Merkel vai deixar política após atual legislatura
Depois do desastre eleitoral em Hessen, chanceler federal decide não se recandidatar ao comando da CDU em dezembro. Merkel pretende, porém, continuar liderando o governo alemão até 2021, quando quer se aposentar.Depois do desastre na eleição regional em Hessen, onde a União Democrata Cristã (CDU) perdeu mais de 11 pontos percentuais em relação ao pleito anterior, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, anunciou nesta segunda-feira (29/10) que vai deixar a política ao término da atual legislatura, previsto para 2021.
Merkel, de 64 anos, afirmou que não vai mais se candidatar à presidência do partido, que comanda há 18 anos. A eleição para a presidência da CDU está marcada para dezembro. Ela pretende, porém, continuar no cargo de chanceler federal, que ocupa há 13 anos.
Até então, Merkel sempre defendera que chanceler e presidente do partido deveriam ser a mesma pessoa e já havia declarado que concorreria novamente ao cargo no congresso nacional da legenda marcado para dezembro, em Hamburgo.
A pressão do partido sobre a chanceler, no entanto, aumentou com o resultado ruim na eleição regional em Hessen. A perda de eleitores é atribuída à insatisfação popular com a coalizão de governo da Alemanha, depois de meses de brigas políticas internas.
Os resultados na Baviera e em Hessen mostram que não se trata apenas de um problema de comunicação da coalizão de governo, disse Merkel. "A imagem que o governo passa é inaceitável, e é hora de abrir um novo capítulo." Ela lembrou que sua decisão "não tem paralelo na história da República Federal".
Merkel se esquivou de indicar um possível sucessor. Após o anúncio, o jurista Friedrich Merz, que entre 2000 e 2002 foi o líder da bancada conservadora no Bundestag (Parlamento alemão), se apresentou como candidato.
Também o ministro da Saúde, Jens Spahn, e a secretária-geral da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, querem concorrer à liderança partidária. Kramp-Karrenbauer é apontada como a protegida de Merkel dentro da CDU.
Neste domingo, os eleitores de Hessen garantiram uma votação recorde para o Partido Verde no estado alemão, com 19,8% dos votos, o mesmo percentual do Partido Social-Democrata (SPD), que despencou 10,9 pontos percentuais. A CDU ficou à frente, com 27% dos votos, mas 11,3 pontos percentuais abaixo do resultado da eleição anterior, de 2013.
Apesar das perdas, a CDU deve se manter à frente do governo de Hessen, provavelmente numa repetição da atual coalizão, com o Partido Verde. Juntos, os dois partidos tem 69 assentos. Os demais partidos têm 68. Uma segunda opção seria incluir também o Partido Liberal (FDP) no governo para aumentar a vantagem. Os liberais, que obtiveram 7,5% dos votos, já sinalizaram disposição para entrar no governo, e os verdes também se mostraram receptivos a essa opção.
Reações
Adversários políticos e correligionários elogiaram a líder da União Democrata Cristã (CDU).
A presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Andrea Nahles, afirmou que a CDU tem muito a agradecer a Merkel e lembrou que ela assumiu a presidência do partido num momento de crise. "A CDU deve a ela um enorme agradecimento", afirmou.
A líder do SPD, que faz parte da atual coalizão de governo, disse ainda que Merkel estabeleceu um novo estilo de liderança e deseja uma boa cooperação com a CDU, mesmo após a saída da chanceler do seu comando.
O líder da bancada conservadora no Bundestag (Parlamento alemão), Ralph Brinkhaus, reiterou apoio à chanceler federal e destacou que os parlamentares da legenda farão de tudo para que governo de Merkel seja bem-sucedido.
A ala feminina do partido conservador exaltou Merkel com "um exemplo e um ícone" para mulheres do mundo todo. "Apoiamos com muito respeito e reconhecimento" a sua decisão, disse a presidente do grupo, Annette Widmann-Mauz, que destacou ainda que, como primeira mulher a comandar o partido, a chanceler trouxe mudanças para a sociedade.
