Juan Guaidó, o líder oposicionista que desafiou Maduro
Engenheiro de 35 anos que iniciou carreira política como dirigente estudantil chegou à chefia da oposição na Venezuela quase por acaso. Ascensão veio graças ao vácuo deixado pelas lideranças perseguidas pelo regime.Ao se autoproclamar "chefe de Estado interino" da Venezuela no dia 23 de janeiro, Juan Guaidó desafiou o homem mais forte da nação caribenha, Nicolás Maduro, como nenhum outro político opositor. Até 4 de janeiro de 2019, véspera de assumir a presidência rotatória do Parlamento, nada deixava entrever que o engenheiro industrial de 35 anos estivesse disposto a chegar tão longe.
Sua condição de integrante do Vontade Popular – tido como o mais radical dos partidos antichavistas – permitia prever uma gestão legislativa assertiva, mas sua breve biografia não dava base para se imaginar um cenário como o que atualmente protagoniza: de golpe. Nem os próprios venezuelanos conheciam bem Guaidó.
Descrito como "centrista" por aqueles que o conhecem, apesar de seu partido ser membro da organização Internacional Socialista (IS), Juan Guaidó começou sua carreira política como dirigente estudantil social-democrata na Universidade Católica Andrés Bello, na capital venezuelana, Caracas. Pouco depois, seu nome apareceria entre os dos que fundaram o Vontade Popular em 2009.
Foi como representante da legenda que obteve seu primeiro cargo. Guaidó foi designado deputado suplente para o período entre 2010 e 2015. Em 2015, participou de uma greve de fome exigindo que as autoridades eleitorais – alinhadas com o governo – marcassem eleições parlamentares.
Seu sacrifício parece ter valido a pena: nas eleições legislativas de 6 de dezembro daquele ano, a oposição arrebatou do chavismo a maioria dos lugares no Parlamento, e Guaidó foi nomeado deputado pelo estado de Vargas, com mais de 97 mil votos, para o período de 2016 a 2021. Em seu caso, o resto é história em pleno desenvolvimento.
Salto na hierarquia
"Juan Guaidó chegou à presidência do Parlamento por acaso. E com isso não estou insinuando que ele não tenha os méritos requeridos para exercer o cargo", ressalta o sociólogo venezuelano Héctor Briceño, professor visitante da Universidade de Rostock. "O que quero dizer é que, na hierarquia de seu partido, existem dirigentes de maior peso que foram sendo inabilitados um a um. Isso abriu caminho para Guaidó."
Leopoldo López, o líder do Vontade Popular, está preso em regime domiciliar; Freddy Guevara, ex-vice-presidente do Parlamento, está refugiado na residência do embaixador chileno em Caracas desde que o regime de Maduro o acusou de orquestrar os protestos contra o governo de 2017 e retirou sua imunidade parlamentar; e Carlos Vecchio, ex-coordenador do partido, optou pelo exílio quando foi acusado de responsabilidade pelas mortes ocorridas nas manifestações de 2014.
Quando ganharam juntos as últimas eleições legislativas, em dezembro de 2015, os membros da Mesa da Unidade Democrática (MUD) – a aliança de partidos de maior sucesso do antichavismo – concordaram em ocupar a presidência do Parlamento de forma rotativa: o Ação Democrática assumiu em 2016, o Primeiro Justiça, em 2017, e Um Novo Tempo, em 2018.
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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
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Autor: Evan Romero-Castillo (md)
Sua condição de integrante do Vontade Popular – tido como o mais radical dos partidos antichavistas – permitia prever uma gestão legislativa assertiva, mas sua breve biografia não dava base para se imaginar um cenário como o que atualmente protagoniza: de golpe. Nem os próprios venezuelanos conheciam bem Guaidó.
Descrito como "centrista" por aqueles que o conhecem, apesar de seu partido ser membro da organização Internacional Socialista (IS), Juan Guaidó começou sua carreira política como dirigente estudantil social-democrata na Universidade Católica Andrés Bello, na capital venezuelana, Caracas. Pouco depois, seu nome apareceria entre os dos que fundaram o Vontade Popular em 2009.
Foi como representante da legenda que obteve seu primeiro cargo. Guaidó foi designado deputado suplente para o período entre 2010 e 2015. Em 2015, participou de uma greve de fome exigindo que as autoridades eleitorais – alinhadas com o governo – marcassem eleições parlamentares.
Seu sacrifício parece ter valido a pena: nas eleições legislativas de 6 de dezembro daquele ano, a oposição arrebatou do chavismo a maioria dos lugares no Parlamento, e Guaidó foi nomeado deputado pelo estado de Vargas, com mais de 97 mil votos, para o período de 2016 a 2021. Em seu caso, o resto é história em pleno desenvolvimento.
Salto na hierarquia
"Juan Guaidó chegou à presidência do Parlamento por acaso. E com isso não estou insinuando que ele não tenha os méritos requeridos para exercer o cargo", ressalta o sociólogo venezuelano Héctor Briceño, professor visitante da Universidade de Rostock. "O que quero dizer é que, na hierarquia de seu partido, existem dirigentes de maior peso que foram sendo inabilitados um a um. Isso abriu caminho para Guaidó."
Leopoldo López, o líder do Vontade Popular, está preso em regime domiciliar; Freddy Guevara, ex-vice-presidente do Parlamento, está refugiado na residência do embaixador chileno em Caracas desde que o regime de Maduro o acusou de orquestrar os protestos contra o governo de 2017 e retirou sua imunidade parlamentar; e Carlos Vecchio, ex-coordenador do partido, optou pelo exílio quando foi acusado de responsabilidade pelas mortes ocorridas nas manifestações de 2014.
Quando ganharam juntos as últimas eleições legislativas, em dezembro de 2015, os membros da Mesa da Unidade Democrática (MUD) – a aliança de partidos de maior sucesso do antichavismo – concordaram em ocupar a presidência do Parlamento de forma rotativa: o Ação Democrática assumiu em 2016, o Primeiro Justiça, em 2017, e Um Novo Tempo, em 2018.
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