Holocausto: fotos recém-descobertas de oficial da SS revelam imagens inéditas do campo de extermínio de Sobibor
Pesquisadores apresentaram fotos inéditas do campo de extermínio de Sobibor, na Polônia ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra, incluindo duas que supostamente mostram o notório guarda John Demjanjuk, acusado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Demjanjuk, de nacionalidades ucraniana e americana, foi preso em Munique em 2011, mas morreu durante o seu julgamento em 2012, aos 91 anos.
Duas das 361 fotos de Sobibor e outros campos mostram Demjanjuk, afirma um centro de pesquisa do Holocausto na Alemanha.
Entre 200 mil e 250 mil judeus foram assassinados em Sobibor - o quarto campo mais mortífero mantido pelos nazistas, após Auschwitz, Treblinka e Belzec, todos na Polônia.
Fotos de Sobibor eram raras; a descoberta trouxe novos detalhes sobre atrocidades cometidas pelos nazistas no local e em outros campos.
As fotos, exibidas pelo museu da Topografia do Terror em Berlim, pertenciam ao ex-vice-comandante da SS (organização paramilitar ligada ao partido nazista) Johann Niemann e foram entregues ao Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos por seu neto, em 2015.
Algumas fotos mostram guardas da SS relaxando com bebidas alcoólicas e se divertindo em Sobibor, não muito longe de onde os judeus estavam sendo exterminados.
Elas mostram, por exemplo, lugares onde eram assassinadas pessoas com deficiência, como parte do programa de "eutanásia" T4.
As fotos documentam a trajetória de Niemann, e trazem, também, imagens dos campos de Sachsenhausen e Belzec.
Niemann foi morto por um preso judeu empunhando um machado durante uma revolta de prisioneiros em outubro de 1943. Pouco depois, a SS demoliu o campo de Sobibor e plantou pinheiros sobre o local, numa tentativa de "apagar" as evidências do assassinato em massa.
A apresentação das fotos veio um dia após as cerimônias que marcaram os 75 anos da liberação, por tropas soviéticas, do complexo de campos de concentração e extermínio de Auschwitz - onde foram mortos mais de 1 milhão de pessoas, a maior parte, judeus.
John Demjanjuk foi considerado culpado em 2011 pelo envolvimento nos assassinatos de 28 mil judeus em Sobibor. Ele negou ter servido lá ou ter tido algum papel no Holocausto.
Ele passou décadas trabalhando como mecânico de automóveis nos EUA antes de ser extraditado - primeiro para Israel, depois para a Alemanha.
A SS treinou auxiliares da Ucrânia ocupada e de outras partes da antiga União Soviética para ajudar no assassinato em massa de judeus e outras minorias. Esses ajudantes, recrutados entre soldados soviéticos capturados, foram chamados de "homens Trawniki" pelos alemães.
Um tribunal israelense condenou Demjanjuk à morte em 1988, mas o veredicto foi anulado pelo Supremo Tribunal de Israel em 1993 por causa de dúvidas sobre sua identidade.
Mas as investigações continuaram e, em 2009, ele foi extraditado dos EUA para a Alemanha, onde foi considerado culpado e preso.
A sentença de Demjanjuk abriu novos caminhos legais, pois permitiu uma condenação com base no serviço de um indivíduo em um campo de extermínio, sem prova direta de que ele havia cometido uma atrocidade.
A coleção de fotos foi entregue aos arquivos do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos (USHMM), em Washington.
Niemann tinha sido pintor antes de começou a servir nos campos de concentração nazistas na década de 1930.
'Liberdade para matar'
O historiador alemão Martin Cüppers diz que a coleção, divulgada na terça-feira, mostra como membros de escalões mais baixos da SS ganharam importância dentro do esquema de extermínio em massa desenvolvido pelos nazistas.
"Criminosos nazistas ansiosos para tomarem iniciativa, como Niemann em Belzec, eram investidos de grande liberdade de ação para desenvolver e experimentar novos métodos para matar", disse Cüppers.
Uma foto mostra Niemann posando em um cavalo no início de 1943 na rampa de Sobibor - o local onde judeus deportados desembarcavam de caminhões de gado.
Os pesquisadores de Berlim identificam Niemann e dois nazistas - Karl Pötzinger e Siegfried Graetschus - posando do lado de fora de um centro de extermínio T4 em Brandenburg, no oeste de Berlim, em 1940. Niemann havia escrito "Brandenburg" no verso da foto.
Todos os três foram responsáveis - por queimar os corpos das vítimas assassinadas por "eutanásia", dizem os pesquisadores.
Parte do campo de Sobibor é vista na foto abaixo. Tirada de uma torre de vigia no início de 1943, ela mostra pilhas de lenha onde os escravos trabalhavam e, além disso, acomodações da SS e outros prédios para os guardas alemães.
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