Irlanda comemora centenário de rebelião que possibilitou independência
Javier Aja.
Dublin, 26 mar (EFE).- A República da Irlanda celebra sua Semana Santa particular com o centenário da Revolta da Páscoa, que acelerou sua independência do Reino Unido, país que passou de odiado vizinho a amigo e sólido aliado.
Na Sexta-feira Santa de 21 de abril de 1916 tudo estava preparado para que menos de dois mil homens, com quase nenhum treinamento militar e mal armados, se lançassem três dias depois, na Segunda-feira de Páscoa, às ruas de Dublin para tomar a cidade e enfrentar o exército do todo-poderoso império de Vossa Majestade.
Esta aventura bélica tinha sido projetada pela Irmandade Republicana Irlandesa e contava com a colaboração dos Voluntários Irlandeses, do Exército Cidadão Irlandês e do Conselho Nacional de Mulheres Irlandesas, que destinou 300 membros para prestar todo tipo de atividades de apoio aos combatentes.
Aquela rebelião era a primeira grande revolta do nacionalismo e republicanismo irlandês em mais de 100 anos, praticamente derrotado após oito séculos de ocupação britânica da ilha.
Durante quase uma semana, eles se apoderaram de grandes áreas da capital irlandesa e tomaram edifícios emblemáticos, como o Escritório Geral dos Correios (GPO, na sigla em inglês) da O'Connell Street, a principal via da cidade.
Na fachada do GPO, construção de estilo neoclássico, e nas pedras do antigo Palácio da Justiça é possível ver ainda hoje as marcas das balas trocadas entre ambos os lados como testemunho daquela sangrenta batalha. No entanto, em 29 de abril, os rebeldes, exaustos e sem chances de vitória, se renderam.
As autoridades executaram todos os seus líderes e detiveram mais de 3.500 pessoas por envolvimento na revolta, mas esses seis violentos dias da Semana Santa tiveram um impacto enorme sobre o adormecido nacionalismo irlandês.
Este período revolucionário convenceu uma grande parte dos cidadãos a rejeitar o poder de Londres na ilha e reivindicar sua independência.
Para os ideólogos rebeldes não foi fácil, pois parecia que o país já estava condenado a se transformar, como a Escócia, em uma região a mais do Reino Unido, que, além disso, lutava na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) com 150 mil irlandeses integrando às fileiras de seu exército.
Seja como for, a Revolta de Páscoa despertou a consciência nacionalista e desembocou, após a Guerra de Independência (1919-1921), na criação de um Estado Livre Irlandês composto por 26 condados e precursor da atual República da Irlanda, fundada em 1949.
Em troca, Dublin aceitava a divisão da ilha e deixava nas mãos de Londres seis dos nove condados do Ulster, que se tornou província britânica da Irlanda do Norte, pertencente ao Reino Unido.
Eram semeadas assim as sementes de um conflito que continua ainda hoje causando vítimas pela violência dos grupos dissidentes do já extinto IRA (Exército Republicano Irlandês), que se opõem ao processo de paz na ilha e se consideram os verdadeiros responsáveis pela continuidade da luta nacionalista.
Do GPO, os rebeldes apresentaram a "Proclamação da República da Irlanda", um texto assinado pelos sete líderes da revolta: Thomas J. Clarke, Sean Mac Diarmada, Patrick H. Pearse, James Connolly, Thomas MacDonagh, Éamonn Ceannt e Joseph Plunkett.
Este documento não só detalhava o desejo de independência do povo irlandês, como também pretendia criar um novo país regido pela igualdade e o progresso social. Além disso, apresentava a Irlanda como um exemplo a ser seguido pelas demais colônias do império britânico que uma a uma, anos mais tarde, começaram a desligar-se do governo em Londres.
Durante este ano, o governo de Dublin programou mais de 40 atos oficiais para comemorar o centenário em território nacional, e, em virtude do clima de amizade que Irlanda e Reino Unido desfrutam agora, também serão realizados eventos em território britânico.
