Pelo menos 340 pessoas são presas na Turquia em protesto contra governo
O governo turco informou neste sábado (22) que foram detidas mais de 340 pessoas nas manifestações convocadas no dia anterior contra a prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, um rival político do regime do presidente Recep Tayyip Erdogan.
"Não haverá tolerância para aqueles que visam violar a ordem, ameaçar a paz alheia e causar caos e provocação", disse o ministro do Interior da Turquia, Ali Yerlikaya.
Yerlikaya especificou que 343 suspeitos foram presos durante os protestos que ocorreram em Istambul e em outras oito cidades da Turquia. A agência espanhola EFE relatou que vários estudantes foram presos após operações em dormitórios de universidades.
No dia anterior, apesar da proibição do governo e das barricadas policiais, milhares de manifestantes - 100 mil de acordo com estimativas da imprensa turca - reuniram-se do lado de fora da prefeitura de Istambul, onde o dirigente do Partido Republicano do Povo (CHP), Özgür Özel, falou à multidão.

"Sim, Erdogan está tentando eliminar seus rivais por meios ilegais. Vamos derrubar esse governo", declarou. "O mundo e a Turquia veem que o regime opressivo de Erdogan está tremendo, está prestes a entrar em colapso", acrescentou o dirigente do CHP, que faz oposição a Erdogan e que pediu que a pressão nas ruas continue até domingo.
De acordo com uma contagem da agência de notícias AFP, ocorreram manifestações em pelo menos 55 das 81 províncias da Turquia até o momento. Na sexta-feira, o presidente Recep Tayyip Erdogan disse em um discurso que as autoridades "não permitiriam que a ordem pública fosse prejudicada" e prometeu não "ceder ao vandalismo ou ao terrorismo de rua".
O prefeito Ekrem Imamoglu foi preso na quarta-feira, como parte da investigação sobre corrupção, suborno e manipulação de licitações municipais, na qual são acusados cerca de 100 outros réus, quase todos detidos.
A prisão do prefeito ocorreu poucos dias antes de sua esperada nomeação como candidato à presidência pelo CHP, da oposição.

Nascido em 1971, antes de iniciar carreira política Ekrem Imamoglu estudou administração de empresas e trabalhou na gastronomia e construção civil. De 2002 a 2003, foi membro da presidência do clube de futebol Trabzonspor.

Em 2019 venceu o pleito municipal em Istambul, encerrando assim 25 anos de hegemonia conservadora-islamista do AKP na metrópole. A sigla de Erdogan entrou com um recurso, obtendo a anulação do resultado, porém nas novas eleições Imamoglu voltou a vencer, com grande vantagem. Em 31 de março de 2024, foi reeleito prefeito.
Assim como Erdogan, o político atualmente preso provém da região conservadora-nacionalista do Mar Negro, onde cresceu em condições humildes. Desde que assumiu a prefeitura, vinha fortalecendo maciçamente a assistência social para os necessitados e estudantes de Istambul.
Apreciado por seu jeito popular e capacidade de mobilizar os cidadãos, Imamoglu era a grande esperança da oposição e o adversário mais ameaçador para Erdogan nas presidenciais.
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Joao Pedro Martins
A extrema direita mostrando sua verdadeira face. Suas ações são sempre para concentrar o poder em um figura que acha insubstituível e que não pode ser contrariado ou criticado, que não admite ideias diferentes ou concorrentes. A eleição tipo aquela feita na Rússia e na Venezuela, está sendo adotada como modelo para tais ditadores, disfarçados de políticos. Muito sangue ainda vai rolar para o mundo se livrar dessa praga que cresce prometendo desenvolvimento e agendas conservadoras no discurso, mas que na verdade, representam a entrega do poder a grupos inescrupulosos, sanguinários e rapidamente passam a oprimir qualquer possibilidade de mudança.