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Japão aprova plano polêmico para despejar água de Fukushima no oceano

Tanques de armazenamento de água radioativa na usina nuclear de Fukushima - Reuters
Tanques de armazenamento de água radioativa na usina nuclear de Fukushima Imagem: Reuters

Redação

BBC News Mundo

14/04/2021 08h08

O Japão aprovou ontem um polêmico plano para despejar no mar mais de um milhão de toneladas de água contaminada da usina nuclear de Fukushima, que foi destruída por um tsunami em 2011. A água será tratada e diluída para que os níveis de radiação fiquem abaixo do limite aceitável para a liberação.

Mas o plano é rejeitado por moradores, pela indústria pesqueira, além dos governos da China e da Coreia do Sul.

Os reatores da usina de Fukushima foram danificados por explosões de hidrogênio causadas por um terremoto e tsunami em 2011. O tsunami derrubou os sistemas de resfriamento dos reatores, três dos quais derreteram. A água hoje contaminada servia para resfriar o combustível nuclear. O colapso foi o pior acidente nuclear desde Chernobyl em 1986.

O governo japonês diz que o despejo dessa água começará em dois anos. A aprovação final vem após anos de debate e deve levar décadas para ser concluída.

Atualmente, a água radioativa é tratada por meio de um complexo processo de filtração que remove a maioria dos elementos radioativos. Mas não consegue filtrar todos: o trítio, por exemplo, ainda fica presente.

O material pode causar perigo de radiação quando ingerido através de alimentos ou água, mas não é prejudicial em pequenas quantidades,

Em seguida, a água é armazenada em grandes tanques. O problema é que a operadora da usina, Tokyo Electric Power Co (TepCo), está ficando sem espaço. Até 2022, esses tanques devem estar repletos.

Cerca de 1,3 milhão de toneladas de água radioativa, o suficiente para encher por volta de 500 piscinas olímpicas, estão atualmente armazenadas nesses tanques, de acordo com um relatório da Reuters.

Quão segura é essa água?

O Japão argumenta que o despejo de águas residuais é seguro, pois ela é processada para remover quase todos os elementos radioativos e, em grande parte, permanecerá diluída.

O plano é apoiado pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), que afirma que o lançamento é semelhante ao descarte de esgoto em outras usinas ao redor do mundo.

"O descarte no oceano é feito em outro lugar. Não é algo novo. Não há escândalo aqui", disse anteriormente o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi.

Os cientistas argumentam que os elementos deixados na água só são prejudiciais quando presentes em grandes doses. Com a diluição, a água tratada não apresenta nenhum risco cientificamente detectável, afirmam.

A oposição

Grupos ambientalistas como o Greenpeace há muito tempo expressam sua oposição ao descarte dessa água no oceano.

A ONG disse que os planos do Japão mostram que o governo "mais uma vez falhou com o povo de Fukushima".

A indústria pesqueira do país também se opôs, alertando que os consumidores se recusarão a comprar os produtos da região. A decisão também atraiu críticas de vizinhos dos japoneses. Antes de o plano ser aprovado, o chanceler sul-coreano disse lamentar a decisão.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, também pediu ao Japão que "aja com responsabilidade".

"A fim de salvaguardar os interesses públicos internacionais e a saúde e segurança do povo chinês, a China expressou sua grande preocupação ao seu homólogo japonês por via diplomática", disse Zhao.

No entanto, os Estados Unidos disseram que parece haver "uma abordagem de acordo com os padrões de segurança nuclear aceitos globalmente".

O que aconteceu em Fukushima?

Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9,0 atingiu a costa nordeste do Japão, causando um tsunami de 15 metros.

Embora os sistemas de backup para evitar o colapso da usina nuclear de Fukushima tenham sobrevivido ao terremoto inicial, o tsunami causou mais danos. Quando os sistemas de resfriamento falharam nos dias seguintes, toneladas de material radioativo foram liberadas.

Cerca de 18.500 pessoas morreram ou desapareceram no terremoto e no tsunami, e mais de 160.000 foram forçadas a deixar suas casas.