Dublin, 26 mar (EFE).- A República da Irlanda celebra sua Semana Santa particular com o centenário da Revolta da Páscoa, que acelerou sua independência do Reino Unido, país que passou de odiado vizinho a amigo e sólido aliado.
Na Sexta-feira Santa de 21 de abril de 1916 tudo estava preparado para que menos de dois mil homens, com quase nenhum treinamento militar e mal armados, se lançassem três dias depois, na Segunda-feira de Páscoa, às ruas de Dublin para tomar a cidade e enfrentar o exército do todo-poderoso império de Vossa Majestade.
Esta aventura bélica tinha sido projetada pela Irmandade Republicana Irlandesa e contava com a colaboração dos Voluntários Irlandeses, do Exército Cidadão Irlandês e do Conselho Nacional de Mulheres Irlandesas, que destinou 300 membros para prestar todo tipo de atividades de apoio aos combatentes.
Aquela rebelião era a primeira grande revolta do nacionalismo e republicanismo irlandês em mais de 100 anos, praticamente derrotado após oito séculos de ocupação britânica da ilha.
Durante quase uma semana, eles se apoderaram de grandes áreas da capital irlandesa e tomaram edifícios emblemáticos, como o Escritório Geral dos Correios (GPO, na sigla em inglês) da O'Connell Street, a principal via da cidade.
Na fachada do GPO, construção de estilo neoclássico, e nas pedras do antigo Palácio da Justiça é possível ver ainda hoje as marcas das balas trocadas entre ambos os lados como testemunho daquela sangrenta batalha. No entanto, em 29 de abril, os rebeldes, exaustos e sem chances de vitória, se renderam.
As autoridades executaram todos os seus líderes e detiveram mais de 3.500 pessoas por envolvimento na revolta, mas esses seis violentos dias da Semana Santa tiveram um impacto enorme sobre o adormecido nacionalismo irlandês.
Este período revolucionário convenceu uma grande parte dos cidadãos a rejeitar o poder de Londres na ilha e reivindicar sua independência.
Para os ideólogos rebeldes não foi fácil, pois parecia que o país já estava condenado a se transformar, como a Escócia, em uma região a mais do Reino Unido, que, além disso, lutava na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) com 150 mil irlandeses integrando às fileiras de seu exército.
Seja como for, a Revolta de Páscoa despertou a consciência nacionalista e desembocou, após a Guerra de Independência (1919-1921), na criação de um Estado Livre Irlandês composto por 26 condados e precursor da atual República da Irlanda, fundada em 1949.
Em troca, Dublin aceitava a divisão da ilha e deixava nas mãos de Londres seis dos nove condados do Ulster, que se tornou província britânica da Irlanda do Norte, pertencente ao Reino Unido.
Eram semeadas assim as sementes de um conflito que continua ainda hoje causando vítimas pela violência dos grupos dissidentes do já extinto IRA (Exército Republicano Irlandês), que se opõem ao processo de paz na ilha e se consideram os verdadeiros responsáveis pela continuidade da luta nacionalista.
Do GPO, os rebeldes apresentaram a "Proclamação da República da Irlanda", um texto assinado pelos sete líderes da revolta: Thomas J. Clarke, Sean Mac Diarmada, Patrick H. Pearse, James Connolly, Thomas MacDonagh, Éamonn Ceannt e Joseph Plunkett.
Este documento não só detalhava o desejo de independência do povo irlandês, como também pretendia criar um novo país regido pela igualdade e o progresso social. Além disso, apresentava a Irlanda como um exemplo a ser seguido pelas demais colônias do império britânico que uma a uma, anos mais tarde, começaram a desligar-se do governo em Londres.
Durante este ano, o governo de Dublin programou mais de 40 atos oficiais para comemorar o centenário em território nacional, e, em virtude do clima de amizade que Irlanda e Reino Unido desfrutam agora, também serão realizados eventos em território britânico.
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