Desempenho de Biden em debate instaura pânico em democratas

A mídia e os analistas americanos são quase unânimes: no primeiro debate presidencial na TV, Joe Biden se saiu mal. Voz fraca e rouca (devido a uma constipação, segundo sua campanha), gaguejando com mais frequência que o habitual, frases confusas ou repetidas mecanicamente, olhar perdido.

Um cenário que instaurou o pânico em algumas alas do Partido Democrata, que temem que o desempenho do presidente possa afundá-lo nas pesquisas para as eleições contra o republicano Donald Trump. "Estamos ferrados", disse um integrante da legenda progressista, enquanto se começa a falar em uma possível substituição.

A campanha de Biden também está na mira por ter insistido na realização do debate neste estágio da disputa, após tê-lo preparado durante uma semana em Camp David. Donald Trump, pelo contrário, se mostrou cheio de energia, capaz até de controlar a habitual agressividade, embora tenha se esquivado de muitas perguntas e repetido várias mentiras.

Sem direito a cumprimentos, evidenciando o clima de polarização em um país onde cada um não reconhece mais o adversário, Biden e Trump brigaram sobre tudo, da economia à imigração, do meio ambiente ao aborto, com constantes acusações recíprocas.

O magnata atacou a inflação que "está matando nosso país" e as supostas "portas abertas" para "criminosos e terroristas" na fronteira com o México. Biden, por sua vez, elencou seus sucessos após o "caos" deixado por seu antecessor na economia, acusando-o de ter beneficiado os mais ricos com desonerações fiscais, aumentando o déficit.

Na política externa, Trump repetiu que a guerra na Ucrânia não teria começado se ele fosse o presidente, mas não apresentou sua receita para a paz. Além disso, esquivou-se de responder se é favorável a um Estado palestino e disse que Israel "precisa terminar seu trabalho com o Hamas".

Também não faltaram insultos pessoais. Biden chamou Trump de "perdedor e idiota" e o definiu como um "criminoso condenado".

Em maio passado, o ex-presidente foi sentenciado por fraude contábil no "caso Stormy Daniels", e o democrata o acusou de trair a mulher grávida com uma estrela pornô e de ter a "moral de um gato de rua".

Trump, por sua vez, recordou os problemas judiciais do filho de Biden, Hunter, e disse que o próprio presidente pode ser condenado quando deixar a Casa Branca. Também desafiou o democrata a fazer um "teste cognitivo", em mais uma tentativa de exaltar a diferença física entre os dois, que se desafiaram a uma partida de golfe.

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