Ministro alemão pede paz em visita a líderes israelenses e palestinos
Heiko Maas reitera apoio da Alemanha à solução de dois Estados para o fim do conflito. Em viagem à região, chefe da diplomacia alemã pede ao governo palestino que "não derrube pontes" e inclua EUA em negociações de paz.Em sua primeira visita oficial ao Oriente Médio, o ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, se reuniu nesta segunda-feira (26/03) com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e mais tarde com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
O encontro com Abbas ocorreu em Ramala, sede do governo palestino. "Diante desta difícil situação, quero encorajar as pessoas aqui a não derrubarem pontes", afirmou Maas, em aparente referência às relações tensas da liderança palestina com os Estados Unidos e com o rival político Hamas.
O ministro pediu às autoridades palestinas que considerem incluir o governo americano em futuras negociações de paz, destacando que tais esforços "seriam difíceis" sem a participação dos EUA. "É claro que esperamos que haja também uma contribuição positiva dos Estados Unidos para colocar o processo de paz de volta nos trilhos", frisou.
Abbas deixou de considerar Washington um mediador confiável no Oriente Médio depois que o presidente Donald Trump decidiu, em dezembro, transferir a embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo assim a cidade disputada como capital israelense.
Enquanto Israel considera Jerusalém a sua capital "eterna e indivisível", os palestinos defendem que a porção leste da cidade deve ser proclamada capital de seu almejado Estado, sendo esse um dos maiores desentendimentos entre as duas partes.
"O governo alemão sempre esteve comprometido com uma solução de dois Estados, e isso não vai mudar", declarou Maas, em coletiva de imprensa ao lado do ministro do Exterior palestino, Riyad al-Maliki. "Mas percebo que isso não tem ficado mais fácil."
Al-Maliki, por sua vez, afirmou que os palestinos também apoiam uma solução de dois Estados e estão comprometidos em realizar negociações com Israel. "Contamos com o papel da Alemanha dentro da União Europeia e com o papel da União Europeia no processo de paz."
Amizade e discordâncias com Israel
Chefe da diplomacia alemã desde o início deste mês, Maas tem se posicionado um firme defensor de Israel. Mais tarde nesta segunda-feira, em encontro com Netanyahu em Jerusalém, o ministro disse ao premiê israelense que o lugar da Alemanha "sempre será ao lado de Israel".
"Acredito que nós concordamos em quase todos os objetivos", afirmou o ministro alemão. Mas, "em uma amizade como a nossa, também é possível conversar sobre coisas com as quais discordamos".
Maas mencionou diferenças de opinião entre os dois governos quando se trata de temas como a solução de dois Estados e o acordo nuclear com o Irã, rival de Israel na região. Enquanto a Alemanha defende firmemente o pacto de 2015, Israel o rejeita.
Sobre o conflito israelo-palestino, Netanyahu tem evitado repetidamente afirmar se concorda ou não com um Estado palestino, limitando-se apenas a dizer que apoia uma entidade palestina desmilitarizada que não seja uma ameaça a Israel.
Maas colocou o avanço das relações com Israel como um dos objetivos de sua gestão como chefe da diplomacia alemã. Quando assumiu o cargo em Berlim, o ministro afirmou: "É por causa de Auschwitz que decidi entrar na política". Ele repetiu as mesmas palavras na manhã desta segunda-feira em uma reunião com cerca de 30 sobreviventes do Holocausto em Jerusalém.
Netanyahu agradeceu Maas por seus comentários sobre o massacre de judeus durante a Alemanha nazista, dizendo que as palavras do ministro "alcançaram nossos corações".
A visita de Maas a Israel ocorre num momento crucial para as relações entre israelenses e alemães. Desde a decisão da chanceler federal alemã, Angela Merkel, de cancelar as negociações anuais com Israel no início do ano passado, as tensões se elevaram entre os dois governos.
