A nova guerra comercial de Trump, desta vez contra a Europa
O governo dos EUA anunciou na segunda que prepara aumento nas tarifas de importação sobre US$ 11 bilhões em produtos importados da União Europeia; mas, neste caso, a disputa é diferente da guerra comercial travada contra a China.
Após empreender uma guerra comercial com a China, aumentando impostos sobre produtos importados do gigante asiático, o governo Donald Trump agora parece disposto a entrar numa disputa com a União Europeia.
O governo dos Estados Unidos anunciou na segunda-feira que prepara um aumento nas tarifas de importação que atingiria US$ 11 bilhões em produtos europeus.
"A União Europeia se aproveitou comercialmente dos Estados Unidos durante muitos anos. Isso vai acabar já", disse Trump, na terça, em mensagem publicada no Twitter.
Vários produtos europeus serão afetados pelas novas tarifas, conforme uma lista preliminar divulgada pelo governo americano.
Entre eles estão: filés de salmão, queijos (Cheddar, Roquefort, Gruyère e Pecorino), limão, azeite de oliva virgem, vinho Marsala, artigos de cashmere, vasos de cerâmica e motos com motores de 500 a 700 cilindradas.
Além disso, os Estados Unidos avaliam impor taxas adicionais a alguns produtos fabricados na França, Alemanha, Espanha e Reino Unido, como helicópteros, fuselagens e trens de aterrissagem para uso em aviões civis.
Disputas com outros países
O governo Trump está envolvido em disputas comerciais com diferentes regiões do mundo. A "guerra" que ganhou maior visibilidade foi contra a China, que, segundo especialistas, essa disputa chegou a causar prejuízos significativos ao crescimento econômico mundial.
Mas o governo Trump impôs tarifas que prejudicaram diversos outros países. No ano passado, o aumento do imposto sobre importação de aço e alumínio afetou nações aliadas, como Canadá, México e a União Europeia. O Brasil chegou a ser incluído no rol de países afetados, mas conseguiu negociar uma isenção.
Em resposta ao aumento das cobranças sobre a importação de aço e alumínio, a União Europeia lançou medidas de retaliação sobre US$ 3,4 bilhões em produtos americanos que vão desde laranjas a motos Harley Davidson.
No mês passado, Trump ameaçou impor sanções à importação de veículos do bloco europeu se ambas as partes não conseguissem chegar a um acordo comercial.
Regras internacionais de comércio
Especialistas têm criticado as políticas comerciais protecionistas adotadas pelo governo Trump por considerar que elas violam as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Mas, no caso das novas tarifas anunciadas contra a União Europeia, os Estados Unidos podem acabar se beneficiando de uma decisão da própria OMC, diferentemente do que ocorreu na disputa com os chineses.
Há mais de uma década, Washington acusou a União Europeia de outorgar subsídios indevidos à fabricante de aviões Airbus, que teriam provocado perdas multimilionárias à concorrente americana Boeing.
Ainda que, em 2011, a União Europeia tenha posto fim a grande parte desses subsídios, os Estados Unidos mantiveram a denúncia no órgão internacional de defesa do livro comércio.
Em maio de 2018, a OMC entendeu que o bloco europeu concedeu subsídios indevidos à Airbus e abriu caminho para que o governo americano aplicasse medidas compensatórias.
O representante de comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, anunciou na segunda-feira à noite que o país está se preparando para adotar medidas imediatas assim que a OMC determinar o valor sobre o qual as tarifas de importação contra a União Europeia deve incidir.
O governo Trump propôs taxação de US$ 11 bilhões em produtos. Fontes da Comissão Europeia afirmam que o valor citado pelos americanos é exagerado.
Os europeus também apostam que prospere uma denúncia feita pela Airbus contra supostos subsídios garantidos pelo governo americano à Boeing.
Portanto, a disputa comercial entre Estados Unidos e União Europeia continua em aberto.
Mas, diferentemente do que ocorreu na guerra comercial com a China, EUA e União Europeia têm recorrido - pelo menos por enquanto - a decisões arbitradas pela OMC e nenhuma das partes lançou mão de soluções unilaterais.
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