Com festa cercada por polêmicas, Robert Mugabe completa 91 anos
O líder africano mais longevo e atual presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, completa 91 anos neste sábado sem intenções de retirar-se do governo, apesar de sua idade avançada e das recentes suspeitas sobre seu estado de saúde.
Embora as celebrações de hoje sejam comedidas - um bolo, uma serenata de sua equipe pessoal e várias páginas de anúncios de felicitações na imprensa estatal -, seus partidários preparam uma luxuosa festa para o próximo sábado, dia 28.
Membros do partido de Mugabe, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (Zanu-PF), pretendem que a festa deste ano seja "a melhor" da história do líder, e será realizada em um campo de golfe nas cataratas Victoria, o destino turístico mais popular do país.
Esta será também uma "celebração dupla", já que se lembrará um mês desde que Mugabe foi nomeado presidente da União Africana (UA), uma controvertida decisão devido às acusações de violação dos direitos humanos que pesam sobre o líder.
A imprensa não governamental alega que o custo dos festejos será de cerca de US$ 1 milhão, quantia que não foi confirmada pelo Zanu-PF.
Por sua parte, o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, qualificou a festa de " obscena reunião de tribos", e pediu que Mugabe cancele a celebração.
"A maioria dos zimbabuanos estão vivendo na miséria e na indigência, e é ofensivo que Robert Mugabe e seus parasitas comemorem, comam e bebam nas cataratas Victoria", declarou o porta-voz do partido opositor Movimento por Mudança Democrática (MDC), Obert Gutu, em comunicado.
"Já é hora que o regime do Zanu-PF mostre um pouco de respeito e empatia para as massas trabalhadoras do Zimbábue", acrescentou Gutu.
Uma recente pesquisa realizada pela Agência de Estatística Estatal aponta que mais de 75% da população adulta do Zimbábue vive com menos de US$ 200 por mês.
Por isso, Gutu reivindicou que os fundos já preparados para a celebração sejam enviados a escolas e clínicas na província de Matabele, onde se encontram as cataratas.
Empresários locais se viram obrigados a ajudar a pagar a contar da festa, e vários hotéis na cidade tiveram que proporcionar alojamento gratuito aos mais de 100 delegados convidados.
Um homem de negócios da cidade de Mutar garantiu à Agência Efe que tinha sido pressionado para comparecer a um almoço de arrecadação de fundos onde os clientes tiveram que pagar US$ 200 por um prato que normalmente valeria US$ 6.
A festa também não agradou aos ativistas em defesa dos animais, que criticam o sacrifício de elefantes, búfalos e outros animais selvagens para alimentar os convidados.
Por outra parte, o porta-voz da oposição fez alusão às renovadas dúvidas sobre a saúde de Mugabe depois que o presidente escorregou e caiu no aeroporto de Harare no início deste mês.
"Um homem de 91 anos deveria estar em um asilo e não na presidência da nação", criticou.
No poder desde 1980, Mugabe é um dos líderes africanos mais criticados por violações de direitos humanos e pela supressão das liberdades políticas em seu Zimbábue.
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