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Militantes islâmicos atacam mesquita centenária mais famosa do Mali

02/07/2012 17h12

Militantes islâmicos atacaram uma das mais famosas mesquitas da cidade histórica de Timbuktu, no Mali, segundo informações de moradores da cidade.

Um morador disse à BBC que homens armados arrombaram a porta da mesquita Sidi Yahia, datada do século 15.

O grupo Ansar Dine, que teria ligação com a Al-Qaeda, assumiu o controle de Timbuktu no início de 2012.

Os militantes da organização extremista já destruíram vários templos da cidade alegando que as construções vão contra as interpretações mais severas da doutrina islâmica.

O porta-voz do Ansar Dine, Sana Ould Bamana, disse à BBC que o grupo já conseguiu alcançar 90% de seus objetivos de destruir todos os mausoléus que não seguem as regras islâmicas.

Segundo Bamana, a Sharia, a lei religiosa islâmica, não permite que as construções de túmulos ultrapassem os 15 centímetros.

As construções históricas da cidade são consideradas Patrimônio da Humanidade pela ONU.

A Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) e o governo no Mali já pediram para que o Ansar Dine suspenda a destruição do patrimônio.

A Unesco disse temer que artefatos e manuscritos valiosos possam ser contrabandeados para fora da região e pediu ajuda aos países vizinhos para evitar o contrabando das peças.

O novo promotor chefe da Corte Criminal Internacional, Fatou Bensouda, condenou no último domingo a destruição empreendida pelo grupo islâmico, afirmando que a ação do Ansar Dine é um "crime de guerra", segundo a agência de notícias AFP.

Extremistas

A Organização da Conferência Islâmica, composta por 55 países, divulgou uma declaração na qual disse que os locais atacados pelo Ansar Dine são "parte do rico patrimônio islâmico do Mali e não se deve permitir que sejam destruídos e colocados em risco por elementos extremistas intolerantes".

Sidi Yahia é uma das três grandes mesquitas de Timbuktu.

A cidade ganhou reconhecimento internacional devido ao seu papel como centro de aprendizado islâmico, baseado nas três grandes mesquitas da cidade, durante os séculos 15 e 16.

A porta que foi destruída tinha sido selada, pois dá acesso aos túmulos sagrados dos santos. Alguns moradores acreditam que a abertura da porta é um anúncio de desgraças.

De acordo com a agência de notícias AFP, algumas testemunhas da ação do grupo islâmico choraram quando viram os danos.

Timbuktu também é conhecida como a "Cidade dos 333 Santos", da qual se origina a tradição sufista islâmica.

Mas a crença professada pelo Ansar Dine, que é salafista, condena a veneração de santos.

O grupo assumiu o controle de Timbuktu em abril.

Inicialmente, o Ansar Dine estava trabalhando junto com rebeldes seculares tuaregues, exigindo a independência dos territórios do norte do Mali.

Os grupos, entretanto, entraram em choque recentemente e as forças islâmicas controlam, agora, os três principais centros do norte do país africano, Timbuktu, Gao e Kidal.