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Quem é o clérigo xiita cuja execução pela Arábia Saudita causou revolta

O clérigo xiita Nimr al-Nimr era forte crítico da família real saudita e havia sido preso diversas vezes nos últimos dez anos - Reuters
O clérigo xiita Nimr al-Nimr era forte crítico da família real saudita e havia sido preso diversas vezes nos últimos dez anos Imagem: Reuters

02/01/2016 16h42Atualizada em 01/03/2016 18h30

A execução pela Arábia Saudita do proeminente clérigo xiita Nimr al-Nimr causou revolta e protestos em comunidades xiitas pelo Oriente Médio.

Al-Nimr era conhecido por verbalizar o sentimento da minoria xiita na Arábia Saudita, que se sente marginalizada e discriminada, e foi crítico persistente da família real saudita. Acredita-se que tinha um grande número de seguidores entre jovens xiitas sauditas.

Ele e outras 46 pessoas foram executados no sábado (2), após serem condenadas por crimes de terrorismo.

A família do clérigo disse que entre as condenações incluía a acusação de "interferência estrangeira" no reino, mas seus apoiadores dizem que ele apenas defendia demonstrações pacíficas e era contrário à oposição violenta ao governo.

Ele foi, inclusive, um grande apoiador dos protestos na região leste saudita, de maioria xiita, em 2011. No ano seguinte, sua prisão - na qual ele foi baleado - gerou dias de manifestações nesta área, que resultaram na morte de três pessoas.

O clérigo havia sido detido várias vezes nos últimos dez anos e, em uma das ocasiões, disse ter apanhado de agentes da polícia secreta saudita.

Em 2008, se reuniu com autoridades dos Estados Unidos, segundo o site Wikileaks, numa tentativa de se afastar de posições antiamericanas e pró-Irã.

O grupo de direitos humanos Reprieve considerou as execuções "espantosas" e disse que ao menos quatro dos mortos, incluindo Al-Nimr, foram condenados à morte por crimes relacionados a protestos políticos.

'Alto preço'

O xiita Irã, principal rival regional da sunita Arábia Saudita, liderou a condenação oficial à execução. Sendo o poder xiita na região, o governo iraniano observa com grande interesse a questão de minorias xiitas no Oriente Médio.

A chancelaria iraniana disse que o reino saudita pagará um alto preço pela ação, e convocou o encarregado de negócios saudita em Teerã como protesto.

O site do líder supremo iraniano, aiatolá Khamenei, divulgou uma foto sugerindo que a execução era comparável às ações do grupo autodenominado Estado Islâmico.

Já autoridades sauditas negaram discriminar xiitas e acusam o Irã de alimentar o descontentamento.

O conselho xiita libanês chamou a execução de "grave erro" e o grupo militante xiita Hezbollah descreveu o ato como "assassinato".

Protestos contra a execução foram realizados na Província Leste saudita, no Barein e em outros países.

As execuções de sábado foram realizadas simultaneamente em 12 locais na Arábia Saudita. Entre os mortos está um cidadão do Chade e outro do Egito. Os demais eram sauditas.

A Arábia Saudita realizou mais de 150 execuções no ano passado, o maior número registrado por grupos de direitos humanos em 20 anos.