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Salvini acusa UE de interferir em eleição na Itália: 'Invasão de campo não solicitada'

Líder da Liga Matteo Salvini em comício de encerramento da campanha eleitoral da coalizão de centro-direita - REUTERS/Yara Nardi
Líder da Liga Matteo Salvini em comício de encerramento da campanha eleitoral da coalizão de centro-direita Imagem: REUTERS/Yara Nardi

23/09/2022 08h48

O ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini acusou nesta sexta-feira (23) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de tentar interferir no processo eleitoral no país, que vai às urnas em 25 de setembro para renovar seu Parlamento.

A crítica chega um dia depois de a alemã ter dito que a União Europeia tem "instrumentos" para reagir caso a Itália caminhe em uma "direção difícil" após o pleito de domingo, que tem a extrema direita como favorita à vitória. Na ocasião, ela citou os casos de Hungria e Polônia, alvos de procedimentos da UE por violações do Estado de Direito.

"Trata-se de uma esquálida ameaça, uma invasão de campo não solicitada. Essa senhora representa todos os europeus, seu salário é pago por todos nós", afirmou Salvini, líder do partido de ultradireita Liga, ao programa de TV "Mattino Cinque".

"São os italianos quem vão votar no domingo, não os burocratas de Bruxelas. Se eu fosse presidente da Comissão Europeia, estaria preocupado com os boletos", acrescentou o ex-ministro. Segundo ele, a Liga vai apresentar uma moção de censura contra Von der Leyen.

As declarações da alemã também foram alvos de ironia por parte da Embaixada da Rússia em Roma. "Nova ingerência russa? Não, não é russa...", disse a sede diplomática no Twitter, em referência às acusações de que Moscou quer interferir nas eleições italianas para favorecer a extrema direita.

As falas de Von der Leyen foram feitas durante um debate em Princeton, nos EUA, ocasião em que ela também disse que Bruxelas vai trabalhar "com qualquer governo democrático", independentemente da orientação política.

A presidente do Executivo da UE pertence ao Partido Popular Europeu (PPE), mesma sigla do ex-premiê Silvio Berlusconi, aliado de Salvini. Ao lado da deputada de extrema direita Giorgia Meloni, os dois integram a coalizão favorita à vitória na Itália, inclusive com a expectativa de obter ampla maioria no Parlamento.

Após a polêmica, um porta-voz da Comissão Europeia disse nesta sexta que está "absolutamente claro" que Von der Leyen "não interveio nas eleições italianas" e que fazia referência a procedimentos "em curso em outros países", como Polônia e Hungria.