O Partido Verde expressou respeito pela chanceler. "Ninguém deve esquecer que ela foi a primeira mulher a comandar a CDU, nesse ambiente tão dominado por homens", disse Annalena Baerbock, co-presidente da legenda. Apesar do elogio, a líder dos verdes criticou retrocessos na política climática e de refugiados sob o governo Merkel.
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Merkel, de 64 anos, afirmou que não vai mais se candidatar à presidência do partido, que comanda há 18 anos. A eleição para a presidência da CDU está marcada para dezembro. Ela pretende, porém, continuar no cargo de chanceler federal, que ocupa há 13 anos.
Até então, Merkel sempre defendera que chanceler e presidente do partido deveriam ser a mesma pessoa e já havia declarado que concorreria novamente ao cargo no congresso nacional da legenda marcado para dezembro, em Hamburgo.
A pressão do partido sobre a chanceler, no entanto, aumentou com o resultado ruim na eleição regional em Hessen. A perda de eleitores é atribuída à insatisfação popular com a coalizão de governo da Alemanha, depois de meses de brigas políticas internas.
Os resultados na Baviera e em Hessen mostram que não se trata apenas de um problema de comunicação da coalizão de governo, disse Merkel. "A imagem que o governo passa é inaceitável, e é hora de abrir um novo capítulo." Ela lembrou que sua decisão "não tem paralelo na história da República Federal".
Merkel se esquivou de indicar um possível sucessor. Após o anúncio, o jurista Friedrich Merz, que entre 2000 e 2002 foi o líder da bancada conservadora no Bundestag (Parlamento alemão), se apresentou como candidato.
Também o ministro da Saúde, Jens Spahn, e a secretária-geral da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, querem concorrer à liderança partidária. Kramp-Karrenbauer é apontada como a protegida de Merkel dentro da CDU.
Neste domingo, os eleitores de Hessen garantiram uma votação recorde para o Partido Verde no estado alemão, com 19,8% dos votos, o mesmo percentual do Partido Social-Democrata (SPD), que despencou 10,9 pontos percentuais. A CDU ficou à frente, com 27% dos votos, mas 11,3 pontos percentuais abaixo do resultado da eleição anterior, de 2013.
Apesar das perdas, a CDU deve se manter à frente do governo de Hessen, provavelmente numa repetição da atual coalizão, com o Partido Verde. Juntos, os dois partidos tem 69 assentos. Os demais partidos têm 68. Uma segunda opção seria incluir também o Partido Liberal (FDP) no governo para aumentar a vantagem. Os liberais, que obtiveram 7,5% dos votos, já sinalizaram disposição para entrar no governo, e os verdes também se mostraram receptivos a essa opção.
Reações
Adversários políticos e correligionários elogiaram a líder da União Democrata Cristã (CDU).
A presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Andrea Nahles, afirmou que a CDU tem muito a agradecer a Merkel e lembrou que ela assumiu a presidência do partido num momento de crise. "A CDU deve a ela um enorme agradecimento", afirmou.
A líder do SPD, que faz parte da atual coalizão de governo, disse ainda que Merkel estabeleceu um novo estilo de liderança e deseja uma boa cooperação com a CDU, mesmo após a saída da chanceler do seu comando.
O líder da bancada conservadora no Bundestag (Parlamento alemão), Ralph Brinkhaus, reiterou apoio à chanceler federal e destacou que os parlamentares da legenda farão de tudo para que governo de Merkel seja bem-sucedido.
A ala feminina do partido conservador exaltou Merkel com "um exemplo e um ícone" para mulheres do mundo todo. "Apoiamos com muito respeito e reconhecimento" a sua decisão, disse a presidente do grupo, Annette Widmann-Mauz, que destacou ainda que, como primeira mulher a comandar o partido, a chanceler trouxe mudanças para a sociedade.
O Partido Verde expressou respeito pela chanceler. "Ninguém deve esquecer que ela foi a primeira mulher a comandar a CDU, nesse ambiente tão dominado por homens", disse Annalena Baerbock, co-presidente da legenda. Apesar do elogio, a líder dos verdes criticou retrocessos na política climática e de refugiados sob o governo Merkel.
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