Por que os alemães estão mais infelizes?

Por que os alemães estão mais infelizes? - Apesar da estabilidade do padrão de vida, Alemanha caiu para 24º lugar no ranking global de felicidade, sendo o 47º na avaliação entre os jovens. Fatores como pandemia e tensões geopolíticas contribuíram para queda.Enquanto a Finlândia lidera pelo sétimo ano seguido o ranking dos países mais felizes do mundo, seguida da Dinamarca, Islândia e Suécia, a Alemanha se mantém dezenas de posições abaixo dos países escandinavos e de vários de seus vizinhos europeus.

Não é o caso, porém, de os alemães estarem mais tristes do que nos antos anteriores. Eles, na verdade, vêm sendo ultrapassados pelas populações de outras nações, o que os deixa na 24ª posição do ranking, segundo o Relatório Mundial da Felicidade, patrocinado pela ONU.

O resultado é ainda pior entre as pessoas com menos de 30 anos, avaliação na qual a Alemanha se encontra na 47ª posição.

Tendência semelhante é observada nos Estados Unidos, que ocupa a 23ª posição no ranking geral, sendo esta a primeira que o país caiu das 20 primeiras colocações, devido ao alto índice de infelicidade entre os jovens.

A Costa Rica e o Kwait entraram no top 10, que não inclui nenhum dos maiores países do mundo. Somente a Holanda e a Austrália têm populações superiores a 15 milhões de habitantes. No conjunto dos 20 principais, apenas Canadá e Reino Unido têm populações superiores a 30 milhões.

O relatório foi realizado a pedido da ONU pelo Gallup, um dos maiores institutos de pesquisas dos EUA, que entrevistou pessoas em 143 países e territórios que avaliaram suas vidas em uma escala de zero a dez. O estudo também leva em conta índices como o Produto Interno Bruto (PIB), políticas sociais, expectativa de vida, liberdade, generosidade e corrupção em cada país.

Infelicidade dos alemães

O relatório de 2024 se baseia em dados de 2021 a 2023, que cobrem parte da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia.

"Talvez os alemães reajam de maneira muito mais sensível ao desencadear da guerra do que outras populações, devido à sua história", afirmou Hilke Brockmann, cientista social da Universidade de Bremen, no norte da Alemanha. "É possível que isso também resulte nessa angústia alemã."

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Pesquisadores na Alemanha que rastreiam os humores da população já notaram uma discrepância entre a situação socioeconômica e o senso de bem-estar pessoal. Brockmann atribui o baixo astral no país também à macropolítica.

"Devemos levar em conta que o Estado alemão não é particularmente generoso. As políticas de austeridade aplicadas na Alemanha não conduziram, particularmente, à felicidade", afirmou à DW. "O mau funcionamento das estruturas públicas também não necessariamente contribui para a satisfação."

A pesquisadora avalia que, nos países nórdicos e escandinavos, a rede de seguridade social é bem mais ampla e fortalecida, o que "cria uma espécie de solidariedade básica que pode, de algum modo, estar faltando nos Estados de bem-estar social conservadores como a Alemanha".

Idosos ou jovens: quem é mais feliz?

O relatório deste ano também levou em consideração as faixas etárias. Na Alemanha, Noruega, Suécia, França, Reino Unido e Espanha, os idosos são significativamente mais felizes do que os jovens. Portugal e Grécia, por sua vez, mostram a tendência contrária.

Os resultados, de certa forma, desvalidam a crença de que os jovens são mais felizes, e que sua felicidade se esvai enquanto envelhecem, ao se darem conta de que suas expectativas não foram atingidas.

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A socióloga Brockmann destaca que relacionamentos fortes ajudam a aumentar o nível de felicidade, sendo que essas relações tendem a se estabelecer com frequência maior enquanto as pessoas envelhecem.

O Relatório Mundial da Felicidade é divulgado anualmente desde 2012, quando a ONU adotou o padrão de felicidade pública do Butão e criou o Dia Internacional da Felicidade, na data de 20 de março.

O Brasil aparece na 44ª posição do ranking, o que representa um aumento em cinco posições em relação a 2023. Entre os países da América do Sul, os brasileiros só perdem para o Uruguai (26º) e o Chile (38º) e estão à frente de Argentina (48º) e Venezuela (79º), por exemplo.

Autor: Jens Thurau

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