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Holanda: perfil do país que deixou sua marca no Nordeste do Brasil

14/11/2022 07h35

Ex-potência marítima e atual potência econômica, esta nação deve seu nome oficial pelo fato de ter grande parte do seu território abaixo do nível do mar.

Os Países Baixos, ou mais popularmente conhecidos como Holanda, devem seu nome à sua baixa topografia, com mais de um quarto da sua área total abaixo do nível do mar.

A Holanda é, na verdade, uma região que faz parte dos Países Baixos. No século 17, a Holanda se tornou uma potência marítima, dominando todo o resto do país. O holandês é o dialeto dominante da língua oficial, o neerlandês.

Os Países Baixos são uma monarquia constitucional desde 1815 e têm como soberana a Casa de Orange-Nassau. Porém, o país começou sua vida independente como república no século 16.

Seu período áureo, no século 17, viu o comércio, a indústria e as ciências florescerem. A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, assim como a sua equivalente oriental, foram duas das mais importantes empresas majésticas do período colonial a explorar e comercializar produtos de colônias nas Américas, África e Ásia.

O país produziu alguns dos artistas plásticos mais famosos e valorizados do mundo, como Rembrandt e Vermeer, no século 17, Van Gogh, no século 19, e Mondrian, no século 20.

Desde 2002, o país sedia o Tribunal Penal Internacional (TPI), na cidade de Haia, uma corte permanente para julgar crimes de guerra e crimes contra a humanidade que possui jurisdição em 123 países, inclusive o Brasil.

FATOS

LÍDER

Chefe de Estado: Rei Willem-Alexander

Willem-Alexander tornou-se rei após a abdicação de sua mãe, hoje princesa Beatrix, em abril de 2013, após um reinado de 33 anos.

Segundo suas próprias declarações, se não fosse rei, seu sonho teria sido trabalhar como piloto de voos comerciais. Frequentemente, Willem-Alexander pilotava o avião da família real em viagens oficiais.

Em 2017, ele revelou ao jornal De Telegraaf que durante 21 anos fizera dois voos por mês como primeiro oficial da companhia KLM - mesmo quando já havia virado rei. Trajado com o uniforme e quepe da empresa, Williem-Alexandre permanecia incógnito para os passageiros dos Fokkers-70 que faziam as rotas KLM Cityhopper, voltadas para passageiros de negócios na Europa.

Entre os assuntos a que se dedica o rei William-Alexander, estão o esporte e o gerenciamento de recursos hídricos. Antes de subir ao trono, foi membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) e presidente de conselhos consultivos sobre água e saneamento da ONU e do governo holandês.

Williem-Alexander é o primeiro monarca masculino dos Países Baixos em mais de um século. Antes de sua mãe, vieram as rainhas Juliana (que reinou entre 1948 e 1980) e Whilhelmina (1890-1948). Whilhelmina cumpriu o reinado mais longo da história dos Países Baixos, atravessando a Grande Depressão de 1933 e duas guerras mundiais. Ambas também abdicaram.

A passagem de poder na Casa Orange-Nassau em 2013 representou uma ocasião de pompa e celebração num momento em que o país amargava os efeitos da recessão provocada pela crise de 2007/2008.

Primeiro-ministro: Mark Rutte

Mark Rutte é o chefe de governo dos Países Baixos desde outubro de 2010 - um dos mais longevos líderes europeus ao lado do húngaro Viktor Orbán.

Rutte pertence ao Partido Popular pela Liberdade e a Democracia (VVD), um partido conservador liberal com ênfase na economia de mercado. A coalizão inclui também o Democratas 66, de centro, e os partidos cristãos democratas CDA e União Cristã.

O quarto mandato de Rutt teve início em janeiro de 2022, após negociações que levaram tempo recorde para se concretizarem: 271 dias. A eleição foi realizada em março de 2021 e as negociações só concluíram em dezembro.

O recorde anterior havia sido em 2017, quando os mesmos quatro países da coalizão atual levaram 225 dias para entrar em acordo.

Analistas atribuem a dificuldade de formar consensos ao panorama político fraturado pela ascensão do Partido pela Liberdade, de extrema-direita e discurso anti-islâmico, e o colapso do Partido Trabalhista, de orientação social-democrata.

