'Nada vai nos parar': a última mensagem de Ashli Babbitt, a ex-militar morta na invasão ao Congresso dos EUA
Um dia antes de morrer, Ashli Babbitt escreveu nas redes sociais sobre a próxima reunião de apoiadores de Trump na capital dos Estados Unidos, Washington DC.
"Nada vai nos parar", escreveu ela. "Eles podem tentar e tentar, mas a tempestade está aqui e está caindo sobre DC em menos de 24 horas".
Babbitt, de 35 anos, estava entre a multidão que invadiu o Capitólio, a sede do Congresso americano, na quarta-feira (6/1). Ela foi identificada pela polícia como uma das cinco pessoas que morreram em meio ao caos.
Veterana da Força Aérea dos EUA, Babbitt serviu duas vezes no Afeganistão e no Iraque antes de missões posteriores com a Guarda Nacional no Kuwait e no Qatar, disse seu ex-marido Timothy McEntee à imprensa americana.
Nascida em San Diego, Califórnia, Babbitt havia se casado recentemente e trabalhava em uma empresa de serviços de piscina com o marido, Aaron Babbitt.
Nas redes sociais, Babbitt se descrevia como uma libertária e patriota. Ela postava com frequência sobre o presidente Donald Trump, expressando contundente apoio ao republicano e ecoando suas alegações não comprovadas de fraude eleitoral em larga escala.
"Ela tinha uma personalidade que você amava ou odiava", disse McEntee à NPR, a rádio pública dos EUA. "Ela não se desculpava por isso... Ela estava orgulhosa disso, assim como tinha orgulho de seu país e orgulho de ser americana."
Em setembro, Babbitt postou uma foto de um desfile de barco em homenagem a Trump em San Diego vestindo uma camisa que dizia "Nós somos Q" - referindo-se ao Qanon - a teoria da conspiração de extrema direita completamente infundada que diz que Trump está lutando contra uma rede de pedófilos adoradores de Satanás com membros no alto escalão do governo, do mundo empresarial e da imprensa.
Dias antes das manifestações desta semana, Babbitt escreveu no Twitter que ela estaria em Washington para o chamado comício Stop the Steal de Trump.
"Estarei em DC no dia 6!", escreveu ela. "Deus abençoe a América e WWG1WGA" - usando uma abreviatura comum entre os apoiadores do QAnon.
Sua sogra, Robin Babbitt, disse a uma afiliada local da emissora Fox que seu filho não se juntou a Babbitt no comício.
"Realmente não sei por que ela decidiu fazer isso", disse ela.
Em um vídeo postado online, uma mulher que supostamente seria Babbitt é vista com uma bandeira Make America Great Again (slogan de Trump) sobre seus ombros em meio a uma multidão de manifestantes dentro do edifício do Capitólio, tentando passar por um conjunto de portas trancadas. Um membro da Polícia do Capitólio aparece nas imagens apontando uma arma em direção ao grupo.
A mulher então é vista subindo em uma saliência ao lado da porta. Quase imediatamente, um grande estrondo é ouvido e ela é filmada caindo no chão.
Em um comunicado, a Polícia do Capitólio disse que um funcionário disparou sua arma de serviço, atingindo uma mulher adulta "enquanto os manifestantes abriam caminho em direção à Câmara, onde os membros do Congresso estavam se abrigando".
Babbitt foi internada no hospital com um ferimento à bala e morreu naquela noite, disse a polícia. O policial que atirou nela foi suspenso, mas não identificado.
A sogra de Babbitt disse à imprensa americana que ficou arrasada com a notícia. "Estou paralisada", disse ela ao tabloide New York Post. "Ninguém de DC falou com meu filho e descobrimos na TV."
Quatro outras pessoas morreram durante os distúrbios de quarta-feira.
Brian D Sicknick, oficial da Polícia do Capitólio dos EUA, morreu na noite de quinta-feira após sofrer ferimentos enquanto "se envolvia fisicamente com manifestantes", informou um comunicado da corporação.
Sicknick trabalhou para a Polícia do Capitólio por mais de 10 anos e, mais recentemente, em sua unidade de primeiros socorros, disse a emissora CBS News.
Segundo a polícia, outras três pessoas que viajaram a Washington para a manifestação morreram em "emergências médicas" separadas no Capitólio. Nenhum outro detalhe foi divulgado.
Elas foram identificadas como Benjamin Philips, de 50 anos, da Pensilvânia; Kevin Greeson, de 55 anos, do Alabama; e Rosanne Boyland, de 34 anos, da Geórgia.
"Qualquer perda de vida é trágica e nossos pensamentos estão com qualquer pessoa afetada por essa perda", disse o chefe da polícia metropolitana Robert Contee na quinta-feira.
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