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CNN denuncia que governo da Nicarágua cortou sinal da emissora no país

CNN diz que o governo não se posicionou sobre o tema - Reprodução/CNN
CNN diz que o governo não se posicionou sobre o tema Imagem: Reprodução/CNN

Do UOL, em São Paulo

22/09/2022 10h07Atualizada em 22/09/2022 10h32

O governo da Nicarágua tirou o sinal da CNN do ar na noite de ontem, diz a emissora. O veículo de comunicação confirmou, em seu site em espanhol, que o sinal foi perdido e as autoridades locais não explicaram as motivações sobre a medida.

Em um posicionamento, a CNN diz que a imprensa desempenha um "papel vital" para uma democracia saudável. "O governo da Nicarágua desativou nosso sinal de televisão, negando aos nicaraguenses notícias e informações de nossa rede, na qual eles confiam há mais de 25 anos".

A emissora disse que o site continuará com o sinal no ar. O comunicado também foi lido ao vivo pelo apresentador Fernando Del Rincon.

"A CNN en Español continuará cumprindo sua responsabilidade com o público nicaraguense, oferecendo nossos links de notícias no CNNEspanol.com, para que eles possam acessar informações não disponíveis de outra forma. A CNN apoia as reportagens de nossa cadeia e reafirma seu compromisso com a verdade e a transparência".

O governo ainda não se pronunciou por meio de seus canais oficiais sobre o tema.

O que acontece na Nicarágua?

Após um primeiro mandato presidencial em meados da década de 1980, Ortega retomou o poder em 2007 e, desde 2017, sua esposa, Rosario Murillo, o acompanha como vice-presidente.

As últimas eleições de novembro de 2021, que Ortega venceu com 75% dos votos, foram realizadas com sete candidatos da oposição presos e alegações de fraude por parte de organizações internacionais.

A CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) documentou torturas e outras violações de direitos humanos cometidas pelas autoridades nicaraguenses nos últimos quatro anos, bem como o confinamento de mais de 190 presos políticos, alguns deles em condições desumanas.

Ortega, apoiado pelos governos de Cuba e Venezuela, descreveu essas acusações como "invenções" em uma campanha para "dar má fama à Nicarágua perante organizações internacionais".

Ele também acusou os bispos do país de "tomar partido" e estarem comprometidos com os "golpistas", além de terem promovido a criação de "seitas satânicas".

Fechamento do La Prensa

A Nicarágua converteu em centro cultural o local onde funcionava o jornal La Prensa da Nicarágua, crítico do governo de Daniel Ortega e ocupado pela polícia desde o ano passado.

As instalações do jornal, o mais antigo do país com 95 anos de existência, foram tomadas pela polícia em 13 de agosto de 2021, sob a alegação de uma investigação por fraude e lavagem de dinheiro contra seus diretores.

O editor-chefe do La Prensa, Juan Lorenzo Holmann, foi preso no ano passado em meio a uma sequência de detenções de dirigentes da sociedade civil, opositores e candidatos presidenciais, antes das eleições de novembro de 2021, nas quais Ortega foi eleito para um quarto mandato consecutivo.