Candidato argentino pede desculpas por ataques contra Papa

BUENOS AIRES, 2 OUT (ANSA) - O candidato ultraliberal e vencedor das primárias na Argentina, Javier Milei, pediu desculpas ao papa Francisco por seus ataques e disse que irá respeitá-lo como chefe de Estado e líder da Igreja Católica.   

A declaração foi dada após seu rival nas eleições presidenciais Sergio Massa exigir um pedido de desculpas durante debate realizado na noite do último domingo (1°), em Santiago del Estero.   

Na ocasião, Massa e Milei protagonizaram uma discussão tensa no quadro "perguntas cruzadas", no qual os candidatos se questionavam.   

O atual ministro da Economia da Argentina criticou o ultraliberal por seus ataques contra o líder da Igreja Católica durante uma entrevista que concedeu ao jornalista norte-americano Tucker Carlson, publicada no X (antigo Twitter).   

Na conversa, ele chegou a enfatizar que o religioso tem "forte interferência na política" e uma "afinidade com comunistas assassinos", citando Fidel Castro e Nicolàs Maduro.   

"Javier, mais do que uma pergunta quero fazer um pedido a você.   

A Argentina tem milhões de fiéis católicos e você ofendeu o chefe da Igreja. Quero que você aproveite estes 45 segundos para pedir perdão ao Papa, que é o argentino mais importante da história", declarou Massa.   

Por sua vez, Milei evitou fazer referência à entrevista com Carlson e falou sobre as críticas que fez a Francisco anos atrás, quando "ele ainda não estava na política".   

"Parece que você está mal informado, porque eu já tinha pedido desculpas por isso, e faria de novo, porque não tenho problema com isso, porque se eu estiver errado, não tenho problema em repetir que sinto muito por isso", respondeu ele ao candidato rival.   

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"Além disso, uma das coisas que eu disse é que se o Papa quisesse vir para a Argentina, ele seria respeitado não apenas como chefe de Estado, mas como líder da Igreja Católica, portanto, vá em frente, pare de trapacear e dedique-se a reduzir a inflação e acabar com o governo de maneira decente, vá em frente", acrescentou Milei.   

O favorito na corrida presidencial segundo as pesquisas já criticou Jorge Bergoglio diversas vezes. Ele, inclusive, chegou a definir o religioso, entre outras coisas, como o "representante do Maligno na terra" e como "comunista". No entanto, após sua vitória nas primárias, Milei havia moderado seu discurso, dizendo que respeita o Santo Padre e que ele "é o líder espiritual da grande maioria dos argentinos".   

Milei também confirmou que o receberia como um chefe de Estado caso fosse à Argentina, durante seu possível mandato. No mês passado, o movimento de padres das villas argentinas (espécie de favela) organizou uma missa pública "para reparar os ultrajes" cometidos por Milei contra o Papa. Na ocasião, foi lido um documento no qual se rejeita os ataques do candidato à Presidência e reitera a "necessidade de uma política a favor do bem comum" na Argentina.   

Debate - Durante o debate, Milei minimizou os crimes da ditadura militar ao afirmar que eram "excessos" e que "os desaparecidos não eram 30 mil, mas 8.753".   

"Durante a década de 1970 houve uma guerra e as forças do Estado cometeram excessos, mas os terroristas também mataram, cometeram ataques e cometeram crimes contra a humanidade", afirmou ele.   

O candidato ultraliberal, que surpreendentemente obteve o maior número de votos nas primárias de agosto, rejeitou, portanto, o debate sobre a memória e a procura de justiça para os crimes da ditadura como algo do passado. "Continuem discutindo a história, viemos para governar", acrescentou.   

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Durante o debate, as receitas para sair da grave situação que assola a economia argentina, com inflação de 124% e pobreza acima de 40%, também estiveram no centro do embate.   

Milei afirmou ser "o único capaz de exterminar a inflação" e propôs "uma reforma profunda do Estado, um corte drástico nas despesas, a redução do nível de impostos, as privatizações e o encerramento do Banco Central".   

Por sua vez, Massa defendeu "um programa de desenvolvimento" que aproveite ativos de rápido crescimento, como energia e lítio, mantendo o equilíbrio fiscal e reduzindo progressivamente os principais fatores inflacionários.   

O combate à inflação também é uma prioridade para a conservadora Patricia Bullrich, que ressaltou ter um corpo econômico adequado para o efeito e uma estrutura política forte para executar seu programa. Já a candidata de esquerda Miriam Bregman atribuiu a culpa pela crise atual aos governos sujeitos ao Fundo Monetário Internacional, enquanto Juan Schiarett expressou principalmente a necessidade de regressar a políticas de equilíbrio fiscal.   

(ANSA).   

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