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Cerveja já era produzida por homens pré-históricos

Recipientes de pedra encontrados em Israel eram usados para triturar e fermentar trigo ou cevada há 13 mil anos. - picture-alliance/dpa/A. Gebert
Recipientes de pedra encontrados em Israel eram usados para triturar e fermentar trigo ou cevada há 13 mil anos. Imagem: picture-alliance/dpa/A. Gebert

14/09/2018 09h20

Recipientes de pedra encontrados em sítio arqueológico em Israel eram usados para triturar e fermentar trigo ou cevada há cerca de 13 mil anos. Bebida da época era semelhante a um mingau. Arqueólogos encontraram evidências de que cervejas feitas a partir de cereais já eram produzidas antes da origem da agricultura e usadas em rituais, segundo um estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e da Universidade de Haifa, em Israel, publicado nesta quarta-feira (12).

Os pesquisadores descobriram que três recipientes de pedra conhecidos como morteiros, encontrados em um sítio arqueológico de 13 mil anos, foram usados para triturar e fermentar trigo ou cevada, assim como para guardar alimentos. Os artefatos foram descobertos na caverna de Raqefet, em Israel.

A partir disso, concluíram que a fabricação de cervejas a partir de cereais já ocorria no leste do Mediterrâneo mais de cinco milênios antes do que se pensava.

A caverna de Raqefet era frequentada pelos natufianos, um grupo de caçadores-coletores semissedentários que viveram no leste do Mediterrâneo entre os períodos Paleotítico e Neolítico, após o fim da última Era do Gelo.

Os natufianos que visitavam a caverna coletavam plantas locais, armazenavam sementes maltadas e faziam cerveja como parte de rituais para honrar seus mortos, que eram enterrados em canteiros de flores perto da caverna.

"A produção de álcool e o armazenamento de alimentos estão entre as maiores inovações tecnológicas que acabaram levando ao surgimento de civilizações ao redor do mundo", disse a pesquisadora Li Liu, da Universidade de Stanford.

Cientistas especulam que a fabricação de cervejas tenha sido um dos motivos que levaram ao cultivo de cereais na região sul do Levante.

Na visão de Liu, os resultados indicam que a fabricação de álcool não era necessariamente resultado do excesso de produção agrícola, mas foi desenvolvida com propósitos ritualísticos e espirituais, em certa medida anteriores à agricultura.

O amido de trigo ou cevada provavelmente era germinado em água, drenado, amassado, aquecido e, finalmente, fermentado com levedura selvagem.

Para chegar a essas conclusões, a equipe de pesquisadores recriou na prática o processo de fabricação de cerveja dos natufianos. O resultado foi menos semelhante à cerveja de hoje em dia e mais parecido com mingau. A bebida também continha menos álcool do que as cervejas modernas.

O estudo também indica que os natufianos exploravam ao menos sete tipos de plantas associadas aos morteiros. Além de trigo ou cevada, aveia, legumes e fibras vegetais estavam em sua dieta.

Os autores acrescentaram que os restos de pão mais antigos do mundo foram recentemente descobertos em uma escavação natufiana no leste da Jordânia. Os vestígios de pão têm entre 11.600 e 14.600 anos, enquanto os de cerveja têm idade estimada entre 11.700 e 13.700 anos.

O estudo foi publicado no Journal of Archaeological  Science: Reports.