Evo Morales deixa o poder na Bolívia: Quais países apoiam o ex-líder e quais veem afastamento com bons olhos
A renúncia de Evo Morales à presidência da Bolívia, após a "sugestão" feita pelo Exército no domingo, e sua subsequente saída do país mobilizam a atenção mundial desde o início da semana.
No episódio mais recente da crise, a senadora da oposição Jeanine Áñez se declarou presidente interina, apesar das dúvidas sobre se havia quórum para instalar a sessão que a alçou ao posto. Ela disse que era a primeira na linha de sucessão pela Constituição e prometeu realizar eleições em breve.
Enquanto isso, os governos latino-americanos reagem de acordo com sua própria interpretação da crise política e social que assola a Bolívia há três semanas.
As eleições presidenciais de 20 de outubro — na qual o sistema de contagem de votos foi interrompido quando indicava segundo turno e retomado subitamente cerca de 24 horas indicando a vitória de Morales — instauraram um cenário complexo que desencadeou protestos de apoiadores do governo e da oposição.
Ao anunciar a renúncia, Morales denunciou o que classificou como um golpe de Estado planejado por setores da oposição, pela polícia e por grupos civis.
Além de Evo, deixaram seus cargos o vice-presidente, Álvaro Garcia; a presidente do Senado, Adriana Salvatierra; o vice-presidente do Senado, Rubén Medinacelli; e o presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Borda. A renúncia coletiva criou um grande vácuo na hierarquia de poder prevista na Constituição.
A oposição afirma, por sua vez, que desde a polêmica candidatura à reeleição de Morales — rejeitada em referendo, mas autorizada pelo Tribunal Constitucional — o governo já vinha cometendo irregularidades eleitorais.
E que a interrupção da contagem dos votos da eleição de 20 de outubro, quando os resultados previam um segundo turno, acabou materializando o que eles chamaram de "fraude escandalosa".
Mas o que pensam outros líderes da região e do mundo?
Países que não apoiam Evo Morales
Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que o Brasil reconhece a senadora Jeanine Añez como presidente interina da Bolívia, conforme noticiado por veículos da imprensa brasileira.
"Interinamente, claro, acho que é importante o compromisso de convocar eleições. Então nossa primeira percepção é que está sendo cumprido o rito constitucional boliviano, e queremos que isso contribua para a pacificação e a normalização do país", declarou Araújo a jornalistas.
Logo após a renúncia de Morales, o presidente Jair Bolsonaro se manifestou no Twitter sobre os acontecimentos na Bolívia, chamando a atenção para a necessidade de auditorias nos processos eleitorais e defendendo o voto impresso no Brasil.
"Denúncias de fraudes nas eleições culminaram na renúncia do presidente Evo Morales. A lição que fica para nós é a necessidade, em nome da democracia e transparência, contagem de votos que possam ser auditados. O VOTO IMPRESSO é sinal de clareza para o Brasil!", tuitou Bolsonaro.
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