MÍDIA

A Holanda possui um tratamento singular da radiodifusão pública. Os programas são produzidos por grupos que refletem diferentes correntes políticas ou religiosas, ou outros interesses. Estas organizações têm tempos dedicados no rádio e na TV de acordo com sua representatividade em termos de tamanho.

Cada província tem pelo menos um canal local de TV pública. As três estações de TV públicas nacionais gozam de uma elevada audiência. Ao mesmo tempo, os serviços públicos enfrentam uma forte concorrência das estações comerciais: o país tem uma das mais altas taxas de penetração de TV a cabo na Europa e os telespectadores têm acesso a uma ampla gama de canais nacionais e estrangeiros.

RELAÇÕES COM O BRASIL

As relações entre o Brasil e a Holanda remontam às invasões de territórios no Nordeste brasileiro no século 17. O objetivo dos holandeses era estabelecer colônias nas Américas para produção e comercialização do açúcar, um produto valorizado na época.

Os holandeses desembarcaram na praia hoje conhecida pelo nome de Pau Amarelo, ao norte de Olinda (PE), em 1630 e permaneceram durante 24 anos. Esse período ficou marcado pela administração de Maurício de Nassau, militar alemão enviado pela Companhia das Índias Ocidentais para governar a colônia holandesa. A ocupação deixou um legado cultural, arquitetônico e científico na região.

Os laços comerciais, financeiros e culturais da Holanda com o Brasil continuam firmes até hoje. Grupos holandeses como Shell, Unilever e o banco ABN-Amro têm seus negócios consolidados no país.

O porto de Roterdã, maior da Europa, é a principal porta de entrada para mercadorias brasileiras no continente e tem participações nos portos de Pecém (CE) e Central (ES).

Em 2020, os Países Baixos foram o país com o maior estoque de investimentos diretos no Brasil, segundo o Banco Central - valor que inclui o investimento de subsidiárias holandesas de multinacionais.

Em 2021, o Brasil exportou US$ 9,3 bilhões para os Países Baixos - quarto maior destino de exportações. As importações somaram US$ 2,1 bilhões.

Além disso, os países cooperam em diversas áreas, incluindo transporte, energia, cultura e militar.

LINHA DO TEMPO

Datas importantes na história dos Países Baixos:

1914-1918 - Países Baixos se mantêm neutros durante a Primeira Guerra Mundial.

1940 - Invasão pela Alemanha nazista. A família real holandesa e todo o gabinete de governo fogem para a Inglaterra. O exército holandês é derrotado pelos nazistas e o país se rende.

1944 - Países Baixos se tornam palcos de confrontos sangrentos à medida que as forças aliadas avançam contra a Alemanha.

1945 - Fim da ocupação após a rendição das forças alemãs na Holanda. Países Baixos viram um dos membros fundadores da Organização das Nações Unidas (ONU).

1949 - As chamadas Índias Orientais Holandesas, que haviam sido ocupadas pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial, recebem a sua independência como Indonésia.

1949 - Abandonando a política de neutralidade, a Holanda adere à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar ocidental.

1951 - País assina o tratado de Paris que cria a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), uma das comunidades que viriam a formar a Comunidade Econômica Europeia (CEE) em 1957.

1975 - Suriname, o pequeno país ao norte do estado do Pará, se torna independente. Centenas de milhares de surinameses emigram para a Holanda.

1980 - Abdicação da rainha Juliana. Beatrix torna-se rainha.

2002 - O euro se converte na moeda oficial do país.

2005 - Eleitores rejeitam uma proposta de constituição da União Europeia, dias após a derrota da proposta em referendo na França.

2010 - Na África do Sul, a seleção de futebol da Holanda, perde a final da Copa do Mundo por 1 a 0 para a Espanha. Pela terceira vez, a "laranja mecânica" chega a uma final de Copa do Mundo, sem conseguir se sagrar campeã para frustração dos apaixonados torcedores holandeses.

2013 - Rainha Beatrix abdica e seu filho, Willem-Alexander, vira rei.