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Venezuela, Bolívia e Nicarágua pedem a renúncia de Almagro

23/06/2016 17h40

(Atualiza com a posição de Bolívia e Nicarágua).

Washington, 23 jun (EFE).- Venezuela, Bolívia e Nicarágua pediram nesta quinta-feira a renúncia do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, enquanto a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, anunciou que seu governo se reserva "às ações legais às quais tem direito".

Perguntada se, como a Bolívia, a Venezuela exige a renúncia de Almagro, Rodríguez afirmou: "Nós pedimos, mas sabemos que é completamente inservível".

"Porque é um processo de reflexão interna para que uma pessoa renuncie em um caso como o que está contemplado, e esse processo sem dúvida alguma deve ser marcado por princípios éticos, morais, que chamamos 'ter vergonha'", disse a chanceler em entrevista coletiva após a sessão da OEA.

"Como sabemos que (Almagro) não tem vergonha, sabemos que não vai renunciar, ele não tem princípios moraes, nem éticos", acrescentou a chanceler.

Ao ser perguntada se promoverá um processo de cassação de Almagro da Secretaria-Geral, Rodríguez evitou dar uma resposta concreta.

"O que acontece tem uma dimensão jurídica legal muito grande, a Venezuela tem acesso a todas as possibilidades de defesa que lhe correspondem, e não somente a Venezuela. Parece paradoxal que a Venezuela seja a que mais batalhou para que se respeitem as normas desta organização", disse.

Para destituir um secretário-geral da OEA é necessário que se convoque uma Assembleia Geral extraordinária, na qual 24 dos 34 chanceleres apoiem essa decisão.

O embaixador da Bolívia perante a OEA, Diego Pary, também pediu a renúncia de Almagro por estar "arrastando" a organização "a seu passado negro de intervenções golpistas" contra os países-membros.

O representante da Nicarágua, Luis Exequiel Alvarado Ramírez, disse que seu país "espera que o secretário-geral apresente em breve a renúncia".

A chanceler venezuelana se expressou em termos muito duros contra Almagro em seu discurso final na sessão da OEA, onde o secretário-geral tinha apresentado previamente seu crítico e extenso relatório sobre a crise social e política da Venezuela.

"Desconhecemos e rejeitamos esse desafio ideológico, jurídico e político de relatório que pretende explicar a real Venezuela, tem palavras de ordem ideológicas peligrosíssimas. Ele quer impor uma ideologia pseudofascista de desconhecimento dos governos dos Estados para dar passagem ao governo dos capitais, é uma concepção perigosa da privatização do poder público", disse Rodríguez.

Na entrevista coletiva da chanceler após a reunião, alguns ativistas opositores a interromperam aos gritos de: "Como pode dizer que não há crise humanitária na Venezuela?", o que Rodríguez tinha afirmado durante a sessão.

O Conselho Permanente extraordinário de hoje terminou sem que se chamasse a votação, de modo que o debate sobre a aplicação da Carta Democrática à Venezuela ficará aberto e no ar até que algum país membro decida retomá-lo.