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Maduro ordena revisão das relações com os EUA após revelações de Snowden

Presidente venezuelano afirmou que "o império americano teve a intenção de sabotar a indústria petrolífera" do país - Miguel Gutiérrez/Efe
Presidente venezuelano afirmou que "o império americano teve a intenção de sabotar a indústria petrolífera" do país Imagem: Miguel Gutiérrez/Efe

Em Caracas

19/11/2015 03h20

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou nesta quarta-feira a revisão "integral" das relações de seu país com os Estados Unidos depois que foram reveladas informações que indicam que funcionários da companhia petrolífera estatal PDVSA foram alvo de espionagem por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA, sigla em inglês) americana.

"Proceda com uma revisão integral e eu irei anunciando as ações que iremos tomar para que o governo dos EUA peça perdão ao povo da Venezuela pela ofensa que cometeu", disse Maduro à ministra das Relações Exteriores venezuelana, Delcy Rodríguez, durante um evento de campanha.

Maduro explicou que ordenou que a chanceler entre em contato amanhã com o encarregado de negócios dos EUA em Caracas - o principal representante diplomático no país - para que o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela lhe entregue uma nota de protesto sobre as ações de espionagem reveladas em um documento de Edward Snowden que foi divulgado hoje.

O presidente venezuelano afirmou que "o império americano teve a intenção de sabotar a indústria petrolífera e de derrubar o governo venezuelano para se apropriar do petróleo, que pertence única e exclusivamente ao povo da Venezuela".

O documento de Snowden, divulgado hoje pela emissora latino-americana "Telesur", afirma que a NSA monitorou centenas de diretores da PDVSA, entre eles o ex-presidente da companhia, Rafael Ramírez.

O texto, segundo a "Telesur", foi redigido por um agente cuja identidade não foi revelada, que seria o encarregado de espionar a companhia petrolífera venezuelana, e do qual Snowden teve acesso.

O documento indica que foram coletadas informações privadas de pelo menos 10 mil perfis de funcionários, o que inclui endereços de e-mail e números de telefone, entre eles o de Ramírez, que presidiu a estatal venezuelana entre 2004 e 2014, e que atualmente é o representante da Venezuela nas Nações Unidas.

Além disso, o agente garante que teve acesso a informações de outros 900 perfis que incluía, entre outros dados, senhas de e-mail e usuários.

No documento, o funcionário da NSA assinala que seu trabalho, que foi realizado no final de 2010, foi feito em coordenação com a CIA (agência de inteligência americana) nos EUA e "com Caracas".

Após incluir a lista de nomes da direção da empresa petrolífera na base de dados da NSA, o agente que redigiu o documento assegurou que as informações "eram uma mina de ouro".

Snowden, que vive asilado na Rússia, é acusado de violar a lei de espionagem americana após vazar detalhes de dois programas secretos de vigilância de registros telefônicos e de comunicações na internet pelas agências do governo americano.

Venezuela e EUA mantêm suas relações diplomáticas sem embaixadores desde 2010.