Merkel justificou o cancelamento das conversações afirmando que precisava dedicar mais tempo às eleições federais do ano passado, apesar de relatos terem sugerido que a decisão da chefe de governo foi motivada pela contínua expansão de assentamentos de Israel na Cisjordânia.
EK/afp/ap/dpa/dw
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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App
O encontro com Abbas ocorreu em Ramala, sede do governo palestino. "Diante desta difícil situação, quero encorajar as pessoas aqui a não derrubarem pontes", afirmou Maas, em aparente referência às relações tensas da liderança palestina com os Estados Unidos e com o rival político Hamas.
O ministro pediu às autoridades palestinas que considerem incluir o governo americano em futuras negociações de paz, destacando que tais esforços "seriam difíceis" sem a participação dos EUA. "É claro que esperamos que haja também uma contribuição positiva dos Estados Unidos para colocar o processo de paz de volta nos trilhos", frisou.
Abbas deixou de considerar Washington um mediador confiável no Oriente Médio depois que o presidente Donald Trump decidiu, em dezembro, transferir a embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo assim a cidade disputada como capital israelense.
Enquanto Israel considera Jerusalém a sua capital "eterna e indivisível", os palestinos defendem que a porção leste da cidade deve ser proclamada capital de seu almejado Estado, sendo esse um dos maiores desentendimentos entre as duas partes.
"O governo alemão sempre esteve comprometido com uma solução de dois Estados, e isso não vai mudar", declarou Maas, em coletiva de imprensa ao lado do ministro do Exterior palestino, Riyad al-Maliki. "Mas percebo que isso não tem ficado mais fácil."
Al-Maliki, por sua vez, afirmou que os palestinos também apoiam uma solução de dois Estados e estão comprometidos em realizar negociações com Israel. "Contamos com o papel da Alemanha dentro da União Europeia e com o papel da União Europeia no processo de paz."
Amizade e discordâncias com Israel
Chefe da diplomacia alemã desde o início deste mês, Maas tem se posicionado um firme defensor de Israel. Mais tarde nesta segunda-feira, em encontro com Netanyahu em Jerusalém, o ministro disse ao premiê israelense que o lugar da Alemanha "sempre será ao lado de Israel".
"Acredito que nós concordamos em quase todos os objetivos", afirmou o ministro alemão. Mas, "em uma amizade como a nossa, também é possível conversar sobre coisas com as quais discordamos".
Maas mencionou diferenças de opinião entre os dois governos quando se trata de temas como a solução de dois Estados e o acordo nuclear com o Irã, rival de Israel na região. Enquanto a Alemanha defende firmemente o pacto de 2015, Israel o rejeita.
Sobre o conflito israelo-palestino, Netanyahu tem evitado repetidamente afirmar se concorda ou não com um Estado palestino, limitando-se apenas a dizer que apoia uma entidade palestina desmilitarizada que não seja uma ameaça a Israel.
Maas colocou o avanço das relações com Israel como um dos objetivos de sua gestão como chefe da diplomacia alemã. Quando assumiu o cargo em Berlim, o ministro afirmou: "É por causa de Auschwitz que decidi entrar na política". Ele repetiu as mesmas palavras na manhã desta segunda-feira em uma reunião com cerca de 30 sobreviventes do Holocausto em Jerusalém.
Netanyahu agradeceu Maas por seus comentários sobre o massacre de judeus durante a Alemanha nazista, dizendo que as palavras do ministro "alcançaram nossos corações".
A visita de Maas a Israel ocorre num momento crucial para as relações entre israelenses e alemães. Desde a decisão da chanceler federal alemã, Angela Merkel, de cancelar as negociações anuais com Israel no início do ano passado, as tensões se elevaram entre os dois governos.
Merkel justificou o cancelamento das conversações afirmando que precisava dedicar mais tempo às eleições federais do ano passado, apesar de relatos terem sugerido que a decisão da chefe de governo foi motivada pela contínua expansão de assentamentos de Israel na Cisjordânia.
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