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As luxuosas mansões russas no alvo das autoridades dos EUA

31/12/2016 07h20

Duas fazendas usadas para lazer por russos nos Estados Unidos se tornaram alvos da Casa Branca como parte de uma série de medidas em meio a uma disputa diplomática relacionada a ataques cibernéticos e a suspeitas de interferência na eleição americana.

Além da expulsão de 35 diplomatas russos, os EUA isolaram os dois imóveis usados pelo governo russo nos Estados de Nova York e Maryland.

O governo americano afirmou que eles eram empregados em atividades de inteligência, mas não está claro se os locais estão ligados diretamente ao caso de ataques por hackers.

Mas o que se sabe sobre os imóveis?

Estruturas de inteligência ou casas de veraneio?

Há uma divergência entre a Rússia e os EUA sobre o que são esses imóveis.

Uma autoridade do Departamento de Estado americano as classificou como complexos de inteligência protegidos por aparatos de segurança.

Mas o Ministério das Relações Exteriores da Rússia descreveu as duas propriedades como meras "dachas", o nome russo dado a casas de veraneio - uma imagem muito mais inocente.

Maryland

Segundo a imprensa americana, a propriedade em Maryland é um retiro usado pela embaixada russa.

O local fica a cerca de 100km ao leste de Washington. Ele pertencia a John J. Raskob, um executivo da montadora General Motors que ajudou a financiar a construção do edifício Empire State.

Foi comprado pelo governo soviético em 1972 e usado como resort - o que gerou um temor infundado de que submarinos russos teriam sido vistos na baía próxima à propriedade.

Jantares e presentes ajudaram a melhorar a relação dos russos com seus vizinhos.

"Não poderiam ser melhores. Eles (russos) não incomodam ninguém", disse um morador ao jornal The Washington Post em 1979.

Em 1987, um repórter do mesmo jornal visitou o local a convite de Oleg Sokolov, que trabalhava como ministro na embaixada soviética em Washington.

Ele escreveu uma reportagem relatando que o local tinha uma rede de câmeras de segurança e cercas, mas que a atitude dos russos era muito aberta. "Não temos nada a esconder aqui", disse Sokolov.

O jornalista descreveu que o complexo era formado por duas mansões, uma quadra de tênis, uma piscina, um campo de futebol, um ancoradouro e seis bangalôs - que estavam fechados. Cerca de 20 russos aproveitavam as instalações.

Quando a União Soviética se desfez em 1992, o local foi vendido para a Rússia.

A agência de notícias Associated Press afirmou que uma das mansões foi reformada e transformada em um complexo de 12 apartamentos.

A agência disse ainda que foram construídas outras 12 casas, divididas em quatro apartamentos cada. A capacidade total era para 40 famílias, que pagavam uma pequena taxa de manutenção para usar o espaço.

Desde então, o local quase não apareceu na mídia - até agora.

Nova York

Grande parte da mídia americana voltou suas atenções para o imóvel de Nova York - uma grande casa chamada Killenworth. A mansão tem 49 quartos e fica em Long Island, próximo a Manhattan.

Os russos tinham a propriedade há muito tempo. Autoridades americanas disseram ao jornal The New York Times que o local ficava sempre vazio - exceto por alguns zeladores.

Segundo o jornal, o clima ficou tenso em 1982, quando o governo de Ronald Reagan acusou russos de espionarem indústrias de defesa e tecnologia na região.

O site Buzzfeed apontou outra propriedade em Oyester Bay como pertencente à Rússia - além de afirmar que houve uma grande movimentação de veículos no local após o anúncio recente feito pela Casa Branca.

Diplomatas americanos têm esse tipo de propriedades na Rússia?

Sim. A chancelaria russa sugeriu banir diplomatas americanos de suas propriedades de lazer em Serebryany Bor, perto de Moscou. Mas o presidente Vladimir Putim optou por uma resposta mais amena.

"Não vamos privar suas famílias e crianças dos lugares onde normalmente passam os feriados de fim de ano. Além disso, eu convido todos os filhos de diplomatas americanos credenciados para visitar a árvore de Natal do Kremlin (sede do governo russo)".