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"Estamos do lado de Guaidó", diz ministro alemão sobre crise na Venezuela

23.jan.2019 - Heiko Maas, ministro das Relações Exteriores da Alemanha  - Andrew Caballero-Reynolds/AFP
23.jan.2019 - Heiko Maas, ministro das Relações Exteriores da Alemanha Imagem: Andrew Caballero-Reynolds/AFP

25/01/2019 09h17

Heiko Maas, que comanda pasta do Exterior, afirma que Alemanha apoia ações de líder oposicionista na Venezuela, sem o reconhecer oficialmente como presidente. Porta-voz de Merkel pede eleições livres e justas.

O ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, rompeu o silêncio do governo da Alemanha sobre os últimos acontecimentos na Venezuela, afirmando nesta quinta-feira (24) que seu país está ao lado do líder oposicionista Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país sul-americano.

"Não estamos neutros", disse Maas em entrevista à DW, na véspera de representar pela primeira vez a Alemanha como membro rotativo do Conselho de Segurança da ONU.

"Estamos do lado de Guaidó, porque é difícil reconhecer a legitimidade da reeleição de Maduro. É evidente que houve tantas violações do direito de voto que só se pode falar de eleições limitadamente democráticas", disse o ministro em referência à votação no ano passado em que Maduro foi declarado vencedor, apesar da legitimidade do pleito ser amplamente questionada.

"Por isso pedimos novas eleições, para que a Assembleia Nacional possa assumir responsabilidades e para que o direito constitucional seja restaurado na Venezuela", disse Maas ."Não estamos neutros nessa questão, apoiamos o que Guaidó está fazendo", reiterou, evitando declarar apoio oficial do governo alemão à presidência do líder oposicionista.

Nesta sexta-feira (25), Steffen Seibert, porta-voz da chanceler federal Angela Merkel, afirmou que Berlim está considerando a possibilidade de reconhecer Guaidó como chefe de Estado da Venezuela se não houver imediatamente eleições justas e livres no país.

A União Europeia (UE) também vem mantendo uma posição mais cuidadosa quanto ao reconhecimento de Guaidó como presidente, preferindo se limitar a pedir novas eleições no país sul-americano.

Países como Brasil, Estados Unidos, Colômbia, Canadá, Argentina e Chile e a Organização dos Estados Americanos (OEA) reconheceram o governo interino pouco depois de Guaidó, que preside a Assembleia Nacional da Venezuela, se declarar presidente.

Sob pressão, o presidente Nicolás Maduro aceitou nesta quinta-feira iniciar conversações com a oposição venezuelana para pôr fim à crise política, após uma proposta dos governos do México e do Uruguai para a criação de uma iniciativa internacional de diálogo. O presidente rompeu relações políticas com os EUA, expulsando diplomatas do país e fechando as embaixadas venezuelanas em solo americano.

Papel ativo no Conselho de Segurança

Mass falou sobre a futura posição da Alemanha como membro do Conselho de Segurança, posto que o país assume a partir deste mês por dois anos.

"Naturalmente, desempenharemos um papel ativo ao lidar com as crises e conflitos com os quais o Conselho lida. Isso inclui Síria, Iêmen, Ucrânia e, agora, a Venezuela", afirmou.

"Há temas importantes que pretendemos levar ao Conselho. O clima e a segurança são questões que não recebem atenção suficiente", observou.

O ministro ressaltou a importância do reconhecimento do papel das mulheres e do reforço da ajuda humanitária nas regiões em crise. "O grande tema, porém, é o desarmamento. Isso é algo que deve ser discutido com a comunidade internacional", afirmou.

"Não queremos fingir que somos mais importantes do que realmente somos. Mas, há questões que não interessam apenas à Rússia ou aos Estados Unidos, como o futuro do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário [INF, na sigla em inglês]. Ficaremos satisfeitos em ajudar sempre que pudermos na busca por entendimento", afirmou acrescentando que a China também desempenha um papel importante na questão do desarmamento.