhas de princípio. Os trabalhadores do setor não são examinados, não há equipamentos de proteção individual", declarou.

A província concentra 6.471 dos 63.927 casos do novo coronavírus na Itália, o que representa 10% do total. Nas últimas semanas, fotos de caminhões militares em fila para levar corpos de bergamascos para outras regiões da Itália rodaram o mundo.

Além disso, o Eco di Bergamo, que costumava publicar até duas páginas de obituário em suas edições, agora destina mais de 10 para dar espaço a todos os mortos.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado anteriormente na legenda da foto em destaque, o local onde os caminhões militares estavam estacionados é o Cemitério Monumental de Bérgamo, e não um hospital. A informação foi corrigida.