Marrocos: perfil do reino onde o ocidente se encontra com a cultura do Saara
Dotado de uma rica confluência de culturas, com influências árabes, europeias, berberes e de outras partes da África, o Marrocos é considerado o mais ocidentalizado dos países do norte do continente.
O Reino de Marrocos é considerado o mais ocidentalizado dos países do Norte de África - a região conhecida como Magreb. O país tem saídas para o Atlântico e Mediterrâneo, um interior montanhoso e uma porção do deserto do Sahara. Outra característica marroquina é sua rica confluência de culturas, com influências árabes, europeias, berberes e de outras partes da África.
O Marrocos foi um protetorado francês entre 1912 e 1956. Após a independência, o sultão Mohammed Ben Youssef se converteu em rei, usando o título de Mohammed 5º. Foi sucedido em 1961 pelo seu filho, Hassan 2º, que governou durante 38 anos e desempenhou um papel proeminente na busca da paz no Médio Oriente. Ele também reprimiu impiedosamente a oposição interna.
FATOS
LÍDERES
Rei Mohamed 6º
Monarca desde 1999, Mohammed 6º deu início a mudanças políticas e econômicas liberalizantes, como a lei conhecida como mudawana, que concede mais direitos às mulheres. Ele também encampou uma investigação sobre abusos dos direitos humanos durante o governo de seu pai.
Após a chamada "Primavera Árabe" de 2010, a série de protestos por reformas no mundo árabe, uma nova constituição foi adotada, expandindo os poderes do parlamento e do primeiro-ministro, mas delegando ao rei ampla autoridade sobre todos os ramos do governo.
Primeiro-ministro: Aziz Akhannouch
O bilionário Aziz Akhannouch se elegeu primeiro-ministro do Marrocos em setembro de 2021. Ele é também o CEO do Akwa Group, um conglomerado energético presente em várias regiões do mundo. Akhannouch foi ministro da Agricultura entre 2007 e 2021.
Seu partido, a Assembleia Nacional dos Independentes (RNI na sigla em francês), venceu o partido islâmico conservador o Partido da Justiça e Desenvolvimento (PJD), que governou entre 2011 e 2021. Analistas políticos atribuem a derrota do PJD à crise econômica.
MÍDIA
Os meios de comunicação no Marrocos são controlados pelo governo ou refletem a linha oficial. Isso não impede que a imprensa privada veicule reportagens sobre temas sensíveis, incluindo denúncias de corrupção de alto nível.
Entre os temas que não podem ser questionados, segundo a organização Repórteres sem Fronteiras, estão "a religião, o rei e a monarquia em geral, a nação e a integridade territorial".
O governo controla ou tem participação nas duas principais redes de TV do Marrocos, RTM e 2M. Emissoras francesas e em língua árabe podem ser captadas por antenas parabólicas.
RELAÇÕES COM O BRASIL
As relações entre o Brasil e o Marrocos remetem ao consulado brasileiro em Tangier, aberto em 1861. As relações diplomáticas foram oficialmente estabelecidas no início do século 20, embora a abertura de embaixadas só tenha acontecido na década de 1970.
De acordo com o Itamaraty, Brasil e Marrocos possuem acordos em áreas como comércio e investimentos, agricultura e pecuária, defesa, cooperação jurídica, cooperação entre academias diplomáticas, entre outras.
Desde 1999, os dois países mantêm ainda um mecanismo de consultas políticas, e os parlamentos das duas nações também criaram grupos de contato direto.
Durante uma visita ao Brasil em 2004, o rei Mohamed 6º assinou um acordo-quadro comercial entre o Mercosul e o Marrocos. Em 2021, o chanceler brasileiro Carlos Alberto Franco França disse que o Marrocos é uma "ponta" para que o Mercosul estreite os seus laços com outros países árabes.
As exportações do Brasil para o Marrocos estão concentradas no açúcar, alguns cereais, principalmente milho, pimenta-do-reino e café. Na mão oposta, o Brasil compra do Marrocos principalmente pescados, como a sardinha, e fertilizantes.
LINHA DO TEMPO
Séculos 7 e 8 d. C - Invasão árabe. Idris funda a primeira grande dinastia muçulmana.
Séculos 10-17 - Ascensão e queda de várias dinastias e movimentos religiosos, entre eles a cultura almorávida, que no seu auge controlava o Marrocos e partes da atual Argélia e Espan
1904 - França e Espanha delimitam zonas de influência dentro do Marrocos.
1912 - Marrocos se torna protetorado francês após assinatura do Tratado de Fez.
1956 - Fim do protetorado francês, em meio a um forte movimento nacionalista e independentista. A Espanha mantém os seus dois enclaves costeiros, Ceuta e Melilla.
1957 - Sultão Mohammed Ben Youssef vira Mohammed 5º.
1961 - Morte do rei Mohammed 5º; Hassan 2º ascende ao trono.
1975-76 - Marrocos anexa o Sahara Ocidental, uma região em disputa com a Mauritânia. Desde então enfrenta uma guerra de guerrilhas liderada pela Frente Polisario, organização independentista do povo indígena saharawi.
1998 - Chega ao poder o primeiro governo liderado pela oposição de Marrocos.
1999 - Hassan 2º é sucedido pelo seu filho, Mohammed 6º.ha.
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