Serra Gaúcha se inspira na Itália para promover agroturismo

BENTO GONÇALVES, 29 MAR (ANSA) - Reforçar o turismo de experiências e valorizar produtos típicos. Esses são os objetivos do agroturismo, cultura italiana que encontra na Serra Gaúcha o ambiente ideal para se desenvolver e que será apresentada na próxima edição da feira Envase Brasil, em Bento Gonçalves, entre 23 e 25 de abril, por Fausto Faggioli, referência para o setor na Itália.   

O especialista fará uma palestra no primeiro dia da feira, dentro do Meeting Wine, encontro com especialistas do mundo do vinho, na presença do Cônsul-Geral italiano em Porto Alegre, Valerio Caruso.   

Segundo Faggioli, o agroturismo é praticado por 26 mil estabelecimentos na Itália e injeta quase 2 bilhões de euros (R$ 10,83 bilhões) na economia nacional, atraindo 4 milhões de viajantes por ano.   

"O principal benefício do agroturismo, ao encurtar a cadeia produtiva e produzir localmente, é a capacidade de se relacionar diretamente com o mercado, portanto o valor das produções e serviços oferecidos é ajustado às necessidades econômicas da empresa", destaca o palestrante, que define essa tendência como uma forma promover o território e hospedar o consumidor final para agregar valor a produtos locais por meio de experiências.   

De acordo com Faggioli, o agroturismo é uma atividade que surgiu para ajudar a complementar a renda dos agricultores, porém vai além disso. "Ele promove a interação social com os turistas, que nesse ambiente informal se sentem bem, cercados pela natureza e seus ritmos, valorizando a cultura rural e os produtos típicos", reforça.   

E cidades como Bento Gonçalves, principal destino enoturístico brasileiro e repleta de cenários naturais, com 1,7 milhão de visitantes por ano, se tornam o lugar ideal para a promoção do turismo agrícola O município está inserido em um novo roteiro centrado na espiritualidade: a Rota dos Capitéis, desenvolvida para explorar os pequenos templos construídos por famílias de imigrantes e seus descendentes às margens de estradas no interior, em meio a colinas e parreirais a perder de vista. O caminho envolve 10 cidades da Serra Gaúcha e terá mais de 800 quilômetros, uma espécie de Santiago de Compostela à brasileira e podendo ser explorado por meio de diversos microrroteiros.   

Para Faggioli, o turismo em áreas rurais representa um segmento em crescimento com interessantes oportunidades de desenvolvimento, tendo em vista que os viajantes buscam cada vez mais um contato direto com a natureza.   

"As oportunidades são derivadas da capacidade de responder a algumas das tendências emergentes na demanda turística, que favorecem formas de experiência menos massificadas e mais atentas aos valores da natureza, cultura, enogastronomia e vida rural em geral. O mercado turístico deseja descobrir as autenticidades de um local através do mundo rural e seus produtos", diz. Autor de vários livros de marketing e comunicação sobre desenvolvimento rural e colaborador de universidades, administrações públicas, entre outros órgãos europeus, o palestrante afirma, no entanto, que o agroturismo exige vocação para a hospitalidade e paixão pela terra e pelas tradições rurais. "Hoje, as pessoas podem esquecer o que dissemos, podem até esquecer o que fizemos, mas as pessoas nunca esquecerão como as fizemos sentir. É por isso que o agroturismo não é apenas o que você me oferece, mas sim como você me faz sentir", ensina.   

(ANSA).   

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