Na ONU, China manda indireta aos EUA e critica intervenção externa
Em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (21), o presidente chinês, Xi Jinping, reiterou a defesa do multilateralismo, disse que as disputas entre os países "precisam ser tratadas por meio do diálogo e da cooperação" e, em uma referência indireta aos Estados Unidos, criticou o intervencionismo externo.
Em um pronunciamento de cerca de 15 minutos, o líder chinês ressaltou que as relações internacionais precisam ser pautadas pelo respeito entre as nações, principalmente porque há diferentes "caminhos para a modernização".
"As diferenças entre os países podem ser encaradas com respeito mútuo e em sinal da igualdade. O sucesso de um país não deve coincidir com o fracasso de outro", declarou Xi, enfatizando que "o mundo é grande o bastante para acomodar o desenvolvimento e o progresso de todos os países".
Sem citar nominalmente os Estados Unidos, Xi criticou o intervencionismo externo, abordando os procedimentos militares ocidentais em nações como o Afeganistão e Iraque.
"Episódios recentes no cenário internacional mostram, mais uma vez, que a intervenção militar estrangeira e a chamada 'transformação democrática' podem não trazer resultado nenhum além de dano", disse ele, referindo-se implicitamente ao retorno do Talibã ao poder no país asiático.
Segundo ele, "a democracia não é um direito especial reservado a alguns países, mas sim algo a que todas as populações do mundo podem ter acesso".
Em outra referência indireta ao governo americano, Xi ressaltou que a "China nunca invadirá ou intimidará os outros em busca de hegemonia". Para ele, seu país "é um construtor da paz mundial", contribui para o desenvolvimento global, defende a ordem internacional e fornece bens públicos.
"A China continuará a trazer novas oportunidades ao mundo através do seu desenvolvimento", acrescentou.
Mudanças climáticas - Durante seu discurso, Xi reiterou também o compromisso da China com a luta contra as mudanças climáticas e anunciou que o país vai parar de construir e financiar usinas de carvão no exterior.
"A China aumentará o apoio a outros países em desenvolvimento em projetos de energia verde e de baixo carbono e não construirá novos projetos de energia no exterior", disse Xi.
O compromisso climático é assumido um ano após Xi anunciar que a China atingirá o pico de emissões de carbono antes de 2030 e pretende se tornar neutra em carbono até 2060. Ambas as promessas foram reiteradas hoje.
"Precisamos melhorar a governança global, responder ativamente às mudanças climáticas e criar uma comunidade de vida para o homem e a natureza", enfatizou.
Atualmente, a China produz a maior parcela das emissões. É de longe o maior produtor de carvão no mercado interno e o maior financiador de usinas termelétricas a carvão no exterior.
Covid-19 - Na ONU, o presidente chinês defendeu também uma ação conjunta para a recuperação e o desenvolvimento econômico após os impactos causados pela pandemia de Covid-19.
"Em todos os países, as pessoas estão ansiosas por paz e desenvolvimento e, mais do que nunca, seus anseios por igualdade e justiça mais fortes, assim como sua determinação para buscar uma cooperação benéfica a todos", declarou Xi.
O político do país asiático destacou que a prioridade desse desenvolvimento é vencer a emergência sanitária, com decisões baseadas na ciência. Além disso, a vacinação deve ser a principal ferramenta usada para combater o vírus.
Por fim, Xi explicou que seu governo está engajado em contribuir com as investigações sobre a origem do Sars-CoV-2 e prometeu o fornecimento ao mundo de cerca de 2 bilhões de doses de imunizantes até o final de 2021.
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