EUA também sentem "Brexit", com quedas em Wall Street e dólar em alta
Alfonso Fernández.
Washington, 25 jun (EFE).- A economia dos Estados Unidos também está sentindo os efeitos da decisão do Reino Unido de sair da União Europeia (UE), com quedas abruptas dos indicadores em Wall Street e a preocupação de que a busca por um refúgio seguro por parte dos investidores pressione ainda mais o dólar rumo à valorização e encareça as exportações.
Apesar de não ter sofrido o mesmo baque dos mercados europeus, o Dow Jones Industrial, o principal indicador de Wall Street, registrou ontem uma importante queda de 3,39%, enquanto o seletivo S&P 500 fechou em 3,6% no negativo.
"Em resposta ao voto do Reino Unido para sair da União Europeia, os mercados de valores dos EUA se movimentaram mais do que fizeram em resposta a qualquer eleição presidencial nos últimos 60 anos", afirmou Justin Wolfers, professor de economia da Universidade de Michigan e pesquisador da Brookings Institution, em seu blog no jornal "The New York Times".
Para Wolfers, isto é uma prova de que a vitória do "Brexit", como ficou conhecida a saída britânica da UE, levará a "uma alteração econômica que terá ecos do outro lado do Atlântico".
Os investidores, já inquietos pela recente volatilidade financeira, se apressaram para sair dos mercados britânico e europeu em busca da segurança dos ativos americanos, especialmente os títulos do Tesouro com prazo de dez anos, cujo rendimento caiu após o "Brexit" para 1,419%, a taxa mais baixa desde 2012.
Esses movimentos também pressionaram o dólar rumo à valorização, gerando temores de que as exportações fiquem ainda mais caras e isso reduza a demanda global por produtos americanos.
Por isso, um dos indicadores que se mostrou mais sensível foi o dólar, que subiu 8% em relação à libra esterlina no fechamento da jornada de sexta-feira, com uma libra cotada a US$ 1,3673.
Durante a jornada, a divisa britânica chegou a valer US$ 1,3238, seu nível mais baixo desde 1985.
O canal financeiro e a taxa de câmbio parecem ser os principais mecanismos diante da incerteza acerca da saída do Reino Unido do bloco europeu.
"A desvalorização da libra esterlina vai continuar, o que vai gerar pressões inflacionárias", advertiu Adam Posem, diretor do centro de estudos Peterson Institute e ex-assessor do Banco da Inglaterra, em uma conferência.
Posem afirmou que o Banco da Inglaterra "vai estar dividido entre reduzir os juros, algo que normalmente faria para estimular o crescimento, mas não tem muita margem monetária atualmente, e elevá-los para controlar a inflação".
Mas os efeitos do "Brexit" nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, vão além do dia depois, e os mercados já indicavam na sexta-feira que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) não elevará as taxas de juros, como se previa anteriormente, na reunião de setembro e adiará o ajuste monetário para, pelo menos, até o final do ano.
Em sua reunião dos dias 14 e 15 de junho, o banco central americano mencionou as dúvidas sobre o resultado do referendo no Reino Unido como uma razão para deixar as taxas de juros de referência sem mudanças, na atual categoria de entre 0,25% e 0,50%.
Em seu comparecimento no Congresso no início desta semana, a presidente do Fed, Janet Yellen, insistiu que "um acontecimento que poderia mudar a confiança dos consumidores" era o referendo no Reino Unido.
"Um voto favorável à saída da União Europeia teria repercussões econômicas significativas", alertou então Yellen.
A apenas quatro ruas da sede do Fed, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, também se pronunciou e afirmou um dia antes do referendo que a vitória do "Brexit" teria "alguns efeitos" na economia dos Estados Unidos, mas "não causaria uma recessão".
Na sexta-feira, após o resultado da votação, Lagarde pediu às autoridades britânicas e europeias que "colaborarem conjuntamente para assegurar uma transição suave para uma nova relação econômica" e que "os procedimentos e objetivos gerais que guiarão o processo" sejam devidamente esclarecidos.
