Nobel da Paz: a história do PMA, programa de combate à fome que recebeu o Nobel da Paz
O Prêmio Nobel da Paz deste ano foi concedido ao Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), com elogios aos seus esforços para combater a fome no mundo.
O órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) também foi elogiado por "melhorar as condições para a paz" e prevenir o uso da fome como arma de guerra.
O Comitê do Nobel disse que o trabalho do PMA é "um esforço que todas as nações do mundo deveriam ser capazes de endossar e apoiar".
Conheça o trabalho do órgão e por que ele foi considerado tão importante.
Como, quando e por que foi criado?
Fundado em 1961, o PMA fornece assistência alimentar a comunidades vulneráveis, especialmente as afetadas pela guerra.
Foi criado a pedido do governo de Dwight Eisenhower, presidente dos Estados Unidos entre 1953 e 1961, para fornecer ajuda alimentar por meio da estrutura da ONU, que tinha sido criada alguns anos antes e ainda estava em sua "infância"
O programa interveio em várias emergências globais desde então. Só no ano passado, o PMA ajudou cerca de 97 milhões de pessoas em 88 países, segundo dados da entidade.
Os governos mundiais são a principal fonte de financiamento, suas maiores doações vêm dos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. O programa também é financiado por empresas e indivíduos.
Como é o trabalho de campo da instituição?
O objetivo geral do programa é fortalecer a paz e a estabilidade, promovendo a segurança alimentar e a melhoria da nutrição das pessoas no mundo.
Para este fim, o PMA está envolvido em uma série de projetos, incluindo alguns para fortalecer as cadeias de abastecimento de alimentos, os mercados locais e o combate aos efeitos dos problemas climáticos locais.
Duas de suas principais áreas de trabalho atuais são no Iêmen e no Sudão no Sul.
Iêmen
- O PMA alimenta 13 milhões de pessoas - quase metade da população do Iêmen - enquanto o país luta contra a guerra civil e a pobreza endêmica.
- A infraestrutura deficiente, os cortes de financiamento, o acesso limitado e a falta de cooperação internacional dificultam o trabalho
- Em abril, o PMA anunciou que alguns doadores tinham interrompido sua ajuda devido à preocupação de que as entregas estavam sendo obstruídas
- O programa afirma que precisa urgentemente de mais de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,7 bilhões) para garantir assistência alimentar ininterrupta no país até março de 2021
Sudão do Sul
- Desde que conquistou a independência do Sudão em 2011, o Sudão do Sul teve diversas áreas assoladas pela fome e pela pobreza, estimuladas pela violência interétnica
- O PMA diz que quase sete milhões de pessoas - 60% da população - têm dificuldade para encontrar comida suficiente para se alimentar todos os dias
- O PMA fornece ajuda alimentar a meio milhão de pessoas, assistência em dinheiro, merenda escolar e tratamento para desnutrição
- A instituição afirma que precisa de US$ 596 milhões para garantir assistência alimentar ininterrupta até março de 2020 no país
- Matthew Hollingworth, o diretor do grupo no Sudão do Sul, disse à BBC que a inflação e dos preços dos alimentos continuam causando dificuldades, mas o PMA diminuiu sua dependência de apoio externo e promoveu estabilidade na região
Que outros desafios o programa enfrenta?
Apesar de seus sucessos, os cortes de financiamento provaram ser um obstáculo ao trabalho do PMA em muitas áreas do mundo. Além disso, a epidemia de covid-19 também afetou muito o trabalho do projeto.
No início deste ano, o PMA alertou que a pandemia de coronavírus poderia causar fome generalizada "de proporções bíblicas".
A pandemia já prejudicou a capacidade do programa de trabalhar livremente em todo o mundo, à medida que os países fecharam suas fronteiras para conter a propagação do vírus.
Quais as críticas ao programa?
Apesar de ter vencido o Comitê do Prêmio Nobel, o PMA já esteve sob os holofotes no passado por causa de críticas que recebeu.
No início de sua história, em meio à Guerra Fria, o programa foi acusado de ter sido criado para impulsionar a economia dos Estados Unidos com a compra de sua produção agrícola. Desde então, o PMA tem tentado encontrar um equilíbrio entre comprar localmente e evitar qualquer inflação potencial dos preços dos alimentos.
Alguns economistas, como o queniano James Shikwati, também argumentaram que o PMA torna algumas nações excessivamente dependentes da ajuda externa.
E em uma pesquisa interna no ano passado, pelo menos 28 funcionários disseram que sofreram estupro ou agressão sexual enquanto trabalhavam para a agência da ONU. Mais de 640 pessoas disseram ter sido vítimas ou testemunhas de assédio sexual.
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