Após prisão de Ghislaine Maxwell, príncipe Andrew 'deveria estar em pânico', diz denunciante de Jeffrey Epstein em entrevista
Uma americana que diz ter sido levada para o Reino Unido aos 17 anos para ter relações sexuais com o príncipe Andrew afirmou que o integrante da família real deveria estar "em pânico" após a prisão de uma pessoa chave no caso do bilionário condenado por pedofilia Jeffrey Epstein.
Virginia Roberts Giuffre, que foi uma das pessoas a acusar Epstein na Justiça, diz que ela foi traficada para Londres pelo bilionário em 2001. Ela deu entrevista a um canal australiano depois da prisão, na semana passada, de Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein. Ghislaine é acusada de colaborar no esquema de abuso de menores de Epstein, ajudando a recrutar e preparar vítimas sabidamente menores de idade.
Tanto o príncipe Andrew — que é duque de York e o segundo filho mais novo da rainha Elizabeth 2ª — como Ghislaine Maxwell negam as acusações feitas contra eles.
"Eu realmente espero que ela (Ghislaine) venha a público dizer A, B, C, D e E estavam envolvidos. Foi assim que tudo funcionou. Que apenas ajude nós, as vítimas, a conseguir algum tipo de responsabilização dos culpados", disse Giuffre à rede australiana Channel Nine.
"O príncipe Andrew deveria estar em pânico por que a Ghislaine não se importa com nenhuma pessoa além dela mesma."
Maxwell já havia negado anteriormente qualquer envolvimento ou conhecimento da conduta de Epstein — que morreu na prisão em 10 de agosto, enquanto aguardava, sem possibilidade de fiança, seu julgamento por acusações de tráfico sexual.
O bilionário foi preso no ano passado em Nova York, após acusações de que ele comandava uma rede de meninas menores de idade — algumas com apenas 14 anos — com finalidade sexual. Encontrado sem vida na prisão, Epstein teve sua morte determinada como suicídio.
Quais são as acusações contra Ghislaine Maxwell?
Quatro dos seis processos nos quais a ex-namorada de Epstein é ré referem-se a fatos ocorridos entre 1994-97, quando Maxwell era, segundo a acusação, uma das assessoras mais próximas de Epstein e também tinha com ele um "relacionamento íntimo". As outras duas acusações, de 2016, são por perjúrio.
Segundo as acusações, Maxwell "deu assistência, facilitou e contribuiu para o abuso de meninas menores por Jeffrey Epstein, ajudando Epstein, entre outras coisas, a recrutar, preparar e, finalmente, abusar das vítimas com menos de 18 anos, o que era sabido por Maxwell e Epstein".
As acusações específicas contra Ghislaine Maxwell são:
- Conspirar para atrair menores a viajar para a prática de atos sexuais ilegais;
- Incentivar uma menor de idade a viajar para a prática de tais atos;
- Conspirar para transportar menores com intenção de envolvimento em atividade sexual criminosa;
- Transportar uma menor de idade com a intenção de envolvê-lo em atividade sexual criminosa.
Maxwell é acusada de preparar várias meninas menores para atos sexuais com Epstein através de uma aproximação aparentemente amigável, em que perguntava sobre suas rotinas e famílias. Em seguida, a dupla levava as vítimas para fazer compras e ao cinema.
Firmada a relação com as vítimas, Maxwell tentava "normalizar o abuso sexual das menores discutindo tópicos sobre sexo, despindo-se na frente da vítima, estando presente quando uma vítima menor estivesse despida e/ou estando presente durante atos sexuais entre Epstein e a vítima menor".
"Maxwell e Epstein trabalhavam juntos para estimular as vítimas a viajar para as residências de Epstein — em Nova York, Palm Beach, e Santa Fé", disse a promotora Audrey Strauss, do distrito Sul de Nova York, a repórteres. "Alguns abusos ocorreram também na residência de Maxwell em Londres."
Maxwell é filha do falecido magnata da mídia britânica Robert Maxwell. Uma socialite bem relacionada, ela teria apresentado Epstein a muitos de seus amigos ricos e poderosos, incluindo Bill Clinton e o duque de York (que foi acusado em 2015 de tocar indevidamente uma mulher na casa de Epstein nos EUA, acusação posteriormente derrubada por um tribunal).
O Palácio de Buckingham se posicionou afirmando que "qualquer sugestão de improbidade com menores de idade" pelo duque era "categoricamente falsa".
Em uma entrevista à BBC no ano passado, o duque de York disse que conheceu Maxwell antes de Epstein ser preso e ter se tornado réu. No entanto, eles não conversaram sobre Epstein, disse na entrevista.
Como o caso Epstein começou a ser descoberto?
As acusações contra Epstein começaram a surgir em 2005, quando os pais de uma menina de 14 anos afirmaram que sua filha fora molestada por ele.
Sob um acordo legal, o bilionário evitou ser acusado em nível federal. Desde 2008, ele passou a ser listado em Nova York em um registro de predadores sexuais que precisavam se apresentar à Justiça a cada 90 dias.
Em julho de 2019, Epstein foi preso em Nova York, acusado de tráfico sexual de meninas menores de idade ao longo de vários anos. Algumas das vítimas de Epstein acusaram Maxwell de trazê-las ao seu círculo próximo para então serem submetidas a abusos por ele e seus amigos.
Uma das vítimas disse ao programa Panorama, da BBC, que era Maxwell quem "controlava as meninas".
Maxwell, por sua vez, negou qualquer conduta criminosa. Ela praticamente não é vista em público desde 2016.
No início deste ano, a socialite reivindicou na Justiça bens de Epstein, visando custeio de honorários de advogados e segurança. Ela "recebe ameaças regulares à sua vida e segurança", dizem documentos de defesa neste caso.
Virginia Giuffre, que alega ter sido vítima do esquema, afirma que Maxwell a recrutou, aos 15 anos, como massagista do bilionário.
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