Washington, 25 jun (EFE).- A economia dos Estados Unidos também está sentindo os efeitos da decisão do Reino Unido de sair da União Europeia (UE), com quedas abruptas dos indicadores em Wall Street e a preocupação de que a busca por um refúgio seguro por parte dos investidores pressione ainda mais o dólar rumo à valorização e encareça as exportações.
Apesar de não ter sofrido o mesmo baque dos mercados europeus, o Dow Jones Industrial, o principal indicador de Wall Street, registrou ontem uma importante queda de 3,39%, enquanto o seletivo S&P 500 fechou em 3,6% no negativo.
"Em resposta ao voto do Reino Unido para sair da União Europeia, os mercados de valores dos EUA se movimentaram mais do que fizeram em resposta a qualquer eleição presidencial nos últimos 60 anos", afirmou Justin Wolfers, professor de economia da Universidade de Michigan e pesquisador da Brookings Institution, em seu blog no jornal "The New York Times".
Para Wolfers, isto é uma prova de que a vitória do "Brexit", como ficou conhecida a saída britânica da UE, levará a "uma alteração econômica que terá ecos do outro lado do Atlântico".
Os investidores, já inquietos pela recente volatilidade financeira, se apressaram para sair dos mercados britânico e europeu em busca da segurança dos ativos americanos, especialmente os títulos do Tesouro com prazo de dez anos, cujo rendimento caiu após o "Brexit" para 1,419%, a taxa mais baixa desde 2012.
Esses movimentos também pressionaram o dólar rumo à valorização, gerando temores de que as exportações fiquem ainda mais caras e isso reduza a demanda global por produtos americanos.
Por isso, um dos indicadores que se mostrou mais sensível foi o dólar, que subiu 8% em relação à libra esterlina no fechamento da jornada de sexta-feira, com uma libra cotada a US$ 1,3673.
Durante a jornada, a divisa britânica chegou a valer US$ 1,3238, seu nível mais baixo desde 1985.
O canal financeiro e a taxa de câmbio parecem ser os principais mecanismos diante da incerteza acerca da saída do Reino Unido do bloco europeu.
"A desvalorização da libra esterlina vai continuar, o que vai gerar pressões inflacionárias", advertiu Adam Posem, diretor do centro de estudos Peterson Institute e ex-assessor do Banco da Inglaterra, em uma conferência.
Posem afirmou que o Banco da Inglaterra "vai estar dividido entre reduzir os juros, algo que normalmente faria para estimular o crescimento, mas não tem muita margem monetária atualmente, e elevá-los para controlar a inflação".
Mas os efeitos do "Brexit" nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, vão além do dia depois, e os mercados já indicavam na sexta-feira que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) não elevará as taxas de juros, como se previa anteriormente, na reunião de setembro e adiará o ajuste monetário para, pelo menos, até o final do ano.
Em sua reunião dos dias 14 e 15 de junho, o banco central americano mencionou as dúvidas sobre o resultado do referendo no Reino Unido como uma razão para deixar as taxas de juros de referência sem mudanças, na atual categoria de entre 0,25% e 0,50%.
Em seu comparecimento no Congresso no início desta semana, a presidente do Fed, Janet Yellen, insistiu que "um acontecimento que poderia mudar a confiança dos consumidores" era o referendo no Reino Unido.
"Um voto favorável à saída da União Europeia teria repercussões econômicas significativas", alertou então Yellen.
A apenas quatro ruas da sede do Fed, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, também se pronunciou e afirmou um dia antes do referendo que a vitória do "Brexit" teria "alguns efeitos" na economia dos Estados Unidos, mas "não causaria uma recessão".
Na sexta-feira, após o resultado da votação, Lagarde pediu às autoridades britânicas e europeias que "colaborarem conjuntamente para assegurar uma transição suave para uma nova relação econômica" e que "os procedimentos e objetivos gerais que guiarão o processo" sejam devidamente esclarecidos.
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