Quem é Kamala Harris, vice escolhida por Joe Biden na disputa com Trump
O candidato democrata à Presidência dos EUA, Joe Biden, anunciou hoje quem será sua companheira de chapa na disputa com Donald Trump no pleito de novembro.
Kamala Harris, senadora pela Califórnia, foi escolhida em uma lista que tinha estimado 13 nomes de mulheres, incluindo pesos-pesados, como a senadora e ex-pré-candidata Elizabeth Warren.
Biden havia prometido ter uma mulher como vice e estava sob pressão para que escolhesse uma mulher negra — Harris, portanto, cumpre esses dois pré-requisitos.
Ela já era apontada como favorita, ao lado da ex-embaixadora e ex-conselheira de Segurança de Barack Obama, Susan Rice. Uma vantagem de Harris sobre Rice é que ela tem mais experiência em campanhas eleitorais, uma vez que Rice nunca disputou um pleito.
"Tenho a grande honra de anunciar que escolhi Kamala Harris — uma destemida lutadora em favor das pessoas comuns e uma das melhores servidoras públicas do país - como minha companheira de chapa", anunciou Biden pelo Twitter.
Ele afirmou que, nos tempos em que Harris foi procuradora-geral da Califórnia, "enfrentou os grandes bancos, ergueu o povo trabalhador e protegeu mulheres e crianças do abuso. Tive orgulho na época e tenho orgulho agora em tê-la como minha parceira nesta campanha".
Já era esperado que Biden anunciasse sua escolha antes do início da Convenção Democrata, que começa na próxima segunda-feira.
A BBC traz a seguir o perfil de Harris, com seus pontos fortes e fracos:
De rival a companheira de chapa
No ano passado, a senadora da Califórnia Kamala Harris, 55, surgiu na dianteira de um embolado campo de pré-candidatos democratas, graças a uma série de bons desempenhos em debates eleitorais - e por uma dura crítica ao então rival Joe Biden em questões de raça. No entanto, a campanha de Harris não sobreviveu para além do início do ano.
Agora, ela tem a chance de participar da campanha, no papel de vice.
Nascida de pais imigrantes (uma mãe indiana e um pai jamaicano), Harris foi criada majoritariamente pela mãe, pesquisadora de câncer e ativista de direitos civis.
"Minha mãe entendia muito bem que estava criando duas filhas negras", escreveu Harris em sua autobiografia. "Ela estava determinada a garantir que nos tornaríamos mulheres negras confiantes e orgulhosas."
Sobre sua origem mista, apontada como um possível obstáculo para ela se identificar com eleitores negros, Harris afirmou em 2019 ao Washington Post que políticos não devem ser estereotipados por sua cor ou ascendência. "Eu sou quem eu sou. Estou de bem com isso. Você talvez tenha que entender isso melhor, mas eu estou bem com isso."
Depois de cursar a universidade negra Howard, Harris estudou Direito na Universidade da Califórnia em Hastings e iniciou sua carreira na Promotoria do condado de Alameda. Tornou-se promotora-chefe em San Francisco em 2003, antes de ser eleita a primeira negra procuradora-geral da Califórnia. No cargo, ganhou reputação como estrela ascendente do Partido Democrata, até ser eleita ao Senado americano.
No Legislativo, Harris se destacou durante seus ásperos questionamentos a dois indicados por Trump - Brett Kavanaugh, então nomeado à Suprema Corte, e William Barr, nomeado ao cargo equivalente a ministro da Justiça.
Quando ela anunciou sua candidatura presidencial, houve entusiasmo entre progressistas. Mas logo ela começou a ser criticada por não trazer respostas claras a problemas amplos e cruciais, como saúde. Ela tampouco conseguiu capitalizar em cima de um ponto-chave: sua boa performance em debates, que comumente colocavam Biden na linha de ataque.
Harris tentou caminhar sobre a tênue linha que separa moderados e progressistas no Partido Democrata, mas acabou não fidelizando nenhum desses públicos.
Em março, Harris endossou Biden, afirmando que faria "tudo em meu poder para ajudá-lo a se eleger o próximo presidente dos EUA".
Reforma policial e questões de raça
A participação na corrida eleitoral tem colocado o histórico de Harris sob os holofotes. Apesar de ter uma visão mais à esquerda em questões como casamento homossexual e pena de morte, ela enfrentou críticas de progressistas por não ser progressista o bastante em temas-chave como reforma policial, combate às drogas e condenações judiciais equivocadas. Esses temas têm sido motivo de amplas discussões em meio aos debates anti-racismo em curso nos EUA.
Em entrevistas recentes e no Twitter, Harris tem defendido mudanças em práticas policiais e pede pela prisão dos policiais que mataram Breonna Taylor, mulher negra de 26 anos morta pela polícia em sua casa.
Harris também tem falado sobre a necessidade de desconstruir o racismo estrutural no país. Mas, no que diz respeito à reforma policial, há divergências. Biden se opõe ao argumento de que a polícia deve ter seus orçamentos cortados. Harris tergiversa, pedindo uma "reimaginação" da segurança pública.
Em diversos momentos, ela afirmou que sua identidade a torna unicamente apta a representar os cidadãos marginalizados.
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