Ao menos 50 pessoas morrem após serem abandonadas em caminhão no Texas
De acordo com o presidente mexicano, 22 dos mortos eram mexicanos, 7, da Guatemala e 2 vinham de Honduras. A nacionalidade de outras 19 pessoas permanece desconhecida.
Ao menos 50 pessoas, possivelmente imigrantes, morreram após um caminhão ser abandonado nos arredores de San Antonio, no Estado do Texas (EUA). No local foram encontrados 46 corpos. De acordo com veículos da imprensa local, inicialmente 16 pessoas ? entre elas quatro crianças ? foram levadas a hospitais, com problemas de saúde devido à onda de calor que atinge a região.
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, afirmou que 22 dos mortos eram mexicanos, 7, da Guatemala e 2 vinham de Honduras. A nacionalidade de outras 19 pessoas permanece desconhecida.
López Obrador afirmou que "pobreza e desespero" levaram essas 50 pessoas à morte e culpou a atuação de coiotes em travessias ilegais e a falta de controle na fronteira pela tragédia.
Ainda não se sabe exatamente como as vítimas morreram. Três pessoas foram detidas como parte das investigações sobre o episódio, que estão sendo conduzidas por agentes federais.
Imagens postadas nas redes sociais mostram viaturas e equipes de emergência em volta de um caminhão grande. Segundo as autoridades, o caminhão que transportava as pessoas não tinha ar condicionado e água de beber. O clima de San Antonio é bastante quente nos meses de verão (do hemisfério norte), com temperaturas chegando a 39,4º C nesta segunda-feira (27/6).
De acordo com o canal de TV KSAT, o veículo foi descoberto próximo a trilhos de trem na região de Southwest Side em San Antonio. A cidade fica a cerca de 250 km da fronteira entre Estados Unidos e México.
"Eles tinham famílias... e provavelmente estavam buscando uma vida melhor", disse o prefeito de San Antonio, Ron Nirenberg. "É simplesmente uma terrível tragédia humana."
Charles Hood, chefe dos bombeiros locais, afirmou que sua equipe ficou chocada ao encontrar "pilhas de corpos". Ele disse que os sobreviventes tinham a pele quente ao serem tocados.
Em maio último, os Estados Unidos registraram 239 mil imigrantes ilegais detidos, o maior em um mês. No ano passado, o número também foi recorde: 1,7 milhão no período de 12 meses até outubro.
Muitos passam por rotas extremamente arriscadas. É comum o uso de caminhões para transporte de imigrantes ilegais. Em 2017, 10 imigrantes foram encontrados mortos dentro de um caminhão do lado de fora de uma loja do Walmart.
A Casa Branca declarou que o caso é "absolutamente horrível e desolador". O secretário de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorkas, disse: "Os traficantes de seres humanos são indivíduos insensíveis que não respeitam as pessoas vulneráveis que exploram e as colocam em risco para obter lucro".
A tragédia gerou trocas de acusação entre políticos republicanos e democratas.
O governador republicano do Texas, Greg Abbott, culpou o presidente dos EUA, Joe Biden, pelas mortes, descrevendo-as como "resultado de suas políticas letais de fronteira aberta".
Beto O'Rourke, o candidato democrata que concorre contra Abbott, pediu medidas urgentes para "desmantelar as redes de contrabando de seres humanos e substituí-las por vias expandidas para a migração legal".
A imigração é uma questão política polêmica nos EUA. As autoridades policiais dos EUA estão perto de ultrapassar o recorde de 1,73 milhão de prisões realizadas na fronteira em 2021.
Fugindo da pobreza e da violência na América Central, muitos dos imigrantes indocumentados acabam pagando enormes somas de dinheiro aos traficantes de pessoas para tentar cruzar a fronteira dos EUA.
Nos últimos anos, houve muitos exemplos semelhantes de migrantes que morreram durante sua jornada, mas nenhum evento foi tão trágico quanto o desta segunda-feira.
- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61962211
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