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Quem são os homens negros vítimas de policiais brancos cujas mortes geraram novos protestos nos EUA

Manifestante é detido pela polícia de Nova York durante protesto pela morte de negros por policiais - Eduardo Munoz/ Reuters
Manifestante é detido pela polícia de Nova York durante protesto pela morte de negros por policiais Imagem: Eduardo Munoz/ Reuters

08/07/2016 06h54

Os Estados Unidos acordaram nesta sexta-feira com os relatos dramáticos do ataque, em Dallas, de um franco-atirador que matou pelo menos cinco policiais.

As razões do ataque a policiais não estão claras, mas muitos dizem que podem estar ligadas às recentes mortes de negros pela polícia, que geraram protestos em várias cidades americanas.

O ataque em Dallas veio durante um desses protestos, que mais uma vez levou americanos às ruas em manifestações contra o suposto racismo de forças policiais do país.

Na raiz destes protestos estiveram as mortes de Philando Castile e Alton Sterling, na terça e na quarta-feira.

Castile foi baleado por um policial quando supostamente pegava sua carteira de motorista no carro, a pedido de um policial, em St Paul, Minnesota, na quarta-feira. O caso teve grande notoriedade no país por causa de uma transmissão em vídeo feita ao vivo pelo Facebook de sua namorada, que estava no mesmo carro cercado por policiais.

Já Alton Sterling foi morto pela polícia em Baton Rouge, Louisiana, quando vendia CDs no estacionamento de uma loja de conveniência. Dois vídeos mostram a polícia partindo para cima dele para imobilizá-lo e o som de tiros sendo disparados

Saiba quem eram essas vítimas:

Philando Castile

vitima1 - Reprodução/ Facebook - Reprodução/ Facebook
Philando Castile era querido por alunos e funcionários, segundo relatos da mídia
Imagem: Reprodução/ Facebook
Castile, de 32 anos, trabalhava no refeitório de uma escola em St Paul havia mais de dez anos, contou seu tio Clarence a jornalistas de Minnesota. Ele era popular entre alunos e funcionários.

Clarence compartilhou, em seu perfil no Facebook, a afirmação de um bispo de Minnesota, Divar Kemp, chamando Castile de "um homem saudável que foi morto porque obedeceu as ordens do policial".

O primo de Castile, Antonio Johnson, disse ao jornal Star Tribune que seu primo havia se formado com mérito no ensino médio.

"Castile era um negro dirigindo em Falcon Heights que foi imediatamente enquadrado em um perfil criminoso e perdeu sua vida", disse Johnson.

O Star Tribune disse que Castile tinha apenas delitos leves em sua ficha criminal.

A agonia de Castile, depois de ser baleado, foi transmitida ao vivo pelo Facebook por sua namorada, Diamond Reynolds, que queria denunciar a situação.

Ela aparece sentada no banco do carona, ao lado da vítima, que está com a camisa ensanguentada e com o cinto de segurança afivelado.

Segundo a namorada, Castile foi parado por causa de um farol quebrado e teria dito ao policial que o parou que tinha licença para portar arma e que estava com uma.

Mas ela diz que ele estava se movimentando para pegar sua carteira de motorista quando foi baleado e morto.

A filha deles, de quatro anos, estava no banco de trás.

Alton Sterling

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Alton Sterling vendia CDs e DVDs
Imagem: Reprodução/ Facebook
Não há muitas informações públicas sobre Sterling, de 37 anos.

O pai de cinco filhos vendia CDs e DVDs no estacionamento em que foi morto, disseram parentes dele a jornais de Lousiana.

Segundo a CNN, ele era conhecido como "o cara do CD".

A rede americana diz que a polícia foi chamado ao local por um morador de rua que pediu dinheiro a Sterling repetidamente e que teria sido ameaçado por ele com uma arma.

Mas o dono da loja de conveniência em que ficava o estacionamento disse à rede que conhecia Sterling há seis anos e nunca o viu brigando com alguém.

"Se você pedisse qualquer coisa a Alton, ele te dava", disse sua tia, Lorna, ao jornal The Advocate. "Alton te daria o mundo."

Uma emissora, 9News, no entanto, disse que Sterling tinha uma longa ficha criminal, com condenações por agressão, drogas e roubo, e que ele havia sido preso em 2009 por resistir à prisão e portar arma ilegalmente.

Mas Lorna disse que seu sobrinho procurava ganhar a vida trabalhando honestamente após sua última condenação, em 2011.

Quinyetta McMillon, a mãe do filho de 15 anos dele, pediu que ele não fosse julgado por sua ficha criminal.

"Estão sujando a imagem de um homem que não estava fazendo nada além de ganhar a vida para sustentar seus filhos", afirmou ela ao jornal USA Today.

Um vídeo divulgado na quarta-feira mostra Sterling sendo imobilizado por dois agentes. Ele é levado ao chão e os agentes ficam sobre ele, apontando suas armas.

Um deles dispara e a pessoa que filma afasta a câmera. Quando a imagem volta a focá-los, Sterling está deitado no chão, com o peito ensanguentado.

Em seguida, o vídeo mostra o agente tirando algo - que segundo relatos seria uma arma - do bolso de Sterling.